Missionários da África (Padres Brancos),
assassinados em 27.12.1994,
* Artigo de Ir. Giovanni Maria Bigotto
Jean
Chevillard
Nasceu em Angers (França) no
dia 27 de agosto de 1925. Os estudos terminados, entra nos Padres Brancos. É a
guerra. Aos 16 anos, consegue chegar à África do Norte. Aí fará seu juramento missionário,
em 29 de junho de 1949 e será ordenado padre em 1 de fevereiro de 1950, em Cartago. Nomeado para a
Argélia, lá passará quase toda a vida : responsável pelos centros de formação,
Superior Regional, Ecônomo Regional. É assassinado no seu dia de festa, 27 de
dezembro de 1994, em Tizi-Ouzou. Estava à sua mesa secretária, recebia as
pessoas, registrava as informações e fazia o correio. Por volta do meio dia, foi
arrancado por quatro homens armados. O Padre Pierre Georgin, Superior Regional,
dizia :
✤“Este sério homem de dever, eu tornei a
achá-lo nele mesmo num grau que chegava ao heroísmo.”
Nas montanhas cabilas, quando
a violência sobe em toda a Argélia, Jean sabe que se encontra exposto :
✤“Eu sei que posso morrer assassinado. Nossa
vocação é de testemunhar a fé cristã em terra muçulmana. Quanto ao mais, Inch’Allah.!”
Uma de suas irmãs perguntava-lhe,
em setembro de 1994 :
“Porque voltas para lá? Ele
respondia:
✤“Volto para lá, para testemunhar. Lá é a
minha casa, junto de meus amigos berberes.Sobretudo se morrer, quero ser
enterrado lá.»
Alain
Dieulangard
Nasceu no dia 21 de maio de 1919
em St. Brieuc (França). Segue os estudos de direito, que termina em 1943.
Neste mesmo ano é admitido nos
Padres Brancos. Faz seu juramento em Thibar, a 29 de junho de 1949, e é ordenado padre
em 1 de fevereiro de 1950. Nomeado para a Argélia, lá passa toda a sua vida missionária,
sobretudo na Kabylia, trabalhando na administração e no ensino. Homem de Deus, buscando o
absoluto.
✤ “Quando o Padre Alain começa a me falar de Deus, lembro-me que
fecha os olhos, se recorda de Amar, e com doçura, solta as suas palavras em voz
baixa, que me é preciso esticar a orelha : é preciso amar a Deus nosso Pai,
nosso refúgio, nossa vida, amando também nossos irmãos no Senhor Jesus Cristo;
é o que ele nos repete sem cessar.”
Antes da sua morte, ele
escreve :
✤ “Como os apóstolos no lago, nós não temos senão que gritar para o
Senhor, a fim de o acordar… O futuro está nas mãos de Deus.” Foi assassinado no pátio da missão, no dia 27 de
dezembro de 1994.
Charles
Deckers
Nasceu em Antuérpia (Bélgica),
no dia 26 de dezembro de 1924. No fim dos estudos, ingressou na Congregasão dos
Padres Brancos. Fará seu juramento em 21 de julho de 1949 e será ordenado padre em
8 de abril de 1949. Estuda o árabe em Tunis. Em 1955, em Tizi-Ouzou aprende o berbere e fica
responsável por um lar de jovens. Durante três anos animou em Bruxelas, o
Centro El Kalima, um centro de documentação e de diálogo entre cristãos e imigrados
muçulmanos. Em 1928, vai ao Iêmen, mas volta em 1987 para a Argélia, como pároco
de Nossa Senhora da África. Muito estimado pelos Kabilas, por ocasião das celebrações
em janeiro de 2005, o nome dele vem muitas vezes nos testemunhos :
✤“Conheci o Padre Deckers, lembra um, e guardo na memória a imagem deste semeador de esperança aos
mais desesperados: com esta serenidade que emana só dos santos”.
