segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Santa Maria, mãe de Deus e nossa

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Vanderlei de Lima, 

eremita na Diocese de Amparo, BA

 

No dia 1º de janeiro, celebramos Santa Maria, Mãe de Deus. Convém refletir sobre esse antiquíssimo título de Nossa Senhora, que é também nossa mãe.

Antes do mais, cabe lembrar que todos os dogmas sobre Nossa Senhora estão, e não pode ser diferente, ligados a Jesus Cristo, Nosso Senhor. O da Maternidade Divina de Maria é, digamos, consequência do dogma da Encarnação do Filho de Deus. E em que consiste tal verdade de fé? – ‘O Concílio de Calcedônia ensina a confessar ‘um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na sua divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela humanidade, ‘em tudo semelhante a nós, exceto no pecado’ (Hb4,5); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a divindade e, nestes últimos tempos, por nós homens e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade’ (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2005, n. 88).

Afirmado isso, podemos dizer que Nossa Senhora é verdadeira Mãe de Deus, pois é Mãe de Jesus Cristo, Nosso Senhor, que é Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Aprofundando : ‘Maria verdadeiramente concebeu, trouxe em seu seio e deu à luz o Senhor; portanto, o desenvolvimento embrional do corpo de Jesus sucedeu de modo natural e humano. O corpo não foi perfeito em um instante, de modo milagroso, mas foi formado e modelado gradativamente pela alma espiritual’ (Bernardo Bartmann. Teologia Dogmática, vol. II.São Paulo: Paulinas, 1964, p. 177).

Sim. ‘Maria verdadeiramente gerou a Jesus : Ele tem, portanto, dois nascimentos e duas filiações, mas não é Filho duas vezes. O Logos [Verbo – nota nossa], segundo a sua divindade nasceu da eternidade do Pai e é, portanto, Filho de Deus. Este mesmo Filho nasceu de Maria, segundo a humanidade, e tem, portanto, também a filiação humana. Mas nem por isso o Filho segundo a carne é distinto do Filho segundo a Divindade, pois temos um único Filho divino, que tomando a humanidade torna-se Filho de Maria’ (Idem, p. 177-178). Jesus é Deus e homem verdadeiro. Portanto, Maria é mãe do Deus-Homem, ou seja, não em sua eternidade, mas, sim, na sua temporalidade ou a partir da concepção virginal, por obra do Espírito Santo, em seu ventre materno.

A razão humana, apesar da sua limitação em relação à fé – que é transracional (acima da razão) –, ilustra, de acordo com o Pe. Dr. Afonso Rodrigues, SJ, esse dogma com o seguinte raciocínio : ‘Quem concebe e dá à luz uma pessoa em concreto é sua mãe, ainda que não seja a criadora de sua alma ou, no caso de Jesus, de sua existência divina. Ora, Maria concebeu e deu à luz em concreto à pessoa de Jesus, que possui a alma criada por Deus como a nossa, e mais a existência divina d’Ele própria. Logo, Maria é Mãe de Deus’ (Mariologia de bolso para gente nova. S. Paulo: Mestre Copy. s/d, p. 3).

As bases bíblicas desse dogma estão nos textos que profetizam o Senhor Jesus como ‘geração da mulher’ (Gn 3,15), ‘Broto de Jessé’ (Is 11,1) e de Davi (Jr 23,5) ou nos que relatam a Anunciação do Anjo a Nossa Senhora dizendo : ‘Conceberás e darás à luz um Filho que se chamará Jesus’ (Lc 1,31). Logo adiante, pela boca de Isabel, se confirma essa maternidade, quando a mãe de João Batista declara : ‘Bendito o fruto do teu ventre’ (Lc 1,42). São Mateus, por sua vez, diz que ‘Ela [Maria – nota nossa] dará à luz um filho’ (1,21) e, por fim, São Paulo chama o Senhor Jesus de ‘o nascido de Mulher’ (Gl 4,4) e de ‘geração de Davi’ (Rm 1,3).

Maria Santíssima é também nossa mãe (cf. Jo 19,26-27), pois ela ‘tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a todos os homens que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da Igreja e a sua realização mais perfeita’ (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 100).

Meditando, profundamente, estas verdades de fé, peçamos que Santa Maria, mãe de Deus e nossa, interceda junto a Ele por nós, hoje e sempre.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2018/12/31/santa-maria-mae-de-deus-e-nossa/

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