‘Em
nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar
a tratar sobre os documentos conciliares, apresentando na edição de hoje, o
Decreto Apostolicam actuositatem
sobre o Apostolado dos Leigos.
O Decreto Apostolicam actuositatem foi promulgado
pelo Papa Paulo VI em 18 de novembro de 1965. Dividido em seis capítulos, o
documento inicia falando sobre a importância e a atualidade do apostolado dos
leigos na vida da Igreja e conclui com uma exortação à generosidade : ‘Por isso, o sagrado Concílio pede
instantemente no Senhor a todos os leigos, que respondam com decisão de
vontade, ânimo generoso e disponibilidade de coração à voz de Cristo, que nesta
hora os convida com maior insistência, e ao impulso do Espírito Santo. Os mais
novos tomem como dirigido a si de modo particular este chamado, e recebam-no
com alegria e magnanimidade. Com efeito, é o próprio Senhor que, por meio do
sagrado Concílio, mais uma vez convida todos os leigos a que se unam a Ele cada
vez mais intimamente, e sentindo como próprio o que é dele, se associem à sua
missão salvadora’.
Quem nos apresenta
o Decreto Apostolicam actuositatem, é
o Presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB e Bispo de Caçador
(SC), Dom Severino Clasen :
‘É um documento que nasce a partir dos outros
documentos da Igreja. São diversos que ao longo da história da Igreja vão sendo
produzidos para a participação dos cristãos na Igreja e na sociedade. Por
exemplo, antes do Concílio Vaticano II, temos alguns documentos tipo Aeterni
patris de 1879, depois 1891 temos a Rerum Novarum. São grandes documentos que
falam da participação dos leigos na sociedade e o mundo como caminha nas suas
grandes transformações. Assim também, no Concilio Ecumênico Vaticano II, com a
produção dos diversos documentos que temos aí, vamos citar sobretudo a Lumen
Gentium e a Gaudium et spes, que fala da Igreja e sua missão no mundo, e também
a Igreja e a transformação da sociedade, a doutrina e tudo mais. Dentro destes
documentos, surge este documento do apostolado dos cristãos leigos e leigas, a
missão deles na Igreja e na sociedade. Claro, que este decreto teve grandes
discussões. Nós podemos imaginar, quando mais de 2.500 bispos reunidos neste
Concílio, alguma coisa tem que se produzir de alto nível. E o pensamento do
Concílio Ecumênico Vaticano II, produziu aquela ideia ‘Igreja, povo de Deus’.
Uma nova maneira de interpretar, de entender a Igreja. A valorização dos
cristãos leigos e leigas. E como já havia na época, antes da guerra e depois no
pós-II Guerra Mundial, muitos documentos que começam a surgir a ação dos
leigos. Temos aí a Ação Católica. Nós aqui no Brasil, depois nós temos a Ação
Católica, temos diversos grupos, a Ação da Juventude. Eram expressões de grupos
de leigos, tentando mostrar a sua participação e comprometimento com o anúncio
do Evangelho de Jesus Cristo. Então nesta miscelânea de iniciativas, tentativas
que já se encontrava e a Igreja gemendo, diria assim, como dores de parto, na
necessidade de uma mudança, de uma transformação e tudo mais. E por isto o
Concílio Ecumênico Vaticano II percebeu que não tem como produzir um Concílio
sem falar de Leigos. E para dar um destaque especial, aí surge este documento.
Foi preparado e até quando foi aprovado em 1965, mais precisamente foi no dia
18 de novembro, quando inclusive a Comissão do Laicato no Brasil celebrou, fez
uma dedicação sobre isto, para que de fato a gente colocasse esta ideia da
participação dos cristãos leigos e leigas’.’
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