* Artigo de Fernando Domingues,
Missionário Comboniano
‘Eram mais de 70 as missionárias e
missionários que participaram na semana de exercícios espirituais em Leiria. Já
o número foi uma agradável surpresa. Depois fez-me pensar também o facto de
estarmos ali pessoas leigas, irmãs, sacerdotes, gente com uma grande variedade
de experiências de vida... diferenças também no que diz respeito à idade, havia
umas dezenas boas de anos entre jovens noviços e missionários já velhinhos.
Quanto à diferença de níveis de santidade... Bem, isso só Deus sabe.
O certo é que éramos gente com
diferenças notáveis entre uns e outros. Por isso o ambiente de amizade e de
confiança recíproca que se criou foi algo de muito bonito, e permitiu-nos ter
momentos de oração partilhada com grande abertura de coração e grande intensidade.
Tínhamos em comum o nosso ideal comboniano e o desejo profundo de passar uns
dias bons em oração à escuta do Senhor e a refrescar o nosso espírito
missionário. Os textos do Papa Francisco que lemos e meditamos juntos vieram
ajudar-nos a viver a nossa fé com aquela alegria que Deus dá a quem trabalha
para sintonizar a vida com o Evangelho e com as irmãs e os irmãos que Deus nos
colocou por perto.
Ao fim de cinco dias de retiro,
estávamos todos com as baterias bem carregadas.
Além do facto que todos somos
simpáticos e gostamos de ser agradecidos pelo bem que fazemos uns aos outros,
impressionou-me a expressão que alguém usou para agradecer : «Este retiro foi
encomendado para mim.» Outras pessoas em situação bem diferente usaram palavras
semelhantes : «Era mesmo disto que eu estava a precisar.» Vínhamos todos de
«viagens diferentes» em «desertos diferentes», de onde vinha aquela sintonia?
Simples : a fonte onde fomos beber todos, o Evangelho de Jesus e a nossa comum
vocação missionária, tinham a «água certa» para cada um que lá se chegava.
O Papa Francisco falou um dia destes do
Coração trespassado de Cristo que é, diz ele, como um cântaro
furado de todos os
lados; cada um pode beber ao buraco que vê mais perto, mas a «água viva» que de
lá sai é sempre a mesma e é capaz de saciar sempre a nossa sede, seja ela qual
for.
Lembro uma experiência muito semelhante
quando há muitos anos cheguei à minha missão na África : a primeira vez que num
domingo fui celebrar a Santa Missa com a parte do «rebanho» que me era
confiado, celebrei e rezei com aquela gente e senti-me como se fôssemos família
já há muito tempo; sentia-se uma unidade entre nós que era difícil de explicar.
Ao olhar para trás agora, algo me sugere que se trata sempre do mesmo mistério :
não é eliminando as nossas diferenças
que realizamos a unidade, o que é preciso é caminhar juntos bebendo todos na
mesma fonte.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
de http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EFAAFlkAAEPfQgvLuG
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