Zélia Guerin e Luis Martin |
‘Quase
todos os dias ouvimos falar que a família está em crise, perdeu o seu rumo, e
que os pais hoje em dia não sabem educar, que os jovens não querem mais ficar
em casa e preferem viver longe dos pais
e, dizem os psicólogos e a mesma Igreja, que os jovens, vendo as brigas super
violentas dos pais, preferem nem se casar. Se diz ainda que o número dos
divórcios aumenta cada vez mais e que o matrimonio não é estável, mas passageiro. O que importa
é a convivência e a felicidade pessoal e momentânea... E ainda há quem diga com
fundamento que a causa do número dos jovens que pegam o caminho da droga e não
raramente o caminho do suicídio seja a desestabilização da família, como
primeiro centro educacional sério e evangelizador. E a ladainha pode continuar e
dizer por ex. que os jovens preferem ‘as
diversões sexuais e afetivas’, mas sem uma ligação consagrada nem de Deus e nem da lei. E se por
acaso, por descuido, aparecer uma gravidez, não há problema, o aborto é
solução. Por aí vai.
Que
a Igreja esteja preocupada com esta situação é comprovado pelo sínodo da
família que se pensava que uma simples sessão fosse necessária e o Papa
Francisco e os participantes se viram obrigados a prolongá-lo com uma outra
sessão e pode ser que nem baste... Há sobre a mesa problemas grandes e graves
que vão da homossexualidade às segundas núpcias, ao matrimônio de fato ou
matrimônio ‘aparente, de fachada’.
Pais e mães não são mais tão importantes, se pode comprar um pai e mãe de
aluguel e tudo está resolvido. Poderíamos continuar no que se diz até escrever
um livro, mas a que serve fazer análises se não se encontra a solução e o meio
certo?
A
Igreja nos oferece uma solução e um remédio eficaz através da canonização dos pais de Santa Teresinha, Zélia Guerin e Luis Martin. Um matrimônio que ao longo da vida
conjugal viveu situações difíceis, mas que à luz da fé soube enfrentá-las
corajosamente. Há mulheres santas e há maridos ateus, como casos na história da
santidade, como por exemplo o pai de Santo Agostinho, que se chamava Patrício,
era ateu e Monica, a santa que com sua oração conseguiu converter um pouco o
marido, mas totalmente o filho
Agostinho, que tinha um péssimo
caminho. Há casos de marido santo e mulher não santa.
Aqui
temos um caso especial, os pais, quer dizer marido e mulher, que serão declarados pela Igreja santos. Não uma
santidade ‘honoris causa.’ Mas sim
uma santidade concreta, real. É interessante o livro ‘A história de uma família’, que conta a vida da família Martin,
provada pelas mortes de recém nascidos, pela doença de Zélia, pela pobreza,
vendo um pouco os negócios irem à falência, pelos desentendimentos com os parentes... E os dois, unidos na fé,
na esperança e no amor. Dois caracteres totalmente diferentes e entre eles uma
certa diferença de idade.
Os
dois vinham de uma desilusão de vida religiosa. Sabemos que Luis Martin, homem
reflexivo e um pouco solitário, quem sabe também um pouco depressivo, queria
ser monge, mas não sabendo latim, foi enviado de volta para casa. O seu mesmo
trabalho de relojoeiro o levava a passar tempo sozinho. Zélia, uma jovem boa,
empreendedora, mas que sentia no seu
coração o desejo da vida religiosa
e sem saber o porque foi recusada. Os dois não sabiam que rumo tomar. A
mãe de Luis Martin, preocupada pela idade do filho, que beirava os 37 anos,
arrumou o encontro entre os dois, noivado rápido, nem três meses, e ei-los
casados à meia noite do 13 de julho de 1858.
Um
Luis Martin que não quer filhos e quer viver a castidade, e uma Zélia que não
quer filhos, mas o confessor santo que diz ‘matrimônio
é feito para ter filhos’, e vão ter nove. Uma bela história de oração, de
sacrifício, unidos na oração, no fazer o bem, preocupados com a educação das
filhas.
Hoje
é necessário ‘recriar’ famílias que
saibam colocar ao centro da vida Deus e os filhos, e não o dinheiro e nem a
promoção social, nem o bem estar econômico. O amor não é feito de jóias e nem
de viagens, é feito de dom de si mesmo que gera a vida. Escrevi um livro sobre
os pais de santa Teresinha com a editora Canção Nova, onde dizia que os pais de
Santa Teresinha são pais normais, feitos de alegria e de tristeza e são
imitáveis para as famílias normais. Nada de excepcional a não ser o amor vivido
respeitando o caminho dos filhos. A História de uma Alma, autobiografia de
Santa Teresinha, é o melhor testemunho do processo de canonização dos pais
desta Santa. Espiritualidade familiar não é idéia, é vida. Todos os problemas
da família têm uma única solução : crer no amor. Posso estar errado, mas isto é
o que vejo na família de Jesus e de Zélia e Luis Martin.’
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/os-pais-de-santa-teresinha-modelos-para-todos-os-pais
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