Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Dom Samir Nassar,
Arcebispo maronita de Damasco
Já fazia mais de 2.000 anos, porém, que aquele texto era atual.
Ao longo dos últimos cinco, ele foi especialmente vivo não apenas
na Síria em que foi escrito, mas também no Iraque, na Líbia,
no Iêmen, na Venezuela, no Congo, na Somália, na Coreia do Norte, em Mianmar,
na Ucrânia…Em tantas partes do nosso planeta, muitas delas já esquecidas.
Eis o texto, tristemente atual, de Dom Samir Nassar,
arcebispo católico maronita de Damasco :
Neste
Natal, podemos dizer que a Síria é o lugar que mais se assemelha a um presépio :
um estábulo aberto, sem portas, frio e desamparado.
O
Menino Jesus tem muitos amigos na Síria : milhares de crianças que perderam
suas casas e estão vivendo em barracas, pobres como o estábulo em Belém.
Jesus
não está sozinho em sua miséria. Crianças da Síria, que foram abandonadas e
marcadas por cenas de violência, ainda prefeririam estar no lugar de Jesus :
com pais amorosos para cuidar delas e dar-lhes carinho. Esta amargura é
claramente visível aos olhos das crianças da Síria, em suas lágrimas e seu
silêncio.
Alguns
invejam o Menino Jesus, porque Ele encontrou um estábulo para nascer,
protegido, enquanto algumas destas crianças sírias infelizmente nascem sob
bombas caindo ou no caminho rumo ao êxodo.
E,
apesar de suas muitas lutas, Maria não estava sozinha, como muitas mães menos
afortunadas que vivem em extrema pobreza e assumem responsabilidades familiares
sem a ajuda de seus maridos. Mesmo a precariedade da manjedoura de Belém traria
consolo para aquelas mães esmagadas por problemas sem solução e por desespero.
A
presença reconfortante de José na Sagrada Família é uma fonte de inveja para as
milhares de famílias sem pai – uma privação que gera medo, ansiedade e
preocupação. Nossos desempregados invejam José, o carpinteiro, que é capaz de
sustentar a sua família.
Os
pastores, que com os seus rebanhos se aproximam da manjedoura, lembram os
muitos fazendeiros sírios que perderam 70% de seu gado nesta guerra.
A
vida nômade, que nesta terra bíblica remonta a Abraão e até mesmo a bem antes
dele, desaparece abruptamente, junto aos seus antigos costumes de hospitalidade
e cultura tradicional.
Os
animais dos pastores se compadecem diante do sofrimento dos seus semelhantes
sírios, que, devastados pela violência mortal, perambulam entre as ruínas e
alimentam-se dos cadáveres.
O
barulho infernal da guerra sufoca o ‘Glória’ dos anjos. Esta
sinfonia de Natal é obscurecida pelo ódio, pela divisão e pelas atrocidades.
Que
os três reis magos tragam à manjedoura da Síria os mais preciosos dons do
Natal : paz, perdão e reconciliação, para que a estrela de Belém possa mais uma
vez brilhar em meio à escuridão da noite.
Senhor,
escutai a nossa prece.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2018/12/24/as-criancas-da-guerra-invejam-o-estabulo-onde-jesus-nasceu/
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