*Artigo de Philip Kosloski,
escritor e designer gráfico
‘A consagração
pessoal a Deus dentro de uma comunidade foi se desenvolvendo em dois ramos
distintos na história do cristianismo : o oriental e o ocidental.
Surgiu
primeiro o monaquismo oriental, que influenciou São Bento na fundação da vida
monástica no Ocidente.
As
raízes espirituais do monaquismo oriental remontam a São Paulo Eremita, no
século III, e a Santo Antônio, o Grande, pouco tempo depois. Sua formalização,
porém, ocorreu com São Basílio de Cesareia e São Pacômio, no século IV. Por
volta do ano 357, São Basílio viajou para a Palestina, o Egito, a Síria e a
Mesopotâmia a fim de estudar a vida dessas comunidades monásticas e descobrir o
seu segredo da santidade.
Embora
admirasse o ascetismo severo e a devota vida de oração que os eremitas viviam,
São Basílio considerou que os mosteiros precisavam de equilíbrio. Ele então
escreveu uma espécie de ‘regra’ para
governar o cotidiano dos monges e moderar o seu modo extremo de vida. Graças ao
grande sucesso dessa regularização, São Basílio seria reconhecido, mais tarde,
como o ‘pai do monaquismo oriental’.
Essa
vida completamente dedicada a Deus tem muito a nos ensinar no século XXI. A
sabedoria de São Basílio e dos Padres do Deserto influenciou inúmeros santos ao
longo dos séculos e ainda hoje é altamente relevante.
Estas
são quatro lições espirituais que podemos aprender do monasticismo oriental e
aplicar em nossa vida de todos os dias :
1 – Ore sem cessar
São
Basílio escreve :
‘Devemos rezar sem cessar? É possível obedecer a tal mandamento? (…) A
força da oração reside mais no propósito da nossa alma e nos atos de virtude
que estendemos a cada parte e momento da nossa vida. ‘Seja que comais’, está
escrito, ‘seja que bebais, ou o que quer que façais, tudo fazei para a glória
de Deus’. Ao te sentares à mesa, reza. Ao levantares o pão, dá graças ao
Criador (…) Ao vestires a túnica, dá graças ao Doador. Ao te envolveres no
manto, sente um amor ainda maior por Deus, que, no verão e no inverno, provê
nossas vestes convenientes, tanto para nos preservar a vida quanto para cobrir
o que é impróprio à vista. Finda já o dia? Dá graças a Ele, que nos deu o sol
para o nosso trabalho diário e nos fornece o fogo para iluminar a noite’.
Em
essência : viva sempre em espírito de ação de graças, lembrando-se de Deus em
todas as atividades. Assim viveremos a exortação de São Paulo a ‘rezar sem cessar’, pois não só com
palavras se faz oração!
2 – Renove a sua alma com um ‘deserto’ semanal
Em
uma carta a São Gregório Nazianzeno, São Basílio escreve :
‘A quietude é o primeiro passo para a limpeza da alma. A solidão é de
grande utilidade quando aplaca as paixões e dá lugar ao princípio de cortá-las
da alma’.
Há
uma razão pela qual Deus nos deu um dia semanal de descanso: precisamos não
apenas descansar, mas renovar a alma e experimentar a quietude. Não fomos
feitos para trabalhar sete dias por semana. Quando chega o domingo, faça dele
um dia de descanso e quietude, de acordo com o seu estado de vida.
3 – Sirva aos pobres em todos os momentos
Os
monges do deserto egípcio geralmente não viam muita gente, mas São Basílio
recomendou aos seus monges que servissem aos pobres o máximo possível. Os
monges fizeram isso com diligência, dando todas as suas posses aos pobres e
continuando a apoiá-los mediante o seu trabalho em solidão.
São
Basílio lembrava aos monges que o ato de retirar-se do mundo não os dispensava
de servir aos outros, porque a sua fé cristã devia ser demonstrada no amor aos
pobres.
4 – Jejue para desarraigar pecados particulares
Jejuar
pode ser difícil, mas os padres do deserto viam no jejum um meio primordial de
erradicar o pecado na vida de uma pessoa. Se o pecado deriva das nossas
paixões, abster-nos da paixão corporal pela comida nos fortalece contra as
outras paixões rebeladas.
São
Basílio recomenda moderação no jejum, considerando que a saúde e os deveres são
mais importantes do que essa prática. Embora digno como todo meio espiritual, o
jejum deve ser vivido com intenção reta, evitando o espírito de competição que
se verificava, algumas vezes, nos primeiros mosteiros: sim, alguns monges ‘competiam’ para ver quem se abstinha de
comida durante mais tempo. É comum, aliás, que a soberba humana contamine
práticas piedosas e as desvie do seu sentido autêntico, destruindo seus
méritos.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2019/05/15/4-licoes-dos-monges-orientais-para-nossa-espiritualidade-cotidiana/
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