Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
eremita na Diocese de Amparo, BA
‘No dia 1º de janeiro,
celebramos Santa Maria, Mãe de Deus. Convém refletir sobre esse antiquíssimo
título de Nossa Senhora, que é também nossa mãe.
Antes do mais, cabe
lembrar que todos os dogmas sobre Nossa Senhora estão, e não pode ser
diferente, ligados a Jesus Cristo, Nosso Senhor. O da Maternidade Divina de
Maria é, digamos, consequência do dogma da Encarnação do Filho de Deus. E em
que consiste tal verdade de fé? – ‘O Concílio de Calcedônia ensina a confessar
‘um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na sua divindade e
perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, composto de
alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade,
consubstancial a nós pela humanidade, ‘em tudo semelhante a nós, exceto no
pecado’ (Hb4,5); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a divindade
e, nestes últimos tempos, por nós homens e para nossa salvação, nascido da
Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade’ (Compêndio do Catecismo da
Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2005, n. 88).
Afirmado isso,
podemos dizer que Nossa Senhora é verdadeira Mãe de Deus, pois é Mãe de Jesus
Cristo, Nosso Senhor, que é Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Aprofundando : ‘Maria verdadeiramente concebeu, trouxe em seu seio e deu à luz
o Senhor; portanto, o desenvolvimento embrional do corpo de
Jesus sucedeu de modo natural e humano. O corpo não foi perfeito em um
instante, de modo milagroso, mas foi formado e modelado gradativamente pela
alma espiritual’ (Bernardo Bartmann. Teologia Dogmática, vol.
II.São Paulo: Paulinas, 1964, p. 177).
Sim. ‘Maria
verdadeiramente gerou a Jesus : Ele tem, portanto, dois nascimentos e duas
filiações, mas não é Filho duas vezes. O Logos [Verbo – nota nossa], segundo a
sua divindade nasceu da eternidade do Pai e é, portanto, Filho de Deus. Este
mesmo Filho nasceu de Maria, segundo a humanidade, e tem, portanto, também a
filiação humana. Mas nem por isso o Filho segundo a carne é distinto do Filho
segundo a Divindade, pois temos um único Filho divino, que tomando a humanidade
torna-se Filho de Maria’ (Idem, p. 177-178). Jesus é Deus e homem
verdadeiro. Portanto, Maria é mãe do Deus-Homem, ou seja, não em sua eternidade,
mas, sim, na sua temporalidade ou a partir da concepção
virginal, por obra do Espírito Santo, em seu ventre materno.
A razão humana,
apesar da sua limitação em relação à fé – que é transracional (acima da razão)
–, ilustra, de acordo com o Pe. Dr. Afonso Rodrigues, SJ, esse dogma com o
seguinte raciocínio : ‘Quem concebe e dá à luz uma pessoa em concreto é sua
mãe, ainda que não seja a criadora de sua alma ou, no caso de Jesus, de sua
existência divina. Ora, Maria concebeu e deu à luz em concreto à pessoa de
Jesus, que possui a alma criada por Deus como a nossa, e mais a existência
divina d’Ele própria. Logo, Maria é Mãe de Deus’ (Mariologia de bolso para
gente nova. S. Paulo: Mestre Copy. s/d, p. 3).
As bases bíblicas
desse dogma estão nos textos que profetizam o Senhor Jesus como ‘geração da
mulher’ (Gn 3,15), ‘Broto de Jessé’ (Is 11,1) e de Davi (Jr 23,5) ou nos que
relatam a Anunciação do Anjo a Nossa Senhora dizendo : ‘Conceberás e darás à
luz um Filho que se chamará Jesus’ (Lc 1,31). Logo adiante, pela boca de
Isabel, se confirma essa maternidade, quando a mãe de João Batista declara : ‘Bendito
o fruto do teu ventre’ (Lc 1,42). São Mateus, por sua vez, diz que ‘Ela [Maria
– nota nossa] dará à luz um filho’ (1,21) e, por fim, São Paulo chama o Senhor
Jesus de ‘o nascido de Mulher’ (Gl 4,4) e de ‘geração de Davi’ (Rm 1,3).
Maria Santíssima é
também nossa mãe (cf. Jo 19,26-27), pois ela ‘tem um único Filho, Jesus, mas,
n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a todos os homens que Ele veio
salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova
Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu
nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura
da Igreja e a sua realização mais perfeita’ (Compêndio do Catecismo da
Igreja Católica, n. 100).
Meditando,
profundamente, estas verdades de fé, peçamos que Santa Maria, mãe de Deus e
nossa, interceda junto a Ele por nós, hoje e sempre.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2018/12/31/santa-maria-mae-de-deus-e-nossa/
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