*Artigo
de Bernardino Frutuoso,
Jornalista
‘Uma alimentação
condigna é um direito fundamental de toda a pessoa. Como escreveu há dias o
Papa Francisco, «todos temos consciência
de que não basta a intenção de garantir a todos o pão de cada dia, é necessário
reconhecer que todos têm direito a ele». No entanto, com frequência, as
organizações internacionais lembram-nos que esse é um direito negado a milhões
de seres humanos e que o escândalo da fome perdura no planeta. Em março
passado, um relatório da FAO (sigla em inglês para Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura) sublinhava que a fome grave ameaça 37
países. A FAO estima que, na atualidade, a fome voltou a aumentar e atinge mais
de 800 milhões de pessoas em todo o mundo. Um número maior, dois bilhões, sofre
de deficiências nutritivas graves. Cerca de 3,5 milhões de crianças morrem
anualmente de fome e doenças relacionadas com a má nutrição. Paradoxalmente,
persiste um cenário de fome num mundo onde, segundo as estatísticas, a
disponibilidade de alimentos aumenta constantemente. Também cresce a quantidade
de alimentos que são desperdiçados que, de acordo com a FAO, atinge 1,3 mil
milhões de toneladas cada ano. A comida que falta a
uns é esbanjada por outros.
Há dias, o diretor
do Programa Alimentar Mundial alertou de novo para o tema da fome e mencionou
que o mundo enfrenta a maior crise humanitária em setenta anos. São mais de 20
milhões de pessoas no Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria em risco de fome.
«Uma fome é uma situação rara. Quatro países
à beira de fome ao mesmo tempo? Nunca se ouviu falar. Enfrentamos a maior crise
humana em setenta anos, com 20 milhões de pessoas perto de morrer de fome em
quatro países», disse David Beasley em entrevista à agência Lusa.
Em julho passado, o Papa Francisco tinha alertado a comunidade internacional sobre o
drama da fome, considerando que não é uma fatalidade, mas consequência humana. Numa mensagem
enviada aos participantes da 40.ª Assembleia Geral da FAO, o Santo Padre
considera que a fome e a desnutrição «não
são apenas fenômenos naturais ou estruturais em determinadas áreas geográficas,
mas são o resultado de uma condição mais complexa do subdesenvolvimento causado
pela inércia de muitos ou o egoísmo de alguns».
Para Francisco, se
os contínuos objetivos propostos permanecem distantes, isso depende da falta de
uma cultura da solidariedade e de atividades internacionais que ficam ligadas
somente ao pragmatismo das estatísticas. «A
partir da consciência de que os bens que Deus Criador nos entregou são para
todos, exige-se urgentemente que a solidariedade seja o critério inspirador de
qualquer forma de cooperação nas relações internacionais», frisou o papa.
Francisco também
lamentou as ajudas cada vez mais reduzidas aos países necessitados. A este
respeito, o pontífice anunciou a contribuição da Santa Sé ao programa da FAO
para fornecer sementes às famílias rurais que vivem em áreas da África
Oriental, onde se somaram os efeitos dos conflitos e das secas. Este gesto simbólico
acrescenta-se ao trabalho que a Igreja leva avante segundo a própria vocação de
estar ao lado dos pobres e excluídos. É necessário e urgente o esforço e a
solidariedade de todos para cumprir o objetivo inadiável que a comunidade
internacional se propôs : erradicar o flagelo da fome até 2030.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EVpulypZykpOqTemUg
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