Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Bispo auxiliar de Porto Alegre, RS
‘Inquestionável que há um grito, uma inquietação no
coração humano que perpassa todos os povos, tempos e lugares. A sensação de
ausência de algo está sempre presente. É uma sede, um desejo que, quase sempre,
não se compreende a razão. Em outras palavras, há uma sede de sentido mais
profundo da própria vida, sede de plenitude, de paz, de alegria, que, a partir
de um olhar marcado pela fé, é, na verdade, uma profunda sede de Deus. Já
afirmava Santo Agostinho : ‘Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa
em ti’.
O ser humano precisa reconhecer e aceitar que essa
sensação de incompletude é algo constitutivo do próprio ser. Tal compreensão o
leva a perceber que o homem não é o senhor da verdade e nem tem resposta para
muitas questões da existência humana. Eis a razão pela qual precisa ter
consciência de ser criatura imperfeita, limitada e frágil e como tal deve-se
reconhecer. Em outras palavras, reconhecer-se sedento de infinito, de
plenitude, de algo que o completa totalmente. Esse sentido verdadeiro da vida,
sem dúvida, não será encontrado em coisas materiais ou em outras criaturas
humanas. Assim sendo, essa consciência de uma sede de infinito favorecerá
abertura maior ao transcendente que, na nossa visão de fé, é o próprio Deus
criador e redentor da humanidade.
Já dizia o salmista : ‘Ó Deus, tu és o meu Deus,
desde a aurora eu te busco. Minha alma tem sede de ti; por ti deseja a minha
carne, numa terra deserta, seca, sem água’ (Sl 63). Quando a pessoa não busca
em Deus a resposta para essa sede presente no coração, certamente buscará em
outras fontes, contudo, essas outras fontes, na verdade, são puras ilusões que
vão aos poucos gerando um vazio existencial e levando a pessoa à perda do
sentido da própria vida. É o que acontece com muitos que são apegados aos bens
materiais, ao poder e também aos prazeres passageiros, acreditando que isso,
sim, é viver. Sem contar que, vivendo assim, geram sofrimentos para si e,
consequentemente, para tantos outros. Exemplo disso é a ganância que, muitas
vezes, cega o ser humano e leva à destruição de tantos semelhantes e também do
meio ambiente. Os mais pobres e já fragilizados da sociedade são sempre os que
mais sofrem com isso.
Que cada ser humano compreenda melhor o que
verdadeiramente é importante e essencial na vida e não se deixe levar pelas
falsas promessas de felicidade que o mundo apresenta. Compreender o verdadeiro
sentido da vida supõe aceitá-la como um dom precioso de Deus e, por isso,
vivê-la com responsabilidade e zelo.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/uma-sede-insaciavel-no-coracao-humano.html
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