Foi
escolhido para completar o grupo dos Doze, em substituição de Judas, para ser,
como os outros Apóstolos, testemunha da ressurreição do Senhor, como se lê nos
Atos dos Apóstolos (1,15-26).
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de São Matias, Apóstolo :
Ofício das Leituras
Segunda leitura
Das Homilias
sobre os Atos dos Apóstolos, de São João Crisóstomo, bispo
(Hom. 3,1.2.3: PG 60,33-36.38) (Séc.IV)
Mostra-nos, Senhor, quem escolheste
Naqueles
dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos e disse (At 1,15). Pedro, a quem
Cristo tinha confiado o rebanho, movido pelo fervor do seu zelo e porque era o
primeiro do grupo apostólico, foi o primeiro a tomar a palavra : Irmãos, é
preciso escolher dentre nós (cf. At 1,22). Ouve a opinião de todos, a fim de
que o escolhido seja bem aceito, evitando a inveja que poderia surgir. Pois,
estas coisas, com frequência, são origem de grandes males.
Mas Pedro
não tinha autoridade para escolher por si só? É claro que tinha. Mas
absteve-se, para não demonstrar favoritismo. Além disso, ainda não tinha
recebido o Espírito Santo. Então eles apresentaram dois homens : José, chamado
Barsabás, que tinha o apelido de Justo, e Matias (At 1,23). Não foi Pedro que
os apresentou, mas todos. O que ele fez foi aconselhar esta eleição, mostrando
que a iniciativa não era sua, mas fora anteriormente anunciada pela profecia.
Sua intervenção nesse caso foi interpretar a profecia e não impor um preceito.
E continua :
É preciso dentre os homens que nos acompanharam (cf. At 1,21-22). Repara como
se empenha em que tenham sido testemunhas oculares; embora o Espírito Santo
devesse ainda vir sobre eles, dá a isso grande importância.
Dentre os
homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus vivia no
meio de nós, a começar pelo batismo de João (At 1,21-22). Refere-se àqueles que
conviveram com Jesus, e não aos que eram apenas discípulos.De fato, eram muitos
os que o seguiam desde o princípio. Vê como diz o evangelho : Era um dos dois
que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus (Jo 1,40). Durante todo o
tempo em que o Senhor Jesus vivia no meio de nós, a começar pelo batismo de
João. Com razão assinala este ponto de partida, já que ninguém conhecia por
experiência o que antes se passara, mas foram ensinados pelo Espírito Santo.
Até ao dia
em que foi elevado ao céu. Agora, é preciso que um deles se junte a nós para
ser testemunha da sua ressurreição (At 1,22). Não disse : ‘testemunha de tudo o mais’, porém, testemunha de sua ressurreição.
Na verdade, seria mais digno de fé quem pudesse testemunhar: ‘Aquele que vimos comer e beber e que foi
crucificado, foi esse que ressuscitou’. Não interessava ser testemunha do
tempo anterior nem do seguinte nem dos milagres, mas simplesmente da
ressurreição. Porque todos os outros fatos eram manifestos e públicos; só a
ressurreição tinha acontecido secretamente e só eles a conheciam.
E rezaram
juntos, dizendo : Senhor, tu conheces o coração de todos. Mostra-nos (At 1,24).
Tu, nós não. Com acerto o invocam como aquele que conhece os corações, pois a
eleição deveria ser feita por ele e não por mais ninguém. Assim falavam com
toda a confiança, porque a eleição era absolutamente necessária. Não disseram :
‘Escolhe’, mas : Mostra-nos quem
escolheste (At 1,24). Bem sabiam que tudo está predestinado por Deus. Então tiraram a sorte entre os dois (At
1,26). Ainda não se julgavam dignos de fazer por si mesmos a eleição; por isso,
desejaram ser esclarecidos por algum sinal.
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas II’, 1579, 1580
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