Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Padre Geovane Saraiva,
jornalista, colunista e pároco
de Santo Afonso de Fortaleza, CE
A morte desumana, com sua origem
no Oriente, foi colocada em prática no Império Romano como a mais brutal e
cruel de todas, sobretudo a de escravos, voltando-se e tendo sua convergência
no ‘Filho do Homem’, em toda a sua concretude. Todas as pessoas que atestaram,
e deram testemunho da história da salvação em Jesus de Nazaré, deram e dão
importância ao cumprimento das palavras do Livro Sagrado : ‘Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste? Salva-me, ó Deus, porque as águas vão me submergir’ (Sl
22; 69). Percebe-se que a salvação prometida por Deus, no Filho, vai até os
pormenores da frieza e indiferença : o oferecimento de vinagre, a divisão das
vestes, os espectadores zombando e balançando a cabeça.
Convém considerar a expressão do
Nosso Senhor Jesus Cristo, ‘Tenho sede’, no sentido da mais elevada
abrangência, que nos ajuda a pensar no Gólgota humano, como aquele lugar do
crânio ou caveira, de muita angústia, tristeza, desolação e desespero, lugar
esse visível e perceptível, dia após dia, da existência de muita gente, mesmo
em companheiros de caminhada. É Jesus de Nazaré, o mesmo da fé por nós
professada, que quer penetrar no mais profundo do nosso ser, na mesma atmosfera
ou contexto, o qual foi submetido de modo extranatural ou admiravelmente
insondável, com a cortina rasgada de cima a baixo, ao responder ao desejo e
aspiração do nosso Cristo e Senhor, radicalmente humano, no ‘Tenho sede’.
Que possamos perceber a dor, o
desolamento e a angústia do irmão, nos nossos dias, com menos sede e mais fome,
encontrando os seguidores de Jesus de Nazaré, seu ápice nos seus passos, Mestre
e Senhor da história e da vida, indo muito além do véu rasgado do templo.
Rasgar o véu e matar a sede, sim, de cima a baixo, o véu malévolo, imprestável,
improfícuo da fome e sede de justiça, no esforço persistente de não nos
desviarmos da promessa da feliz e afável esperança, longe da angústia, da
desolação e do desespero.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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