Mostrando postagens com marcador Sagrada Família. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sagrada Família. Mostrar todas as postagens

domingo, 29 de dezembro de 2024

Sagrada Família de Nazaré: testemunho de amor e perseverança

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Rodrigo de Castro


‘‘José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa, Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio’ (Lc 2,4-5) : aqui o evangelista cita os três personagens da Sagrada Família.

Um pouco adiante, quando os pastores, recebendo dos anjos a notícia do nascimento do Salvador, vão até o local, novamente, os três são citados : ‘Foram com grande pressa [os pastores] e acharam Maria e José, e o Menino [Jesus] deitado na manjedoura’ (Lc 2,16). Novamente Lucas, o mais minucioso dos quatro evangelistas, narra a presença da Sagrada Família, ouvindo dos pastores as coisas maravilhosas que lhes foram ditas pelos anjos a respeito daquele menino que nascera. E Lucas assim conclui a narrativa : ‘Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração’ (Lc 2,19).

Lucas citará ainda a presença de José, Maria e Jesus juntos em mais dois momentos. Um, quando o santo casal, para cumprir a lei de Moisés, leva o Menino Jesus ao templo para apresentá-lo ao Senhor, escrevendo assim : ‘Concluídos os dias de sua purificação [de Maria pós-parto] segundo a lei de Moisés, [José e Maria] levaram-no [o Menino Jesus] a Jerusalém para o apresentar ao Senhor’ (Lc 2,22).

A outra vez em que a Sagrada Família é relatada junta por Lucas será quando Jesus, aos 12 anos, viajou com os seus santos pais para Jerusalém, por ocasião da Páscoa judaica : ‘Seus pais [José e Maria] iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo Ele [Jesus] atingido 12 anos, subiram [a Sagrada Família junta] a Jerusalém, segundo o costume da festa’ (Lc 2,41-42). Depois, o santo casal não é mais citado por Lucas nem pelos outros evangelistas, a não ser Maria : nas bodas de Caná e aos pés da cruz.

A encarnação nos reaproxima do santo mistério de Deus se encarnando no seio de uma família para experimentar as nossas limitações (exceto o pecado) e, na vida adulta, entregar-se passivamente, como uma mera vítima pascal, para a remissão dos pecados de toda a humanidade : passada, presente e futura. Deus escolhe vir ao mundo por uma família!

Vocês sabem por que Deus veio ao mundo por uma família? Porque a família é fruto do único Sacramento que não foi destruído pelo pecado original de Adão e Eva, o Sacramento do Matrimônio. O maligno, com sua astúcia, conseguiu tirar os nossos primeiros pais do Paraíso, mas não conseguiu destruir a união a eles proferida por Deus, narrada no Gênesis : ‘Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher e já não são mais que uma só carne’ (2,24). E Jesus, questionado sobre esse Sacramento, confirma-o e conclui : ‘Portanto, não separe o homem o que Deus uniu’ (Mt 19,6).

Deus veio ao mundo, por meio de uma Família Sagrada, para santificar as famílias que, por sua união, participam do projeto dele para povoar a Terra com homens e mulheres que cuidam de sua obra : a natureza, os animais, a terra, o mar, o cosmos e todo o universo, que nem temos ciência de sua dimensão. Contemplar a Sagrada Família é enxergar a esperança nas famílias : parceiras de Deus na descendência humana, de geração a geração.

Assim, a nossa missão primeira aqui no santuário é a de incentivar as famílias a buscar a santidade, afastando-se gradualmente dos pecados e aproximando-se cada vez mais das coisas santas e sagradas : os sacramentos, as celebrações, o dízimo, a Palavra de Deus, os santos e tudo mais que nossa Igreja oferece. Assim, despertaremos em nós o amor que Deus espera de seus filhos e filhas. Amor ágape que São Paulo assim define : ‘O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta’ (1Cor 13,4-7). Nesse texto, Paulo nos aponta quinze atitudes que precisam existir no seio de sua família. Meditando-o, a sua família pode fazer um bom exame de consciência, preparando-se para o Natal.

Na Sagrada Família, encontramos razões para que a família se reconcilie, se está dividida; para que a família se restaure, se está ferida por mágoas e ressentimentos passados; para que se perdoe, se foi ferida pelos pecados da traição, das mentiras, dos remorsos e outros sentimentos ruins; para que sejam misericordiosas, para as situações que não têm mais soluções possíveis; enfim, para que as famílias se santifiquem se estão em pecado.

Ter um olhar para a família sob a ótica da Sagrada Família é isso, amados e amadas, e um dos frutos de uma família buscando a santidade é a caridade para com o próximo, vivendo o segundo mandamento : ‘Amar o próximo como a si mesmo’. Gesto libertador, como nos ensina São Pedro, nosso primeiro Papa, que conviveu com Jesus : ‘Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados (Pr 10,12)’ (1Pd 4,8). 

Caridade material, que faz com que aprendamos a dividir nossos bens materiais e espirituais com os que precisam, viver também essa dimensão do amor na família.

