Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Sergio Carvalho
‘Na nossa cultura, costumamos dizer que se conhecem
verdadeiramente as pessoas, após a morte de alguém. Os viúvos, os filhos e os
irmãos mostram o quanto se estimam e amam, ou não, pela forma como reagem nas
partilhas e aceitação dos termos testamentários e da vontade daqueles que
partiram. Muitas vezes, ainda no velório e nas cerimonias fúnebres já há mau
ambiente e discussões sobre a parte que calha a cada um. Além da morte física
de alguém, morrem ali também a paz e a convivência de muitos parentes.
Estas palavras introdutórias trago-as a propósito
da recente tomada de posição de diversos países em reconhecer o Estado da
Palestina, como já o tinham feito com o Estado de Israel.
Ambos os Estados estão agora quase equiparados em
número de países, representados nas Nações Unidas, que os reconhecem
oficialmente. Se, por um lado, os tradicionais aliados de Israel recusam
reconhecer formalmente o Estado da Palestina, a maioria dos países árabes não
reconhecem a nação judaica. Sabemos pelas leis da física, que dois objetos não
podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Por isso, tem sido muito difícil a
coexistência de dois Estados num mesmo território.
A Terra Santa, deixada em herança, pelo patriarca
Abraão aos seus descendentes, viveu quase sempre em sobressalto, seja pelas
invasões e ocupações de povos estrangeiros, seja pelo conflito entre os filhos
de Abraão : judeus, cristãos e muçulmanos. Estamos muito longe das deliberações
das Nações Unidas que, após a 2.ª Guerra Mundial, defenderam a divisão da
Palestina Britânica em dois estados.
Sabemos que a lei que imperou foi a do mais forte e
a lei talião (olho por olho e dente por dente). A Palestina viu os territórios
a serem anexados e colonizados por Israel. Nunca se quis pôr em prática a ideia
do saudoso Papa Paulo VI que apoiava a existência de dois Estados e que a
cidade de Jerusalém fosse uma cidade internacional, de todos e para todos, e
administrada pelas Nações Unidas. Certamente, Jerusalém faria jus ao seu nome
que significa «Cidade da Paz». Um sonho, a pacificação da Terra Santa, para que
todos possam viver em sadia convivência, mas tal só será possível quando o amor
à paz, à sua terra e aos seus filhos, for maior que o ódio aos israelitas ou
aos palestinianos.
Tenho amigos e pessoas conhecidas nos dois lados da
barricada. Conheço as suas posições e realidades. Sei que todos sofrem e
anseiam a paz. Todos têm razões e todos também já perderam a razão. Possamos
nós, agora, apanhar todas as pedras tombadas na Terra Santa e reconstruir a
terra sonhada e desejada por Abraão para todos os seus descendentes, sejam
filhos de Israel, de Ismael ou da Igreja de Jesus.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.osservatoreromano.va/pt/news/2025-10/por-010/uma-heranca-imensos-problemas.html
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