terça-feira, 29 de julho de 2025

Tráfico, o novo relatório de Talitha Kum: ajuda para 400 mil mulheres e crianças

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Federico Piana - Vatican News

 

‘Não são números, são esperança. Por exemplo, anotem este número : 939.185. Representa os homens, mulheres e crianças em todo o mundo que ‘Talitha Kum’ — a rede internacional da vida consagrada contra o tráfico de pessoas, nascida em 2009 no seio da União Internacional das Superioras Gerais — conseguiu ajudar no ano passado. Ponham esses números em fila, um por um, e terão diante dos olhos um povo oprimido pela violência e pela injustiça que encontrou forças para continuar a existir. Nada a ver com estatísticas frias e anônimas.

Sobretudo mulheres e crianças

Graças a todos os dados contidos no Relatório Anual 2024, publicado na véspera do Dia Mundial contra o tráfico de seres humanos, que se celebra neste dia 30 de julho, descobrimos que ‘Talitha Kum’ conseguiu alcançar, graças aos seus programas de apoio e sensibilização, mais de 400 mil mulheres e crianças. Em particular, mais de 46 mil mulheres e meninas receberam cuidados diretos como vítimas sobreviventes, registrando um aumento de 19% em relação ao ano anterior. E, se o número de vítimas aumentou, também cresceram os serviços de apoio, como alojamento seguro, apoio psicológico especializado em trauma, assistência jurídica e cursos de formação profissional : um aumento médio de 26%, especialmente na Ásia e nas Américas. ‘Essas intervenções’, lê-se no relatório, ‘foram realizadas principalmente por freiras e apoiadores da nossa rede, cuja presença compassiva e contínua encarna a missão de Talitha Kum : caminhar ao lado dos sobreviventes com dignidade’.

O problema da justiça

Na Europa e na África, registrou-se uma queda de 26% nos serviços necessários para garantir o acesso adequado à justiça, enquanto a Ásia segue uma tendência contrária : aqui, alguns progressos foram alcançados graças a colaborações eficazes no âmbito jurídico e a atividades concretas de assistência jurídica. O relatório, no entanto, ressalta cada vez mais ‘a urgência de reforçar o acompanhamento jurídico e replicar as boas práticas nos contextos menos atendidos por esses serviços’.

Prevenção, arma eficaz

A prevenção continua a ser uma das armas mais eficazes para combater o fenômeno da trata de seres humanos. Só em 2024, os projetos destinados a formar, educar e informar alcançaram quase 700 mil pessoas, um aumento de 11% em relação a 2023. Um sucesso particularmente marcante nas Américas, na Ásia, no Oriente Médio e na África, fruto de uma verdadeira mobilização popular e de uma colaboração inter-religiosa assídua. O dossiê também destaca os esforços de sensibilização, a chamada ‘advocacy’, que alcançou mais de 78.000 pessoas em espaços públicos da Europa, Américas, Oceania e África : ‘Enraizada nas vozes dos sobreviventes e na experiência vivida pelas comunidades, a ação política da nossa rede continua a reforçar o seu papel nos processos de diálogo político e nos fóruns da sociedade civil’.

Apoio ampliado

Os conflitos que hoje sangram o mundo, como os de Mianmar, Ucrânia e Oriente Médio, estão tendo um impacto considerável na gestão das atividades da rede internacional de freiras contra o tráfico humano. ‘Essas crises’, afirma Talitha Kum, ‘causam o deslocamento de comunidades inteiras, aumentando os riscos para mulheres, crianças, migrantes e refugiados. Apesar desses desafios, ampliamos nosso apoio às vítimas e sobreviventes. Nossa ação de ‘advocacy’ se fortaleceu em todas as regiões do mundo’. De Gana à Coreia do Sul, do Brasil à Irlanda, o objetivo das irmãs contra o tráfico, apoiadas por um grupo consistente de organizações da sociedade civil, tem sido influenciar as políticas públicas, também graças à sabedoria dos sobreviventes e das comunidades locais, bem como envolvendo jovens líderes capazes de mobilizar outros para a ação concreta.

Visão global

Além disso, o relatório apresenta uma avaliação mais geral do fenômeno do tráfico de pessoas, que parece estar crescendo a cada ano : ‘é complexo e difícil de compreender totalmente, também devido à escassez de dados atualizados e confiáveis. Trata-se, no entanto, de uma realidade em constante evolução, intimamente ligada a tendências globais emergentes, desigualdades e vulnerabilidades’. De acordo com as estatísticas mais recentes do Escritório das Nações Unidas para o Controle de Drogas e Prevenção do Crime, ‘em 2022, foi registrado um aumento global de 25% no número de vítimas em relação a 2019. Os casos de trabalho forçado cresceram 47% e as vítimas menores de idade, 31%, com um aumento de 38% entre as meninas. Vinte e dois por cento das ONGs relatam que mais de um terço dos sobreviventes que elas apoiam foram vítimas de tráfico mais de uma vez’. Dados que confirmam que as mulheres e meninas continuam, infelizmente, ‘representando a maioria dos casos, enquanto em muitos países a maioria das vítimas de tráfico são menores’.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-07/trafico-novo-relatorio-talitha-kum-ajuda-400-mil-mulheres.html

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