Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Padre Patrick Briscoe
‘Jesus escolheu, por
um tempo em sua vida, tornar-se completamente dependente de seus pais.
Maria e José
assumiram todas as responsabilidades de cuidar de uma criança. Há 2.000 anos, a
Virgem Maria conheceu todos os aspectos da maternidade. Ela banhou o menino
Jesus. Ela o alimentou. Ela aconchegou-o. José também tendia a chorar. Podemos
imaginá-lo apoiando a Mãe Santíssima, dedicando todas as suas virtudes aos
cuidados da família.
É uma imagem
adorável. No entanto, cenas românticas da vida na Sagrada Família são muito
mais do que mero sentimento. O encontro com a Sagrada Família é outra maneira
de entender uma verdade cristã fundamental : Jesus é como nós em todas as
coisas, exceto no pecado.
Jesus tinha tias,
tios, primos. Como ele poderia não ter conhecido as celebrações familiares?
Festas de casamento? Regozijando-se com novos nascimentos? Luto pela morte?
Jesus teria visto sua mãe cuidar pacientemente de sua família. Ele viu o amor
forte e fiel que José derramou sobre eles.
A vinda de Deus à
terra está intimamente ligada à expressão básica da comunidade humana : a
família. A família deve ser a primeira experiência de amor. Pais e mães
devem contemplar com amor os filhos, aceitando-os como presentes de Deus,
cuidando deles, amando-os. As crianças, por sua vez, devem olhar com amor o que
seus pais, embora imperfeitamente, tenham feito : vendo suas virtudes pelo que
são e retornando as primeiras expressões de amor com amor. Tomás de Aquino
descreve a dívida que os filhos têm com os pais como ‘quase infinita’.
Dessa maneira, os
pais tentam imitar Deus, que livremente cria e se entrega. Deus, que fez o
mundo o tempo todo desejando o melhor para os homens, oferece à humanidade um
convite para entrar em Seu amor. Ele é um pai. Pai amoroso, ele permite que
seus filhos escolham se devem ou não devolver esse amor.
Jesus, nascido de uma
virgem, entra neste mistério. Quando criança, ele se submete ao amor e às
provações da vida familiar. A família, que é a entrada escolhida por Jesus para
o mundo, começa a ter um significado não apenas sociológico, mas também
salvador. Jesus não veio em uma nave espacial, em uma pintura ou apenas como
uma palavra escrita. De todas as maneiras possíveis de proclamar sua verdade
salvadora ao mundo, ele se inseriu nela como um bebê. Ele veio como parte de
uma família. Dessa maneira, desde o início, a vida em família faz parte do
plano de nossa salvação.
Mas às vezes nossas
famílias se sentem muito distantes da Sagrada Família. Em alguns aspectos, isso
não é surpresa. Afinal, a Sagrada Família era composta por duas pessoas que não
tinham conhecido nenhum pecado, e uma terceira que era ‘justa’. As famílias
comuns não são como essa.
Além disso, sabemos
muito pouco sobre a vida real da Sagrada Família. A vida deles é oculta. Como
freiras contemplativas ocupadas no claustro, afastadas do mundo, a vida da
Família de Nazaré permanece obscura. Há tantos detalhes sobre a Sagrada Família
que estão encobertos : José preferia ovos mexidos ou algo mais fácil no
café da manhã? Quais eram os tecidos favoritos de Maria para fazer roupas? Com
que tipos de brinquedo Jesus brincava?
Por causa da natureza
oculta da vida da Família de Nazaré e da natureza absolutamente única de sua
santidade, não basta dizer simplesmente : ‘devemos ser como a Sagrada Família.’
A Sagrada Família tem que ser algo maior do que um modelo; tem que ser algo mais
do que personagens dos quais nos lembramos.
Podemos não ser tão
parecidos com a Sagrada Família quanto desejamos, mas eles são exatamente como
nós. Eles vêem as alegrias e sofrimentos, as esperanças e provações de nossas
famílias, e os conhecem bem. Agora numerada como ‘santos entre os santos nos
corredores do céu’, a Sagrada Família pode olhar para nós a qualquer momento e
derramar as graças e a misericórdia do céu.
Nascer em uma família
cristã significa que nunca, nunca poderemos estar sozinhos. O mistério da nossa
salvação está envolvido neste mistério da comunhão. Cultivar a santidade na
vida familiar não consiste em enviar os filhos para as melhores escolas. A salvação
não se consegue comprando uma casa confortável ou boas férias. Não é necessário
ter um plano ordenado para o futuro. Nosso lar será perfeito quando nossos
relacionamentos forem perfeitos : quando expulsarmos o pecado e alcançarmos a
verdadeira comunhão.
O pecado é a única
coisa que não pertence à Sagrada Família. É o que desejamos expulsar de nossas
famílias. Desejamos ser um em caridade, estar em total comunhão. Esta é a
promessa da Sagrada Família : ser unidade em Jesus, Maria e José.
Sagrada Família de
Nazaré, alcançai para nós a graça do perfeito amor na vida familiar!’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2019/12/27/quando-sua-familia-se-sentir-distante-de-deus/
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