Era do
mosteiro de Santo André, em Roma, quando foi enviado por São Gregório Magno, em
597, à Inglaterra, para pregar o evangelho. Foi bem recebido e ajudado pelo rei
Etelberto. Eleito bispo de Cantuária, converteu muitos à fé cristã e fundou
várias Igrejas, principalmente no reino de Kent. Morreu a 26 de maio, cerca do
ano 605.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de
Santo Agostinho de Cantuária, Bispo :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Das Cartas
de São Gregório Magno, papa
(Lib. 9,36: MGH, 1899, Epistolae, 2, 305-306) (Séc. VI)
A nação
dos anglos foi iluminada pela luz da santa fé
Glória
a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados (Lc 2,14), porque Cristo, o grão de trigo, caiu na terra e morreu para
não reinar sozinho no céu. Por sua morte nós vivemos, por sua fraqueza nos
fortalecemos, por sua paixão nos libertamos da nossa. Por seu amor, procuramos
na Grã-Bretanha irmãos que desconhecíamos; por sua bondade, encontramos aqueles
que procurávamos sem conhecer.
Quem será capaz de expressar a enorme alegria que encheu o coração de
todos os fiéis, pelo fato de a nação dos anglos, repelindo as trevas do erro,
ter sido iluminada pela luz da santa fé? É à ação da graça de Deus
todo-poderoso e ao teu ministério, irmão, que devemos isto. Agora com grande fidelidade
de espírito calcam aos pés os ídolos que antes adoravam com insensato temor;
com pureza de coração, já se prosternam diante de Deus todo-poderoso;
obedecendo às normas da santa pregação, abandonam as obras do pecado e aceitam
de boa mente os mandamentos de Deus para chegarem a compreende-lo melhor;
inclinam-se profundamente em oração para que o espírito não fique preso à
terra. De quem é esta obra? É daquele que disse : Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho (Jo 5,17).
Cristo, para mostrar que o mundo não se converte com a sabedoria dos
homens mas com o seu poder, escolheu como seus pregadores, para enviar ao
mundo, homens iletrados. O mesmo fez também agora com a nação dos anglos, pois
se dignou realizar prodígios por meio de fracos instrumentos. Mas nesta graça celestial,
irmão caríssimo, há muito para nos alegrarmos e também muito para temermos.
Bem sei que o Deus todo-poderoso realizou grandes milagres por meio do
teu amor para com esse povo que ele quis escolher. Mas esta graça do céu deve
ser para ti causa de alegria e de temor. De alegria, sem dúvida, por veres como
as almas dos anglos são conduzidas, por meio dos milagres exteriores até à graça
interior; e de temor para que à vista dos milagres que se realizam, tua
fraqueza não se exalte até à presunção, e enquanto exteriormente és honrado,
não caias interiormente na vanglória.
Devemos lembrar-nos de que os discípulos, ao voltarem da pregação cheios
de alegria, quando disseram ao divino mestre : Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome (Lc
10,17), ouviram como resposta : Não vos
alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos
nomes estão escritos no céu (Lc 10,2)).
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas II’, 1596, 1597
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