*Artigo de Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano
‘Amigas e amigos da Rádio Vaticano, é com
alegria que envio uma saudação generosa e sem fronteiras para vocês das
Arábias.
Gostaria de tratar hoje um assunto que mexe com nossos corações, a
generosidade que une as pessoas diferentes.
Estudando as manifestações religiosas em diversos países, percebem-se inúmeras diferenças. Algumas delas são
inerentes às próprias religiões e outras surgem pela integração de elementos
culturais e históricos onde elas se desenvolveram. Posso dizer que observando-as, como
espectador, despertam a curiosidade e encantam pela beleza das cores dos vestuários,
da música, das danças e, de uma forma muito especial, pelos ritos. Todas elas
são uma fonte de enriquecimento jorrando para enriquecer a qualquer pessoa que
venha a ter contato com elas. Todas as culturas e religiões estão abertas para
promover as pessoas que se disponham a
participar delas. Para o observador, contudo, existe uma condição : evitar
julgá-las. É que o julgamento fecha a porta para que eu conheça uma religião,
cultura ou pessoa. Quando eu julgo alguém, sua religião ou cultura é porque
decidi fechar-me, quer dizer, optei por
ser pobre.
Como é sabido, os regentes dos Emirados Árabes Unidos, desde sua fundação
em 1970, optaram pela criação de um país no qual as pessoas pudessem vir
trabalhar, conservando sua língua, cultura e religião. Generosamente, doaram
lotes de terra em subúrbios predeterminados para que os expatriados pudessem
construir suas igrejas, templos e escolas. Embora não exista um processo de
integração, almeja-se uma boa convivência, respeito e liberdade de culto sem proselitismo.
Cada religião tem seus tempos fortes durante o ano, seja ele solar ou
lunar, como é o caso dos muçulmanos. Como, nós cristãos vivemos com intensidade
o tempo quaresmal e advento, os irmãos que seguem o Islã, privilegiam o
Ramadan, o tempo de jejum, visando maior aproximação com Deus, controlando as
tendências que induzem ao mal e praticando a generosidade com os menos
favorecidos.
Desde a formação desse país, o incentivo à generosidade esteve presente.
Durante o período de jejum islâmico, surgiram diversas atividades e campanhas
de filantropia das quais todos são convidados a participar, independentemente
de suas crenças e religiões. Algumas delas são encabeçadas por estrangeiros e
outras pelos Emiratis, distinguindo-se a participação dos príncipes das
monarquias.
Neste ano de 2015, testemunhamos campanhas para apoiar programas de
educação de crianças no exterior, coleta de itens como roupas, brinquedos,
comida não perecível para serem enviados a pessoas necessitadas, no exterior e
no país. Dentro do tempo de Ramandan
também são incentivadas as visitas com a intenção de levar alegria e esperança
aos doentes nos hospitais.
Merecem atenção também as mulheres
indocumentadas que estão com seus filhos no país, sem poder trabalhar.
Finalmente, os milhares de marítimos que
trabalham, em situação sub-humana, são
visitados nos portos onde suas obsoletas embarcações estão atracadas. A eles é
doado o mais necessário, comida. É nessa
atividade que o Apostolado do Mar da
Igreja Católica forma equipe com islâmicos, anglicanos e outras religiões.
O retorno que colhemos de ações generosas não é sempre evidente, mas une as
pessoas diferentes.’
Fonte :
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