Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Dom Fernando Arêas Rifan
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
‘Nesse tempo de
internet, em que se pode anonimamente falar mal à vontade de todo o mundo, em que se compartilham notícias sem preocupação com a verdade delas, em que se
pode postar boatos que denigrem o bom nome das pessoas, em que se pode dizer
meias verdades que impressionam e destroem a fama alheia, vale a pena recordar
o que dizem os santos a respeito desse vício, que leva o nome de maledicência.
O exagero, a caricatura, a meia-verdade, a reticência, a suspeita lançada ao
ar, são tipos de maledicência que se assemelham à mentira, e até piores do que
ela, por serem mais sedutoras.
O Catecismo da Igreja Católica ensina : ‘Toda pessoa goza de um direito
natural à
honra do próprio
nome, à
sua reputação e ao seu respeito. Dessa forma, a maledicência e a calúnia ferem
as virtudes da justiça e da caridade’ (C.I.C. 2479).
‘Não procures fazer figura pondo-te
a criticar os outros e aprende a tornar mais perfeita a tua vida antes que
denegrir a dos outros. São verdadeiramente poucos os que sabem afastar-se deste
defeito, e é bem raro encontrar alguém que queira mostrar-se tão
irrepreensível, na sua vida, que não critique com satisfação a vida alheia. Não
há outra coisa, de fato, que ponha a alma em tanto barulho e que torne o
espírito tão volúvel e leviano quanto o prestar fé com facilidade a tudo, e dar
ouvido temerariamente às palavras dos críticos. E daí que surgem discórdias
sobre discórdias e sentimentos de ódio que não têm motivo de ser. É justamente
este defeito que frequentemente torna inimigas pessoas que, antes, eram amigas
do peito. Se este mal está universalmente difuso, se este vício está vivo e
forte em muitos, é justamente porque encontra, quase em todos, ouvidos
complacentes’ (São Jerônimo, Carta IV, 148, 16).
‘Quem
tira injustamente a boa fama ao seu próximo, além do pecado que comete, está
obrigado à restituição inteira e proporcionada à natureza, qualidade e
circunstância da maledicência, porque ninguém pode entrar no céu com os bens
alheios, e entre os bens exteriores a fama e a honra são os mais preciosos e os
mais caros... A maledicência, afinal, proferida a modo de gracejo, é a mais
cruel de todas... Nunca digas : fulano é um bêbado ou ladrão, mesmo que o vejas
uma vez embriagar-se ou roubar; seria uma inverdade, porque uma só ação não dá
nome às coisas... Noé e Ló embriagaram-se uma vez e nem por isso foi bêbado
nenhum dos dois. Nem tão pouco foi São Pedro um blasfemador e sanguinário,
porque blasfemou um dia e feriu um homem uma vez. O nome de vicioso ou virtuoso
supõe um hábito contraído por muitos atos repetidos do vício ou duma virtude...
Todas as coisas aparecem amarelas aos olhos dos achacados de icterícia... A
malícia do juízo temerário, dum modo semelhante a esta doença, faz aparecer
tudo mau aos olhos dos que a apanharam... Eis aí como devemos julgar do próximo
: o melhor possível; e, se uma ação tivesse cem aspectos diferentes, deveríamos
encara-la unicamente pelo lado mais belo’ (São Francisco de Sales, Filoteia).
‘Se
alguém não peca pela língua, esse é perfeito’ (Tg 3, 2)’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-01/dom-fernando-rifan-maledicencia.html
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