Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Sobre as origens do
profeta Amós, temos poucos dados. Ele representa o mais antigo profetismo
escriturístico. Nasceu em Tegoa (cidade localizada a dezessete quilômetros ao
sul de Jerusalém) e apresentou-se no reino do norte (Samaria) em 760 a.C. como
profeta do juízo. Em seu livro ele aparece como sendo homem do campo, lavrador.
Diz-se que era pastor, mas, isso não pode ser entendido como sua profissão e
sim no sentido de salvação e libertação do seu povo, ao estilo de Moisés e
Davi, pois sua participação profética se dá a partir do chamado a obedecer a
Deus (cf. Am 7,14-15).
Nessa época, o reino
de Israel encontrava-se economicamente em ascendência, contudo, a hipocrisia
religiosa, o luxo e a perversão sexual tomaram conta da sociedade, destruindo
moralmente as consciências. Embora o povo se sentisse religioso e fizesse
peregrinações aos santuários, os excessos de promiscuidade eram evidentes. Amós
anuncia a ruína desse estilo de vida desmascarando a segurança dos israelitas e
a queda do reino do norte (cf. Am 7,7-8).
No entanto, nesse
horizonte ameaçador aparece uma pequena luz consoladora. Acontecerá uma mudança
drástica, mas o Senhor não os abandonará e manterá a aliança feita com os
antepassados. A esperança está numa mudança sincera de vida por meio da
penitência. A glória de Israel virá com o Messias prometido da descendência de
Davi.
A mensagem de Amós é
bem clara: de esperança e perdão para que se restabeleçam os princípios morais
de Javé. Os sinais que acompanham esse desejo de mudança estão na natureza e
nos acontecimentos históricos, isto é, o Senhor dá sinais para retomarem o caminho
correto.
Amós representa um
novo jeito de ser profeta, centrado na justiça social baseada na solidariedade
com os oprimidos e pisados pelo sistema dominante vigente. Dentro de um povo
dominado pela violência, manipulado pela idolatria, tendo a vida assaltada pelo
sofrimento, resta ao profeta levantar sua voz contra tudo aquilo que fere a
dignidade humana. Foi ameaçado, perseguido, insultado e perseverou na luta por
Deus.
Com ele aprendemos a
ser perseverantes e nunca nos vender aos sistemas que exploram e nos afastam da
graça de Deus. A verdade deve reinar em nossas condutas para que a beleza da
Palavra de Deus resplandeça com fervor sobre aqueles que ainda vivem na
cegueira da ganância e do egoísmo. Essa é a vocação do profeta : sacudir a
consciência dos que se acomodaram e compactuam com a cultura da conformidade e
da indiferença. Os profetas não vieram para agradar e falar coisas bonitas,
mas, para nos ensinar a viver com fidelidade à missão que Deus nos reservou.
‘A verdadeira
profecia nasce de Deus, da amizade com Ele, da escuta diligente da sua Palavra
nas diversas circunstâncias da história. O profeta sente arder no coração a
paixão pela santidade de Deus e, depois de ter acolhido a Palavra no diálogo da
oração, proclama-a com a vida, com os lábios e com os gestos, fazendo-se
porta-voz de Deus contra o mal e o pecado.’ (São João Paulo II)’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/amos-o-justo.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário