‘‘A Arábia recebe o mundo’. O lema da
edição de 2017 da grande peregrinação muçulmana à Meca resume a ambição do
reinado de impulsionar o desenvolvimento do turismo religioso, que rende
milhões de dólares ao país - diante da queda dos preços do ouro negro, o
petróleo.
As autoridades
sauditas nem esperaram o fim da peregrinação para comemorar a recepção de 2,35
milhões de fiéis, mais que no ano passado.
Entre eles, cerca
de 1,75 milhão de peregrinos vêm de 168 outros países.
O Ministério do
Interior destacou que a peregrinação neste ano aconteceu ‘sem problemas’, em termos de segurança, ou sanitários.
‘Nosso plano (...) estava à altura dos
padrões requeridos’, afirmou o coronel Sami al Shueirej, membro do alto
comando da segurança geral saudita.
Em setembro de
2015, o desabamento de uma grua perto da Grande Mesquita de Meca deixou mais de
100 mortos, e quase 2.300 fiéis morreram no tumulto, o que rendeu duras
críticas à gestão do reinado saudita.
Em abril de 2016,
Mohamed ben Salman, filho do rei e homem-forte do governo, divulgou um
ambicioso plano de reforma, chamado ‘Visão
2030’, para diversificar a economia, atualmente muito dependente do
petróleo. O turismo religioso é um dos objetivos.
‘De hoje até 2030, esperamos receber
anualmente 6 milhões de fiéis durante a grande peregrinação e 30 milhões para o
Umra’, a pequena peregrinação que pode ser realizada ao longo do ano todo,
declarou à AFP o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Meca, Maher
Jamal.
O reino, principal
exportador de petróleo do mundo, sofre desde meados de 2014 com a queda dos
entradas por causa do colapso dos preços do barril.
‘Até a descoberta do petróleo, a peregrinação
era o principal recurso da Arábia Saudita’, lembra o historiador Luc
Chantre, especialista da peregrinação na época colonial.
‘Inclusive antes do islã, Meca era uma
plataforma comercial. Um lugar de trocas, onde o religioso e o comercial
estavam sempre ligados’.
Modernização
Nos centros
comerciais à volta da esplanada da Grande Mesquita de Meca, as lojas vivem
lotadas. Elas só fecham na hora da oração, mas voltam a abrir logo em seguida.
Há marcas do mundo
inteiro, e inclusive no monte Arafat, onde os peregrinos dedicaram a
quinta-feira às preces e às invocações, havia vendedores de tapetes.
‘Os gastos dos peregrinos (do exterior e
nacionais) poderiam oscilar, neste ano, entre 20 bilhões e 25 bilhões de rials
(5,33 bilhões a 6,47 bilhões de dólares), contra os 14 bilhões de rials (3,73
bilhões de dólares) do ano passado’, indicou o presidente da Câmara de
Comércio.
Cada peregrino
gasta milhares de dólares, além das passagens, sobretudo em alojamento, comida
e compra de recordações e presentes.
Segundo Jamal, a
alta se deve ‘ao aumento em 20% no número
de peregrinos’ neste ano.
Em 2013, as obras
de ampliação dos lugares santos fizeram a Arábia Saudita reduzir em 20% o
número de peregrinos estrangeiros autorizados a viajar. Nos países muçulmanos,
a proporção é de um peregrino para cada 1 mil habitantes.
Ria propôs receber
mais peregrinos até 2030, por isso, empreendeu grandes transformações
arquitetônicas, algumas delas consideradas exageradas.
O projeto inclui
uma ampliação das duas mesquitas santas de Medina e Meca.
Para melhorar a
circulação dos peregrinos na Caaba (construção cúbica em torno da qual os fiéis
dão sete voltas) foram construídos dois patamares sobrepostos, conectados ao
primeiro andar por escadas rolantes. Os peregrinos fazem o rito em corredores
com ar condicionado ou ventilação.
Em 2010, o país
inaugurou uma linha de metrô na superfície que une os principais pontos da
peregrinação.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://domtotal.com/noticia/1186130/2017/09/o-turismo-religioso-e-o-ouro-branco-da-arabia-saudita/
Nenhum comentário:
Postar um comentário