Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Comunidades e paróquias de várias partes do mundo
costumam realizar hoje em dia o chamado ‘Cerco de Jericó’ que relembra o
momento em que os israelitas, depois de sua longa caminhada pelo deserto,
cercaram e conquistaram a cidade depois de vários dias de batalha.
A história da queda das muralhas de Jericó, apesar
de ser uma das passagens mais conhecidas da Bíblia também não tem uma
comprovação histórica, e esta não era a preocupação maior dos escritores
sagrados, tendo um significado simbólico para os israelitas, representando a
vitória da fé sobre os obstáculos humanos, a fidelidade de Deus às suas
promessas e a necessidade de obedecer aos seus mandamentos. Além disso, ela
mostra que Deus pode usar de pessoas improváveis, como Raabe, para cumprir os
seus propósitos.
Além de sua importância histórica e religiosa, as
muralhas de Jericó são um marco do desenvolvimento humano. Elas representam uma
das primeiras expressões de urbanização e engenharia na história da humanidade.
Construídas com recursos locais e técnicas rudimentares, elas são testemunhos
do esforço coletivo de uma sociedade que já compreendia a necessidade de
proteção, organização e infraestrutura. Mais do que estruturas físicas, as
muralhas de Jericó simbolizam a transição de comunidades nômades para
sociedades sedentárias e urbanas, marcando o início de uma nova era na
civilização humana.
As muralhas eram uma poderosa fortificação que
protegia a cidade de Jericó, localizada no vale do Rio Jordão, na atual
Cisjordânia, hoje localizada a apenas 25 km de Jerusalém. A cidade é
considerada uma das mais antigas do mundo e as evidências arqueológicas da
ocupação humana datam mais ou menos do ano 8 mil a.C.
Suas muralhas foram construídas em diferentes
períodos da história e a mais famosa delas data do século XV a.C., quando os
israelitas, liderados por Josué, invadiram a terra de Canaã, prometida por Deus
a Abraão e seus descendentes, atravessaram o Rio Jordao e cercaram a cidade.
As escrituras Sagradas relatam que os israelitas
por 6 dias cercaram a cidade de Jericó, seguindo as instruções divinas
pronunciadas por Josué que havia sucedido a Moisés na condução do povo. No
sétimo dia, eles deram sete voltas ao redor da cidade, tocando trombetas de
chifres de carneiros, gritando e conduzindo a Arca da Aliança com as Tábuas da
Lei em procissão.
Depois disso, as muralhas caíram permitindo que os
israelitas entrassem e conquistassem a cidade. As Escrituras narram ainda que a
única família que foi poupada foi a de Raab, uma prostituta que escondeu os
espiões que haviam sido enviados por Josué e que reconheceu o poder do Deus de
Israel. Todo o resto foi destruído pelo fogo e pelos saques dos israelitas.
Na sétima vez, quando os sacerdotes deram o toque
de trombeta, Josué ordenou ao povo : ‘Gritem! O Senhor lhes entregou a cidade!
A cidade, com tudo o que nela existe, será
consagrada ao Senhor para destruição. Somente a prostituta Raabe e todos os que
estão com ela em sua casa serão poupados, pois ela escondeu os espiões que
enviamos. Mas fiquem longe das coisas consagradas, não se apossem de nenhuma
delas, para que não sejam destruídos. Do contrário trarão destruição e desgraça
ao acampamento de Israel.
Toda a prata, todo o ouro e todos os utensílios de
bronze e de ferro são sagrados e pertencem ao Senhor e deverão ser levados para
o seu tesouro.
Quando soaram as trombetas o povo gritou. Ao som das trombetas, e do forte grito, o muro caiu. Cada um atacou do lugar onde estava, e tomaram a cidade. Consagraram a cidade ao Senhor, destruindo ao fio da espada homens, mulheres, jovens, velhos, bois, ovelhas e jumentos, todos os seres vivos que nela havia.’ (Jos 6,16-21).
As muralhas de Jericó continuam sendo uma das
construções mais enigmáticas da Antiguidade, associadas tanto à arqueologia
quanto a relatos bíblicos. Sua fama procede tanto da narrativa bíblica
encontrada no Livro de Josué, que descreve a conquista da cidade pelos
israelitas após suas muralhas desabarem ao som de trombetas e gritos, como ao
significado histórico da cidade que foi tantas vezes destruída e sempre
reconstruída. Por isso, além do relato religioso que é mais simbólico que real,
as muralhas e a cidade têm um significado histórico e arqueológico profundo.
Graças às escavações arqueológicas realizadas em
vários períodos as muralhas da cidade foram descobertas, a começar das ruínas
mais antigas de algumas estruturas fortificadas que datam do período neolítico,
por volta de 8 mil anos a.C. Muros e torres feitos de pedra tinham fins
defensivos, servindo também para finalidades religiosos ou cerimoniais.
No entanto, a historicidade desse evento é motivo
de debate entre estudiosos. Algumas escavações chegaram a sugerir que Jericó
não teria muralhas correspondentes às que são descritas na época em que os
israelitas teriam conquistado a cidade, por volta do século XIII ou XV a.C.
Assim como outras passagens do Primeiro Testamento
o relato bíblico pode ser entendido mais como uma tradição simbólica ou metafórica.
Independentemente de sua conexão com os relatos bíblicos, Jericó e suas
muralhas continuam a fascinar arqueólogos, historiadores e religiosos, sendo um
exemplo poderoso de como os vestígios do passado podem lançar luz sobre as
complexas origens da sociedade e da cultura humanas.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-09/curiosidades-biblia-muralhas-jerico.html
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