Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘O Livro do êxodo e um dos mais conhecidos do
Antigo ou Primeiro Testamento e a história da caminhada do Povo de Deus pelo
deserto é um dos eventos centrais da narrativa bíblica porque marcou não apenas
a libertação dos hebreus da escravidão no Egito, liderados por Moisés, mas
passou a ter um simbolismo muito grande na vida do povo e na história de cada
pessoa, por que a nossa vida nesse mundo é identificada como o nosso êxodo particular em
busca da eternidade.
De tão importante o Êxodo se transformou em temas
de filmes, novelas e séries da TV, e mesmo na atualidade continua inquietando
as pessoas que, muitas vezes, não sabem interpretar o seu real significado.
De acordo com o seu relato os israelitas, após
terem vivido e se multiplicado por várias gerações no Egito, passaram a ser
oprimidos e escravizados pelos faraós que, temendo o crescimento populacional
dos hebreus, impôs a eles trabalhos forçados e buscou controlar o seu aumento,
chegando a ordenar a morte dos recém-nascidos do sexo masculino.
O êxodo se transformou no ‘mito fundador dos
israelitas’, que também existe em outras nações, a exemplo de Roma,
que tem a versão histórica e a versão lendária de sua fundação. Para os
escritores sagrados não importante se e como aconteceu, mas o evento simboliza
não apenas a passagem da escravidão para a liberdade, mas funciona como uma
escola de pedagogia necessária para a construção da nação sob a orientação
divina. Êxodo se confunde também com a história do próprio povo.
São estes, pois, os nomes dos filhos de Israel que
entraram com Jacó no Egito, cada um com a sua respectiva família : Rúben,
Simeão, Levi e Judá; Issacar, Zebulom e Benjamim; Dã, Naftali, Gade e Aser. Ao
todo, os descendentes de Jacó eram setenta; José, porém, já se encontrava no
Egito.
Ora, morreram José, todos os seus irmãos e toda
aquela geração. Os israelitas, porém, eram férteis, proliferaram, tornaram-se
numerosos e fortaleceram-se muito, tanto que encheram o país. Então subiu ao
trono do Egito um novo rei, que nada sabia sobre José. Disse ele ao seu povo : ‘Vejam!
O povo israelita é agora numeroso e mais forte que nós. Temos de agir com
astúcia, para que não se tornem ainda mais numerosos e, no caso de guerra,
aliem-se aos nossos inimigos, lutem contra nós e fujam do país’.
Estabeleceram, pois, sobre eles chefes de trabalhos
forçados, para os oprimir com tarefas pesadas. E assim os israelitas
construíram para o faraó as cidades-celeiros de Pitom e Ramessés. Todavia,
quanto mais eram oprimidos, mais numerosos se tornavam e mais se espalhavam.
Por isso os egípcios passaram a temer os israelitas, e os sujeitaram a cruel escravidão. (Êx
1,1-13).
Moisés e a libertação do povo
Segundo as narrativas históricas os hebreus foram
ao Egito em busca de terras férteis, fugindo da fome e da escassez de
alimentos, que atingiram a região de Canaã por volta de 1750 a.C, porque o
Egito, conhecido na antiguidade como ‘celeiro do Oriente’, por causa das terras
férteis banhadas pela água abundante das cheias do Nilo, era o local ideal para
uma população que dependia da agricultura e pecuária viver.
É possível que a chegada dos hebreus ao Egito tenha
ocorrido durante a invasão dos Hicsos, povo de origem semita, conhecido como ‘Povo
do Mar’ que dominou o Egito numa época de desorganização. Com a expulsão dos
invasores os hebreus foram transformados em escravos por cerca de 400 anos.
No contexto de opressão nasce Moisés, salvo da
morte pela filha do faraó e criado na corte egípcia que, ao conhecer a real
situação dos hebreus, se transformaria no libertador de seu povo.
Disse Deus ainda a Moisés : ‘Eu sou o Senhor. Apareci
a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-poderoso, mas pelo meu nome, o
Senhor, não me revelei a eles. Depois estabeleci com eles a minha aliança para
dar-lhes a terra de Canaã, terra onde viveram como estrangeiros. E agora ouvi o
lamento dos israelitas, a quem os egípcios mantêm escravos, e lembrei-me da
minha aliança.
Por isso, diga aos israelitas : Eu sou o Senhor. Eu
os livrarei do trabalho imposto pelos egípcios. Eu os libertarei da escravidão
e os resgatarei com braço forte e com poderosos atos de juízo. Eu os farei meu
povo e serei o Deus de vocês. Então vocês saberão que eu sou o Senhor, o Deus
de vocês, que os livra do trabalho imposto pelos egípcios. E os farei entrar na
terra que, com mão levantada, jurei que daria a Abraão, a Isaque e a Jacó. Eu a
darei a vocês como propriedade. Eu sou o Senhor’. (Êx 6,2-8)
Porque o deserto?
O êxodo começa com a partida dos israelitas em
direção à Terra Prometida, liderados por Moisés e seus continuadores, numa
longa jornada pelo deserto que duraria 40 anos.
A distância do Egito até a Terra de Canaã era
apenas 200 km, existindo um caminho conhecido como ‘Estrada Real’ que ligava as
duas regiões com segurança. Até hoje as pesquisas arqueológicas não encontraram
nenhum vestígio da caminhada do povo pelo deserto. As estimativas mais
exageradas chegam a falar de 600 mil pessoas e durante a caminhada os
israelitas enfrentam dificuldades e provações.
O percurso mais curto e direto para a Terra
Prometida foi evitado por Deus, e o povo, debilitado pelo cativeiro e sem
experiência em guerra, sentiu medo e desejo de voltar ao Egito. Deus optou
por um caminho mais longo para preparar o povo para os desafios futuros.
A leitura do Êxodo mostra que não se trata apenas
da libertação física da escravidão, mas do momento da consumação da aliança
entre Deus e o povo. Durante a caminhada pelo deserto, os israelitas
aprenderiam a confiar em Deus, recebendo as instruções para viver como um povo
consagrado a Ele
O Êxodo se torna o evento fundante do povo de
Israel, marcando o início de sua história como nação sob a orientação direta de
Deus. A história do Êxodo também influenciou inúmeras outras tradições
religiosas e tem sido uma fonte de inspiração para movimentos de libertação ao
longo da história.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2025-09/curiosidades-biblia-historia-exodo.html
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