Na confiança de que sua família se empenhará a viver diferente com o exemplo da Sagrada Família, mais espiritual e menos material, exorto você a encontrar seu real espírito. Espírito de dar graças a Deus por Ele ter vindo ao mundo, por meio de uma família, para consolidar a santificação de nossas famílias aqui na terra com perseverança, colocando em prática a esperança e mergulhando no amor.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/sagrada-familia-de-nazare-testemunho-de-amor-e-perseveranca.html

sábado, 30 de dezembro de 2023

Quando sua família se sentir distante de Deus…

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Patrick Briscoe


Jesus escolheu, por um tempo em sua vida, tornar-se completamente dependente de seus pais.

Maria e José assumiram todas as responsabilidades de cuidar de uma criança. Há 2.000 anos, a Virgem Maria conheceu todos os aspectos da maternidade. Ela banhou o menino Jesus. Ela o alimentou. Ela aconchegou-o. José também tendia a chorar. Podemos imaginá-lo apoiando a Mãe Santíssima, dedicando todas as suas virtudes aos cuidados da família.

É uma imagem adorável. No entanto, cenas românticas da vida na Sagrada Família são muito mais do que mero sentimento. O encontro com a Sagrada Família é outra maneira de entender uma verdade cristã fundamental : Jesus é como nós em todas as coisas, exceto no pecado.

Jesus tinha tias, tios, primos. Como ele poderia não ter conhecido as celebrações familiares? Festas de casamento? Regozijando-se com novos nascimentos? Luto pela morte? Jesus teria visto sua mãe cuidar pacientemente de sua família. Ele viu o amor forte e fiel que José derramou sobre eles.

A vinda de Deus à terra está intimamente ligada à expressão básica da comunidade humana : a família. A família deve ser a primeira experiência de amor. Pais e mães devem contemplar com amor os filhos, aceitando-os como presentes de Deus, cuidando deles, amando-os. As crianças, por sua vez, devem olhar com amor o que seus pais, embora imperfeitamente, tenham feito : vendo suas virtudes pelo que são e retornando as primeiras expressões de amor com amor. Tomás de Aquino descreve a dívida que os filhos têm com os pais como ‘quase infinita’.

Dessa maneira, os pais tentam imitar Deus, que livremente cria e se entrega. Deus, que fez o mundo o tempo todo desejando o melhor para os homens, oferece à humanidade um convite para entrar em Seu amor. Ele é um pai. Pai amoroso, ele permite que seus filhos escolham se devem ou não devolver esse amor.

Jesus, nascido de uma virgem, entra neste mistério. Quando criança, ele se submete ao amor e às provações da vida familiar. A família, que é a entrada escolhida por Jesus para o mundo, começa a ter um significado não apenas sociológico, mas também salvador. Jesus não veio em uma nave espacial, em uma pintura ou apenas como uma palavra escrita. De todas as maneiras possíveis de proclamar sua verdade salvadora ao mundo, ele se inseriu nela como um bebê. Ele veio como parte de uma família. Dessa maneira, desde o início, a vida em família faz parte do plano de nossa salvação.

Mas às vezes nossas famílias se sentem muito distantes da Sagrada Família. Em alguns aspectos, isso não é surpresa. Afinal, a Sagrada Família era composta por duas pessoas que não tinham conhecido nenhum pecado, e uma terceira que era ‘justa’. As famílias comuns não são como essa.

Além disso, sabemos muito pouco sobre a vida real da Sagrada Família. A vida deles é oculta. Como freiras contemplativas ocupadas no claustro, afastadas do mundo, a vida da Família de Nazaré permanece obscura. Há tantos detalhes sobre a Sagrada Família que estão encobertos :  José preferia ovos mexidos ou algo mais fácil no café da manhã? Quais eram os tecidos favoritos de Maria para fazer roupas? Com que tipos de brinquedo Jesus brincava?

Por causa da natureza oculta da vida da Família de Nazaré e da natureza absolutamente única de sua santidade, não basta dizer simplesmente : ‘devemos ser como a Sagrada Família.’ A Sagrada Família tem que ser algo maior do que um modelo; tem que ser algo mais do que personagens dos quais nos lembramos.

Podemos não ser tão parecidos com a Sagrada Família quanto desejamos, mas eles são exatamente como nós. Eles vêem as alegrias e sofrimentos, as esperanças e provações de nossas famílias, e os conhecem bem. Agora numerada como ‘santos entre os santos nos corredores do céu’, a Sagrada Família pode olhar para nós a qualquer momento e derramar as graças e a misericórdia do céu.

Nascer em uma família cristã significa que nunca, nunca poderemos estar sozinhos. O mistério da nossa salvação está envolvido neste mistério da comunhão. Cultivar a santidade na vida familiar não consiste em enviar os filhos para as melhores escolas. A salvação não se consegue comprando uma casa confortável ou boas férias. Não é necessário ter um plano ordenado para o futuro. Nosso lar será perfeito quando nossos relacionamentos forem perfeitos : quando expulsarmos o pecado e alcançarmos a verdadeira comunhão.

O pecado é a única coisa que não pertence à Sagrada Família. É o que desejamos expulsar de nossas famílias. Desejamos ser um em caridade, estar em total comunhão. Esta é a promessa da Sagrada Família : ser unidade em Jesus, Maria e José.

Sagrada Família de Nazaré, alcançai para nós a graça do perfeito amor na vida familiar!

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2019/12/27/quando-sua-familia-se-sentir-distante-de-deus/