segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Os céus e a terra proclamam a glória de Deus (Sl 19[18], 1-7)

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da Madre Nirmala Narikunnel, OSB

Abadessa de Shanti Nilayam, India


Os céus proclamam a glória de Deus,

e o firmamento anuncia as obras de suas mãos.

O dia transmite ao dia a mensagem

e a noite dá conhecimento à outra noite. 


Não são palavras nem discursos

nem se ouve a sua voz.

Por toda a terra se difunde o seu som,

e até os confins do mundo vai sua mensagem. 


Ali armou uma tenda para o sol,

que sai como um noivo do quarto nupcial,

e exulta como um gigante a percorrer

o seu caminho. 


A sua saída é desde os confins dos céus

e o seu percurso vai até o outro extremo,

e nada pode subtrair-se ao seu calor.

 

O salmista seria talvez um pastor que cuidava de seu rebanho e admirava a criação de Deus. Mesmo sem qualquer conhecimento científico e ignorando a tecnologia do futuro, podia maravilhar-se com a criação e cantar este belo salmo.

Pela sua potente Palavra, Deus criou e organizou o universo inteiro, e os seus planos são irreversíveis. A glória, a magnificência, o esplendor de Deus manifestam-se no salmo. Deus é o criador dos céus e do sol que ilumina o mundo. Os corpos celestes e a sucessão regular do dia e da noite manifestam a glória de Deus e transmitem silenciosamente a sua mensagem, chamando-nos ao louvor de Deus. Deus arranjou maravilhosamente o universo e tudo o que ele contém é para o nosso bem. O céu e a terra manifestam a sua glória. As perfeições de Deus são proclamadas num silêncio eloquente pelo mundo criado. O salmista medita sobre o perfeito silêncio da natureza. Não podemos aproveitar as maravilhas da natureza senão em silêncio. Como o profeta Elias, encontraremos o Criador numa brisa suave. Sem palavra nem voz, a criação descreve a glória de Deus. Ela segue perfeitamente a lei da natureza. O sol não deixará de nascer ou de se pôr porque Deus Criador colocou ordem na criação, e ela segue perfeitamente a ordem que, a menos que ele o queira, não mudará.

São Bento consagra um capítulo inteiro da Santa Regra ao silêncio.  Somente no silêncio podemos encontrar Deus como também os nossos semelhantes. Quanto mais o espírito do Homem penetra no mundo que o envolve, mais este testemunho nos espanta pela sua grandeza e glória. Deus maravilhoso de um mundo maravilhoso que merece uma grande honra e uma grande glória. A glória de Deus significa a sua manifestação de si e a sua comunicação, exigindo a resposta de louvor do homem. Em numerosos outros salmos, o salmista convidará toda a criação a celebrar a grandeza do Criador, como, por exemplo, no Salmo 148.

A noite é a ausência de luz solar. A noite e o dia cantam a glória de Deus. O dia proclama o esplendor de Deus, e a noite o seu caráter escondido e o seu mistério. Nem o dia nem a noite podem falar como o homem, mas, não obstante, eles transmitem a sua mensagem enquanto «sacramentos» do poder e da majestade de Deus. A sua eloquência é silenciosa. O louvor prestado a Deus de dia como de noite cobre toda a terra; ela é entendida universalmente.

O sol é a principal e a mais evidente testemunha do esplendor de Deus. É poeticamente concebido como escondido em uma tenda no céu do Oriente antes de aparecer na aurora, e é comparado a um esposo vestido com trajes esplêndidos devido à intensidade do seu calor, e a um herói militar por causa da sua luz.

O salmista impressionou-se muito com o céu, a sequência ininterrupta dos dias e das noites, e o nascer e o pôr do sol. Compôs um poema e cantou-o em presença dos fiéis. O mundo da criação é um espelho que reflete Deus, e todos aqueles que creem como o salmista podem ver os reflexos de Deus no mundo natural. A extrema grandeza e o poder de Deus brilham no santuário celeste, na vasta extensão do céu e sobre toda a terra.

«O sol quando aparece, fazendo uma proclamação à medida que surge, é um instrumento maravilhoso, obra do Altíssimo. Ao meio-dia ele seca a terra, e quem pode suportar seu calor ardente? Um homem que se ocupa de uma fornalha trabalha em um calor feroz, mas o sol queima três vezes mais as montanhas, exala vapores ardentes e, com raios luminosos, cega a vista. Grande é o Senhor que o fez e a seu comando ele se apressa a seguir seu curso.» (Ben Sira 43)

«Louvado sejais, meu Senhor, com todas as vossas criaturas. Sobretudo pelo Irmão sol, que é o dia e através do qual vós nos concedeis a luz, e ele é belo e radiante com grande esplendor, e ele se assemelha a vós, ó Altíssimo.» (São Francisco de Assis)

Deus criou o céu e a terra, e a coroa da criação é o homem. O homem é um pouco menos de Deus (Sl 8). O salmista, um homem comum dotado de uma imaginação prodigiosa e de um profundo sentimento de temor, proclama a majestade e o poder do Criador. Mas o homem desfigurou a beleza da criação pelo pecado. Cristo, como a luz do sol, veio dissipar as trevas deste mundo. O Criador do imenso e maravilhoso universo é tão grande e poderoso, e, contudo, cuida dos seres humanos. Quando o homem abusa ou trata mal a criação, a natureza reage. Recentemente, o nosso mosteiro e as proximidades ficaram inundadas porque algumas pessoas lançaram dejetos na drenagem. Esta ficou bloqueada com chuvas incessantes que afetaram a nossa fazenda e a maior parte das nossas culturas, e contaminaram a água potável. Sofremos grandes perdas. Nada pudemos fazer até que a água recuasse lentamente e isto levou mais de uma semana. Quando a natureza reage, nada podemos fazer senão confiar em Deus transcendente presente na criação.

Rezando este salmo, podemos maravilhar-nos com a criação : com que sabedoria e amor Deus tudo planificou e organizou? Agradecemos a Deus Soberano do universo, todo sábio e todo poderoso, por tudo ter criado tão bom e tão belo. Todo o louvor e toda a glória a Deus pela sabedoria infinita, o seu poder, a sua beleza, a sua criatividade e o seu amor. Louvamos a Deus em nome de toda a criação. Louvar e glorificar o Criador e Sustentador do universo inteiro é o fim último de todas as criaturas e seres humanos.

Senhor Deus, nós te louvamos em nome de toda a criação. A beleza e a bondade de tudo o que fazes, bem como o sistema e a ordem perfeitos na natureza manifestam a tua sabedoria e o teu amor. Tudo o que fazes é uma maravilha. Aceita os louvores e a adoração que te oferecemos, e faz com que todos os seres humanos possam reconhecer a bondade e a sabedoria que estão ativas na criação, e louvar-te de todo o coração.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.aimintl.org/pt/communication/report/122

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