terça-feira, 26 de setembro de 2017

O flagelo da fome

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo de Bernardino Frutuoso,
Jornalista


‘Uma alimentação condigna é um direito fundamental de toda a pessoa. Como escreveu há dias o Papa Francisco, «todos temos consciência de que não basta a intenção de garantir a todos o pão de cada dia, é necessário reconhecer que todos têm direito a ele». No entanto, com frequência, as organizações internacionais lembram-nos que esse é um direito negado a milhões de seres humanos e que o escândalo da fome perdura no planeta. Em março passado, um relatório da FAO (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) sublinhava que a fome grave ameaça 37 países. A FAO estima que, na atualidade, a fome voltou a aumentar e atinge mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo. Um número maior, dois bilhões, sofre de deficiências nutritivas graves. Cerca de 3,5 milhões de crianças morrem anualmente de fome e doenças relacionadas com a má nutrição. Paradoxalmente, persiste um cenário de fome num mundo onde, segundo as estatísticas, a disponibilidade de alimentos aumenta constantemente. Também cresce a quantidade de alimentos que são desperdiçados que, de acordo com a FAO, atinge 1,3 mil milhões de toneladas cada ano. A comida que falta a uns é esbanjada por outros.

Há dias, o diretor do Programa Alimentar Mundial alertou de novo para o tema da fome e mencionou que o mundo enfrenta a maior crise humanitária em setenta anos. São mais de 20 milhões de pessoas no Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria em risco de fome.

«Uma fome é uma situação rara. Quatro países à beira de fome ao mesmo tempo? Nunca se ouviu falar. Enfrentamos a maior crise humana em setenta anos, com 20 milhões de pessoas perto de morrer de fome em quatro países», disse David Beasley em entrevista à agência Lusa.

Em julho passado, o Papa Francisco tinha alertado a comunidade internacional sobre o drama da fome, considerando que não é uma fatalidade, mas consequência humana. Numa mensagem enviada aos participantes da 40.ª Assembleia Geral da FAO, o Santo Padre considera que a fome e a desnutrição «não são apenas fenômenos naturais ou estruturais em determinadas áreas geográficas, mas são o resultado de uma condição mais complexa do subdesenvolvimento causado pela inércia de muitos ou o egoísmo de alguns».

Para Francisco, se os contínuos objetivos propostos permanecem distantes, isso depende da falta de uma cultura da solidariedade e de atividades internacionais que ficam ligadas somente ao pragmatismo das estatísticas. «A partir da consciência de que os bens que Deus Criador nos entregou são para todos, exige-se urgentemente que a solidariedade seja o critério inspirador de qualquer forma de cooperação nas relações internacionais», frisou o papa.

Francisco também lamentou as ajudas cada vez mais reduzidas aos países necessitados. A este respeito, o pontífice anunciou a contribuição da Santa Sé ao programa da FAO para fornecer sementes às famílias rurais que vivem em áreas da África Oriental, onde se somaram os efeitos dos conflitos e das secas. Este gesto simbólico acrescenta-se ao trabalho que a Igreja leva avante segundo a própria vocação de estar ao lado dos pobres e excluídos. É necessário e urgente o esforço e a solidariedade de todos para cumprir o objetivo inadiável que a comunidade internacional se propôs : erradicar o flagelo da fome até 2030.’

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