Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Federico Piana - Vatican News
‘Não são números, são esperança. Por exemplo,
anotem este número : 939.185. Representa os homens, mulheres e crianças em todo
o mundo que ‘Talitha Kum’ — a rede internacional da vida consagrada contra o
tráfico de pessoas, nascida em 2009 no seio da União Internacional das
Superioras Gerais — conseguiu ajudar no ano passado. Ponham esses números em
fila, um por um, e terão diante dos olhos um povo oprimido pela violência e
pela injustiça que encontrou forças para continuar a existir. Nada a ver com
estatísticas frias e anônimas.
Sobretudo mulheres e crianças
Graças a todos os dados contidos no Relatório Anual
2024, publicado na véspera do Dia Mundial contra o tráfico de seres humanos,
que se celebra neste dia 30 de julho, descobrimos que ‘Talitha Kum’ conseguiu
alcançar, graças aos seus programas de apoio e sensibilização, mais de 400 mil
mulheres e crianças. Em particular, mais de 46 mil mulheres e meninas receberam
cuidados diretos como vítimas sobreviventes, registrando um aumento de 19% em
relação ao ano anterior. E, se o número de vítimas aumentou, também cresceram
os serviços de apoio, como alojamento seguro, apoio psicológico especializado
em trauma, assistência jurídica e cursos de formação profissional : um aumento
médio de 26%, especialmente na Ásia e nas Américas. ‘Essas intervenções’, lê-se
no relatório, ‘foram realizadas principalmente por freiras e apoiadores da
nossa rede, cuja presença compassiva e contínua encarna a missão de Talitha Kum
: caminhar ao lado dos sobreviventes com dignidade’.
O problema da justiça
Na Europa e na África, registrou-se uma queda de
26% nos serviços necessários para garantir o acesso adequado à justiça,
enquanto a Ásia segue uma tendência contrária : aqui, alguns progressos foram
alcançados graças a colaborações eficazes no âmbito jurídico e a atividades
concretas de assistência jurídica. O relatório, no entanto, ressalta cada vez
mais ‘a urgência de reforçar o acompanhamento jurídico e replicar as boas
práticas nos contextos menos atendidos por esses serviços’.
Prevenção, arma eficaz
A prevenção continua a ser uma das armas mais
eficazes para combater o fenômeno da trata de seres humanos. Só em 2024, os
projetos destinados a formar, educar e informar alcançaram quase 700 mil
pessoas, um aumento de 11% em relação a 2023. Um sucesso particularmente
marcante nas Américas, na Ásia, no Oriente Médio e na África, fruto de uma
verdadeira mobilização popular e de uma colaboração inter-religiosa assídua. O
dossiê também destaca os esforços de sensibilização, a chamada ‘advocacy’, que
alcançou mais de 78.000 pessoas em espaços públicos da Europa, Américas, Oceania
e África : ‘Enraizada nas vozes dos sobreviventes e na experiência vivida pelas
comunidades, a ação política da nossa rede continua a reforçar o seu papel nos
processos de diálogo político e nos fóruns da sociedade civil’.
Apoio ampliado
Os conflitos que hoje sangram o mundo, como os de
Mianmar, Ucrânia e Oriente Médio, estão tendo um impacto considerável na gestão
das atividades da rede internacional de freiras contra o tráfico humano. ‘Essas
crises’, afirma Talitha Kum, ‘causam o deslocamento de comunidades inteiras,
aumentando os riscos para mulheres, crianças, migrantes e refugiados. Apesar
desses desafios, ampliamos nosso apoio às vítimas e sobreviventes. Nossa ação
de ‘advocacy’ se fortaleceu em todas as regiões do mundo’. De Gana à Coreia do
Sul, do Brasil à Irlanda, o objetivo das irmãs contra o tráfico, apoiadas por
um grupo consistente de organizações da sociedade civil, tem sido influenciar
as políticas públicas, também graças à sabedoria dos sobreviventes e das
comunidades locais, bem como envolvendo jovens líderes capazes de mobilizar
outros para a ação concreta.
Visão global
Além disso, o relatório apresenta uma avaliação
mais geral do fenômeno do tráfico de pessoas, que parece estar crescendo a cada
ano : ‘é complexo e difícil de compreender totalmente, também devido à escassez
de dados atualizados e confiáveis. Trata-se, no entanto, de uma realidade em
constante evolução, intimamente ligada a tendências globais emergentes,
desigualdades e vulnerabilidades’. De acordo com as estatísticas mais recentes
do Escritório das Nações Unidas para o Controle de Drogas e Prevenção do Crime,
‘em 2022, foi registrado um aumento global de 25% no número de vítimas em
relação a 2019. Os casos de trabalho forçado cresceram 47% e as vítimas menores
de idade, 31%, com um aumento de 38% entre as meninas. Vinte e dois por cento
das ONGs relatam que mais de um terço dos sobreviventes que elas apoiam foram
vítimas de tráfico mais de uma vez’. Dados que confirmam que as mulheres e
meninas continuam, infelizmente, ‘representando a maioria dos casos, enquanto
em muitos países a maioria das vítimas de tráfico são menores’.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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