‘O
Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a
Disciplina dos Sacramentos, recordou de maneira especial o sacerdote missionário que o incentivou a
entrar no seminário.
‘Em memória do Pe. Marcel Bracquemond,
missionário espiritano do povoado da minha infância que voltou para Deus ontem.
Sempre será o sacerdote que me propôs entrar no seminário menor. Desejo confiá-lo
às suas orações’...
Em
seu livro ‘Deus ou nada’, o Cardeal
Sarah conta como surgiu a sua vocação no povoado de Ourous, na Guiné, na
África.
‘Foi na Eucaristia diária que o padre Bracquemond,
descobrindo o meu grande desejo de conhecer a Deus e talvez impressionado com o
meu amor pela oração e a minha fidelidade à Missa diária, me perguntou se eu
queria entrar no seminário. Com a surpresa e a espontaneidade que caracterizam
as crianças, respondi que adoraria, embora não soubesse exatamente com o que
estava me comprometendo, porque nunca tinha saído do meu povoado nem conhecia
como era a vida em um seminário’.
O
Cardeal conta que o sacerdote, falecido aos 93 anos no dia 28 de novembro,
explicou que o seminário ‘era uma casa
sustentada pela oração e pelo amor de toda a Igreja. Este lugar, disse-me, nos prepararia
para ser sacerdotes assim como ele. Com esta pequena explicação, a alegria de
tornar-me sacerdote algum dia encheu ainda mais o meu coração de admiração e
‘loucura’’.
Quando
Robert Sarah, com apenas 11 anos, conversou com os seus pais Alexandre e
Claire, que o sacerdote conhecia bem, nenhum dos dois acreditaram nele e
decidiram conversar com o padre Bracquemond para perguntá-lo.
‘Minha mãe, abrindo os olhos, me disse que
havia perdido a cabeça ou que não havia entendido o que o sacerdote me disse.
Para ela e para os habitantes do povoado, todos os sacerdotes eram
necessariamente brancos. De fato, ela achava impossível que um negro pudesse
ser sacerdote! Por isso, era óbvio que havia interpretado mal as palavras do padre
Marcel Bracquemond’.
O
Cardeal comenta no livro que o sacerdote ‘confirmou
aos seus pais que isso não era mentira, que foi ele quem tinha me sugerido a
ideia : ser sacerdote, não sem antes entrar no seminário menor para me formar!
Meus pais ficaram impressionados’.
‘Eu tinha apenas onze anos e tinha acabado de
terminar o ensino fundamental. Naquela época, os seminaristas guineenses tinham
que estudar na Costa do Marfim. Eu estava entusiasmado, feliz, orgulhoso e não
sabia nada de como seria a vida no seminário de Santo Agostinho de Bingerville’,
escreve o Cardeal.
Robert
Sarah nasceu em 15 de junho de 1945, na cidade de Ourous, na Guiné Francesa. Em
1957, aos 12 anos, entrou no Seminário Menor de Santo Agostinho, em
Bingerville, na Costa do Marfim, onde estudou durante três anos.
Como
em 1960 as relações entre a recém-independente Guiné e a Costa do Marfim
ficaram tensas, ele voltou a estudar em Conakri, na Guiné, no Seminário de
Dixinn, até que o governo expropriou as propriedades da Igreja em agosto de
1961.
Depois
de estudar por um curto tempo em sua casa, a Igreja procurou um lugar para
Robert Sarah e outros seminaristas em uma escola pública em Kindia, em março de
1962. Após algumas negociações, conseguiram abrir um seminário, onde Sarah
obteve seu bacharelado em 1964.
Em
setembro daquele ano, foi enviado ao Seminário Maior de Nancy, na França. E
novamente, devido às relações tensas, desta vez entre Guiné e França, Sarah
teve que interromper a sua formação. Continuou os seus estudos de Teologia em
Sébikotane, Senegal, onde estudou entre outubro de 1967 e junho de 1969.
Foi
ordenado sacerdote em 20 de julho de 1969, aos 24 anos. Foi nomeado Arcebispo
de Conakri em 13 de agosto de 1979, com apenas 34 anos. Recebeu a ordenação
episcopal em 8 de dezembro do mesmo ano.
Em
1º de outubro de 2001, São João Paulo II o nomeou Secretário da Congregação
para a Evangelização dos Povos. Em 7 de outubro de 2010, foi nomeado Presidente
do Pontifício Conselho ‘Cor Unum’. Um
mês depois, o Papa Bento XVI o criou Cardeal.
Em
23 de novembro de 2014, foi nomeado Prefeito da Congregação para o Culto Divino
e a Disciplina dos Sacramentos.
O
Cardeal Sarah é um dos purpurados mais importantes da África e da Igreja
universal. Ele é grande defensor da liturgia, do direito à vida, da família e
da liberdade religiosa.
Criticou
a ideologia de gênero, uma abordagem que considera que o sexo é uma construção
sociocultural em vez de ser algo natural.
Participou
do último Sínodo dos Bispos sobre os Jovens por ser chefe de
Dicastério da Cúria do Vaticano, onde assinalou que ‘diluir’ a doutrina moral católica no campo da sexualidade não
atrairá os jovens.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://www.acidigital.com/noticias/cardeal-africano-recorda-missionario-falecido-que-o-incentivou-a-entrar-no-seminario-84748
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