Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Certamente, muitos acham que a paz é a ausência de
guerra, e não o é. Ora, as pessoas e o mundo vivem em constantes guerras, e
todos os dias são desafiados a viver a paz — a paz que vem do mais íntimo do
coração, a paz que não é ausência de turbulências ou provações, mas uma paz
interior.
No Evangelho, Jesus diz claramente : ‘Deixo-vos a
paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o
vosso coração, nem se atemorize!’ (Jo 14,27). Ele diz isso no contexto que
antecipa a sua partida. Se a paz fosse conforme o mundo quer e compreende,
Jesus não se deixaria ser conduzido ao calvário e à morte, teria cessando-as;
porém, Ele quis passar por todo aquele tormento para dizer que, mesmo posto ao
extremo do escárnio e da dor, ali não seria o fim, mas apenas uma passagem para
uma realidade onde haveria a eterna paz, ou seja, o Céu. Por isso, a promessa
para os seus discípulos é a de que não se atemorizem, não fiquem com medo do
que irão contemplar : a dor e a morte de seu Mestre.
Dito isso, o primeiro passo para superar uma guerra
é enfrentá-la com o desejo de paz. Jesus teria toda a força necessária para
fugir de sua cruz, porém enfrentou-a. A guerra, por sua vez, não pode ser
entendida como sendo apenas bélica, mas, sobretudo, como a guerra interior.
Apesar dos sofrimentos exteriores que O alcançariam, Jesus estava em paz
consigo mesmo e em plena comunhão com o Pai, o que fez Dele a pessoa mais
inspiradora para se enfrentar uma guerra.
Se as coisas exteriores atormentam o tempo todo,
cabe a você saber de que lado quer ficar : do lado da paz consigo mesmo ou do
lado da guerra que lhe sobrevém das realidades externas. Se você estiver em paz
consigo mesmo, venha o que vier e aconteça o que acontecer, nada e ninguém o
tirarão do prumo, ou seja, do equilíbrio. Então, ter paz consigo e não ter medo
de enfrentar as guerras que hão de vir é passo seguro rumo à paz duradoura.
Você não tem o domínio de que as ‘guerras’ não
aconteçam; porém, tem o domínio de não permitir que elas o dominem. Os jovens
são aqueles que mais são desafiados a administrar suas emoções, até porque
ainda não possuem maturidade suficiente para enfrentar suas guerras. Por isso,
a Igreja os orienta tanto por meio da Sagrada Escritura quanto por meio do
Catecismo : ‘Não vos deixeis levar pela ira para o pecado! Não se ponha o sol
sobre a vossa ira!’ (Ef 4,26). Por sua vez, o Catecismo afirma que ‘a ira é,
primeiramente, uma emoção natural, como reação a uma injustiça sentida. Quando
da ira, porém, surge o ódio e se deseja mal ao próximo, aquele sentimento
normal torna-se uma grave falta contra o amor. Qualquer ira descontrolada,
sobretudo o pensamento vingativo, está orientada contra a paz e destrói a
‘tranquilidade da ordem’’ (Catecismo Jovem da Igreja Católica, 396). Daí
a necessidade de não se deixar levar pela ira, para não gerar ódio e, por
consequência, não alimentar a guerra.
É válido o princípio do Evangelho : ‘Eu, porém, vos
digo : amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem!’ (Mt
5,44). A oração é um caminho seguro para a paz. Se alguém quer guerra contigo,
que tal rezar por essa pessoa? Esta oração não será em vão : surtirá um efeito
muito grande não somente em sua vida, mas também na vida do outro. Há um
princípio que diz : ‘A briga só acontece quando os dois querem!’ De fato, se
você não quer guerra, mesmo que o outro queira, ele não terá forças para
retirar a sua paz. A paz é uma decisão e deve começar em você.
O líder pacífico Mahatma Gandhi já dizia : ‘Não há
caminho para a paz. A paz é o caminho!’ Assim sendo, que tal você entrar e
seguir esse caminho? Contudo, não lhe faltarão provações, mas, se a sua decisão
for a paz, a paz o acompanhará para sempre. A escolha é sua! Paz gera paz,
guerra gera guerra!’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/a-paz-nao-e-ausencia-de-guerra.html
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