É consciente dos perigos que
corre :
✤“Eu sei que minhas actividades são perigosas
para a minha vida. Aqui está a minha vocação, fico. Nossa Senhora d´África fica
à mercê de um ato insensato. Na Diocese, pensamos que a manutenção da presença
da Igreja é importante, tanto para a própria Igreja como para o país”.
No dia 27 de dezembro de 1994,
vai pela estrada para a festa do amigo Jean Chevillard. Alguns minutos após a chegada,
é morto no pátio da missão.
Christian
Chessel
Nasceu em Digne (França), a 27
de outubro de 1958. Depois de obter o diploma de engenheiro em 1981, faz dois anos
de cooperação na Costa de Marfim, e em 1985 entra nos Padres Brancos. É em
Roma, estranha coincidência, que Christian faz seu juramento missionário, em 26 de novembro de 1991,
com a mão posta sobre umas folhas do evangelho de São João em língua árabe, achadas
nos restos mortais do Padre Richard assassinado no Sahara em 1881. É ordenado
padre, em 28 de junho de 1992. De volta a Tizi-Ouzou, prepara o projeto duma
biblioteca para estudantes.
Uma jovem argelina, Zakia, escreverá
após a morte do padre :
✤“aos pais do nosso jovem Padre Christian...
direi : sabei que nestes últimos dias, Christian era muito feliz.. podia ter
posto em andamento o projeto tão caro ao seu coração, construir uma biblioteca
destinada a todos os jovens de Tizi-Ouzou.”
No início de novembro de 1994,
Christian vai para o mosteiro de Tibhirine, a fim de reentrar no grupo
Ribât-es-Salam (Lugar da Paz). Escreveu :
✤“Sinto necessidade de equilibrar (minha vida)
por uma dimensão mais espiritual e algo mais simples e vivido”.
Uma rajada de tiros põe fim à sua
vida, no dia 27 de dezembro de 1994, no pátio de Tizi-Ouzou.
Cardeal Charles Lavigerie |
Os Missionários da África
(Padres Brancos)
Um Instituto
missionário fundado
na Argélia com uma paixão pela África
Formado de 1770 irmãos e
padres da África, da América, da Ásia e da Europa. 640 estão na África a
serviço das igrejas locais : paróquias, instituições de formação e de animação.
Um engajamento constante : a primeira evangelização. Uma presença importante nos
países africanos mais islamizados. Um engajamento para a justiça, a paz, a
reconciliação e o diálogo inter-religioso : Herança do fundador.
Uma vida em comunidades
internacionais, fundadas na partilha da ajuda mútua.
Atitudes de Apóstolo
segundo o fundador
“Sede apóstolos, não outra
coisa ou pelo menos nada sejais senão nessa finalidade.” Ser tudo para todos
“pela linguagem antes de mais, pela vestimenta, pela nutrição.” Um primeiro
passo para a inculturação. Cristianizar a África, não europeizá-la; importância
da tolerância e do respeito pelos outros. “Visum pro matyrio” : “É com efeito,
meus bem-amados Filhos, a provação que vos espera a todos.”
O Cardeal Charles
Lavigerie (1825-1892)
Fundador dos Missionários da
África (Padres Brancos) e da Irmãs Brancas.
Arcebispo de Argel, de
Cartago e primaz da África.
Um zelo para revirar as
fronteiras.
Um combate : defender os
direitos e a liberdade do homem.
Uma preocupação : reconciliar
a Igreja com o seu tempo e preparar o futuro.
Uma voz grossa, um coração
de ouro e uma extraordinária capacidade de se interessar por tudo.
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Site dos Missionários da África (Padres Brancos) :
Abordagem sobre os Padres Brancos mortos na
Argélia, em 1994, e os atuais, em Tizi-Ouzou :
Fonte
:
* Bigotto, Irmão Giovanni Maria,
postulador marista das causas dos santos, livreto ‘O Sangue do Amor, Os
Mártires da Argélia 1994-1996’, 2006.
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