‘Uganda
tem sido muitas vezes definido a pérola da África pela sua beleza natural e
pelas suas potencialidades agrícolas. Com efeito, a agricultura é o pilar da
sua economia, pois que o seu clima ameno e a fertilidade dos seus solos
favorecem o cultivo do café e do chá de que é um dos maiores exportadores
mundiais, mas também de algodão, cana de açúcar, óleo de palma, etc.
O território do
Uganda, mais de 241 mil quilômetros quadrados, estende-se por um vasto planalto
banhado por diversos lagos, entre as quais o Lago Vitória e o lago Kyoga. É
também atravessado pelo Rio Nilo Branco.
Cerca de um milhão
e meio dos 241 milhões de ugandeses, vive na capital do país, Kampala. Há
notícias de que há mais de dois mil anos, o atual território do Uganda já era
povoado por pigmeus e bantus twas.
A partir do século
XV formaram-se reinos, o mais conhecido dos quais é o reino dos Buganda. No
século XIX tanto árabes como europeus já frequentavam a região da África
oriental, interessados no comercio de marfim e escravos, até que em 1860, dois
exploradores britânicos descobrem as nascentes do Rio Nilo e inicia a
colonização europeia da África oriental. A partir de 1894, o Uganda é
transformado em protetorado britânico e como tal permanece até à independência
em 1962. Alguns anos antes do início do protetorado, já tinham chegado ao país
os primeiros missionários protestantes (1977) seguidos, dois anos depois, de
missionários católicos que, em pouco tempo, converteram diversas faixas da
população.
Durante o período
de protetorado, foram postas as bases para a divisão do país, entre a zona
norte e sul do Nilo. Os meridionais foram orientados para a agricultura,
enquanto que os do sul (da etnia acholi e langi) para o Exército.
Com a
independência, a Constituição prevê um sistema semi-federal e concede espaços
importantes à elite política tradicional. Mas, o delicado equilíbrio entre o
rei dos Buganda, primeiro Presidente do país independente, e o seu primeiro
ministro Milton Obote dura pouco e em 1966 Obote toma de assalto o exercito e o
palácio presidencial.
Em 1971, Idi Amin
Dada, Chefe de Estado Maior do Exercito, destitui Obote e, temendo o predomínio
dos membros das etnias acholi e langi no Exército, inicia persecuções e
matanças. Expulsa do país os numerosos asiáticos que ali viviam e nacionaliza
as plantações e outras atividades comerciais dos britânicos.
Entretanto, cresce
a tensão entre o Uganda e a Tanzânia, país que tinha dado asilo político a
Obote e recebido outros refugiados ugandeses. O conflito desemboca em guerra em
finais dos anos 70.
Apoiados pelos
rebeldes da ‘Uganda National Liberation
Army’ (UNLA), os tanzanianos ocupam Kampala e depõem Idi Amin Dada em 1980.
Milton Obote volta ao poder e tem início um período de represália contra os
apoiantes de Idi Amin Dada.
No início dos anos
80, o atual Presidente Yoweri Museveni cria o ‘National Resistance Army’ (NRA)
e inicia a guerrilha, à qual Obote responde com massacres em massa. A Cruz
Vermelha denuncia a morte de umas 300 mil pessoas durante a chamada ‘Operação Bonanza’ em 1983. Obote é
novamente destituído, desta vez pelo general acholi, Tito Okello Lurwa.
Estava-se em 1985 e um ano depois o NRA de Yowere Museveni ocupa Kampala,
enquanto que as forças da UNLA pró Obote se reorganizam no Sudão e no norte do
país assumindo o nome de ‘Exercito
Democrático do Povo do Uganda’. Em 1988 as partes em conflito chegam a um
acordo de paz que prevê amnistia para todos os combatentes.
Entretanto surge
uma outra figura no complicado cenário ugandês : Joseph Kony que se declarou,
em finais de 1987, dotado de poderes sobrenaturais e fundou o próprio
movimento, o chamado ‘Lord’s Salvation
Army’, (Exercito de Salvação do Senhor) que, em 1994 mudou de nome para ‘Exercito de Resistência do Senhor’
(LRA). O objetivo dele era tomar poder e governar segundo os dez mandamentos da
Lei de Deus e alguns preceitos do islã.
O LRA foi acusado de atrocidades terríveis contra a população civil e de
ter recrutado para as suas fileiras crianças-soldado. Nos anos 90 dão-se muitos
recontros armados entre o Uganda e países vizinhos, entres os quais o Sudão,
apoiante do LRA. Aliás, pensa-se, que Joseph Kony, que a um dado momento
desapareceu do mapa, esteja algures no Sudão. O seu movimento desintegrou-se e
alguns dos seus generais entregaram-se ao Tribunal Penal Internacional.
Em 1995, uma nova
Constituição introduz o multipartidarismo no Uganda. Contudo, só se tornará efetivo
10 anos depois. O atual Presidente Yoweri Museveni é, então, eleito formalmente
em 1996 e reconfirmado outras três vezes, 2001, 1006 e 2011.
Em 1999 o Uganda,
o Quenia, e a Tanzânia criaram a Comunidade Económica da África oriental.
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O Uganda,
dizíamos, é também conhecido como o país dos mártires. E uma das razões que
levaram o Papa Francisco a este país da África Oriental é a comemoração dos 50
anos da beatificação dos mártires de
Namugongo : este é de fato o nome do lugar onde, entre 1885 e 1886, foram
martirizados 22 jovens católicos (o mais célebre dos quais é Carlos Lwanga) e numerosos anglicanos, assim
como também muçulmanos.
A vicissitude
desses jovens teve lugar durante o reinado de Mwanga, um jovem rei que, embora
tendo sido educado no cristianismo, acabou por ver em católicos e anglicanos o
maior perigo para o seu reino. Assim, em 1885, dá inicio a uma tremenda
persecução de cristãos, que levará à morte na fogueira de Carlos Lwanga e os
seus 21 companheiros, o mais novo dos quais é Kizito que tinha apenas 14 anos.
Todos foram beatificados pelo Papa Bento XV em 1920 e canonizados por Paulo VI
em 1964. Foi também o Papa Montini que, na sua viagem ao Uganda, em 1969,
dedicou o Santuário de Namugongo, construído no lugar onde se deu o martírio de
São Carlos Lwanga, a esses mártires. Eles foram os primeiros fiéis católicos
africanos da África sub-sahariana a ser proclamados santos. O Martyrologium
Romanum comemora cada um deles no dia da sua morte, enquanto que a 3 de Junho é
a memória conjunta de São Carlos Lwanga e dos companheiros.
De salientar que
os mártires anglicanos não foram canonizados por não pertencerem à Igreja
católica, mas o Papa Paulo VI, na sua homilia, fez menção a eles, assim como
aos mártires muçulmanos.
A Igreja no Uganda
tem também na sua história, a primeira reunião do Simpósio das Conferências
Episcopais da África, o SCEAM, razão que levou o Papa Paulo VI ao país em 1969,
o primeiro Papa a visitar a África subsaariana. Depois, em 1993, o Papa João
Paulo II visitou o país e elevou a Basílica menor a Santuário Nacional dos
Mártires do Uganda.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.news.va/pt/news/uganda-perola-da-africa-e-terra-dos-martires-de-na
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