Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Vanderlei de Lima,
eremita na Diocese de Amparo,
BA
‘A palavra oblato, em
quaisquer modalidades que apareça no decorrer da história monástica, vem do
latim oblatus e significa ‘oferecido’ ou ‘ofertado’.
É secular, se vive no mundo, ou regular, se mora no
mosteiro.
Escreve a propósito, Dom Filipe
da Silva, OSB, Abade do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro (RJ), que ‘o
vocábulo oblação aparece 63 vezes na Sagrada Escritura. Expressões sinônimas,
como oferenda (19), oferta (98), entrega (13), sacrifício (247), totalizam 440
vezes. Esta grande incidência revela que a mesma teve uma presença viva na
história sagrada, atingindo seu ponto alto na [oferta] realizada por Jesus’
(Oblação : oferta a Deus e aos irmãos Oblação : oferta a Deus e aos
irmãos, 2012, p. 92).
Sentido
A explicação oferecida por Dom
Filipe sobre o assunto é importante e merece ser aqui resumida, pois, a nosso
ver, expressa bem o sentido bíblico-teológico da oblação. Com efeito, começa
demonstrando que, já no Antigo Testamento, eram oferecidos ao Senhor animais,
frutos ou bens da terra com a intenção de louvá-Lo, agradecer-Lhe ou pedir-Lhe
perdão pelos pecados cometidos.
Nesses sacrifícios, destaca-se
o uso do sangue de animais derramados em locais apropriados, especialmente nos
casos de pedidos de perdão ou de expiação pelos pecados do homem que, não
podendo derramar seu próprio sangue – Deus a ninguém permite tirar a própria
vida ou a de outrem –, fazia sua oblação pelo sangue de um bicho a fim de
demonstrar arrependimento e, desse modo, unir-se, novamente, ao Senhor. No
entanto, tais sacrifícios eram precários, imperfeitos e, por isso mesmo,
incapazes de tirar o ser humano do pecado (cf. Am 5,21-27). Afinal, como
poderia o sangue de animais irracionais, inferiores ao ser humano e
inconscientes do pecado, obter a pureza da consciência humana?
Sacrifício de Cristo
É por essa razão que Deus, na ‘plenitude
dos tempos’ (Gl 4,4), enviou seu Filho para que oferecesse o seu próprio
corpo e sangue em nome de toda a humanidade a fim de redimi-la do pecado e
abrir-lhe as portas do céu. Nesse sacrifício já não são mais seres irracionais
as ofertas, mas o próprio Cordeiro sem defeitos que se oferece, ou seja, o
Filho mesmo de Deus, Jesus Cristo (cf. 1Pd 1,18-19).
Pode-se dizer, todavia, que o
sacrifício de Cristo na Cruz foi o coroamento de suas oblações anteriores em
uma vida toda ofertada ao Pai pela salvação do mundo (o nascimento em Belém, a
fuga para o Egito, o trabalho em Nazaré, a pregação, os milagres etc.) a fim de
reparar pela obediência a desobediência de Adão (ver : Estêvão Bettencourt,
OSB, Curso de Iniciação Teológica. Rio de Janeiro : Mater
Ecclesiae, 2013, p. 152-158).
Oração
Mais : dentre as oblações de
Nosso Senhor destaca-se a oração, pois é nesses momentos que aparece o homem
unido ao Pai a fim de nutrir-se das forças d’Ele e, assim, oferecer-se aos
irmãos. Os Evangelhos nos atestam o quanto Jesus rezava (cf. 6,12; 9,28;
22,41-44), mesmo de madrugada (cf. Mc 1,35; 6,46; Lc 5,16), assim como ensinou
os próprios discípulos a rezarem (cf. Lc 11,1) e recomendou o ideal da oração
contínua (cf. Lc 18,1) e também recolhida em nossa profundidade interior, onde
se dá o verdadeiro encontro com Deus em favor dos irmãos (cf. Mt 6,6), conforme
Ele mesmo nos oferece o exemplo.
Portanto, o (a) oblato(a) imita
a Cristo que se doou ao Pai por nós. É ele o modelo primeiro de oferta a Deus e
aos irmãos e deve, na oblação, imitá-Lo, não deixando que nada, absolutamente
nada, se anteponha ao amor de Cristo (cf. Regra de S. Bento 58,7;
4,21) para com o próximo.
O (a) oblato(a) – que a grande
maioria dos mosteiros aceita – é, portanto, chamado a ser essa testemunha viva
de Cristo no contexto em que está inserido(a), pela oração, pelo exemplo e pela
palavra.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/10/13/que-e-um-oblato-secular/
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