Nasceu no
território do mosteiro beneditino de Wearmouth (Inglaterra), em 673; foi
educado por São Bento Biscop e ingressou no referido mosteiro, onde recebeu a ordenação
de presbítero. Desempenhou o seu ministério dedicando-se ao ensino e à
atividade literária. Escreveu obras de cunho teológico e histórico, seguindo a tradição
dos Santos Padres e explicando a Sagrada Escritura. Morreu em 735.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de São Beda, o Venerável,
Presbítero e
Doutor da Igreja :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Da Carta de
Cutberto sobre a morte de São Beda, o Venerável
(Nn. 4-6 : PL 90, 64-66) (Séc.VIII)
Desejo de ver a Cristo
Ao chegar a terça-feira antes da Ascensão o Senhor, Beda começou a
respirar com mais dificuldade e apareceu um pequeno tumor em seu pé. Mas,
durante todo aquele dia, ensinou e ditou as suas lições com boa disposição. A
certa altura, entre outras coisas, disse : ‘Aprendei
depressa; não sei por quanto tempo ainda viverei e se dentro em breve o meu
Criador virá me buscar’. Parecia-nos que ele sabia perfeitamente quando
iria morrer; tanto assim que passou a noite acordado e em ação e graças.
Raiando a manhã, isto é, na quarta-feira, ordenou que escrevêssemos com
diligencia lição começada; assim fizemos até às nove horas A partir desta hora,
fizemos a procissão com as relíquias dos santos, como mandava o costume do dia.
Um de nós, porém, ficou com ele, e disse-lhe : ‘Querido mestre, ainda falta um capítulo do livro que estavas ditando; Seria difícil pedir-te para continuar?’ Ele
respondeu : ‘Não, não custa nada; toma a
tua pena e tinta, e escreve sem demora’. E assim fez o discípulo.
Às três horas da tarde, disse-me : ‘Tenho
em meu pequeno baú algumas coisas de estimação : pimenta, lenços e incenso. Vai
depressa chamar os presbíteros do nosso mosteiro para que distribua entre eles
os presentinhos que Deus me deu’’. Quando todos chegaram, falou-lhes,
exortando a cada um e pedindo-lhes que celebrassem missas por ele e rezassem
por sua alma; o que lhe prometeram de boa vontade.
Todos choravam e lamentavam, principalmente por lhe ouvirem manifestar a
persuasão de que não veriam mais por muito tempo o seu rosto neste mundo. No
entanto, alegraram-se quando lhes disse : ‘Chegou
o tempo, se assim aprouver a meu Criador, de voltar para aquele que me deu a
vida, me criou e me formou do nada quando eu não existia. Vivi muito tempo, e o
misericordioso Juiz teve especial cuidado com a minha vida. Aproxima-se o
momento de minha partida (2Tm 4,6), pois tenho o desejo de partir para estar
com Cristo (Fl 1,23). Na verdade, minha alma deseja ver a Cristo, meu rei, na
sua glória’’. E disse muitas outras coisas, para nossa edificação, conservando
a sua alegria de sempre até à noitinha.
O jovem Wilberto, já mencionado, disse : ‘Querido mestre, ainda me falta escrever uma só frase’. Respondeu
ele : ‘Escreve depressa ’. Pouco
depois disse o jovem : ‘Agora a frase
está terminada ’. ‘Disseste bem, - continuou Beda – tudo está consumado (Jo 19,30). Agora,
segura-me a cabeça com tuas mãos, porque me dá muita alegria sentar-me voltado
para o lugar santo, onde costumava rezar; assim também agora, sentado, quero
invocar meu Pai’.
E colocado no chão de sua cela, cantou : ‘Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo’. Ao dizer o nome do Espírito Santo, exalou o
último suspiro. Pela grande devoção com que se consagrou aos louvores de Deus
na terra, bem devemos crer que partiu para a felicidade das alegrias do céu.
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas II’, 1587, 1588
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