Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘As Servas da
Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria de Stary Wieś vivem em
Przemyśl, a 12 km da fronteira com a Ucrânia. Desde as primeiras horas após o
início da guerra, comprometeram-se na ajuda aos refugiados da Ucrânia.
A
irmã Ewa Mehal relata : «No primeiro dia da guerra, começamos a oferecer
sanduíches e bebidas quentes na fronteira, na estação de comboios e no centro
de refugiados. Muitas pessoas traziam comida para os refugiados, mas
apercebemo-nos que essas pessoas estavam a dormir na estação. Estávamos
especialmente preocupadas em assegurar que as mães com crianças pequenas, os
idosos e os deficientes pudessem ter um alojamento à noite. Íamos à estação
ferroviária, onde os refugiados estavam acampados à espera dos comboios, e oferecíamos-lhes
dormida no mosteiro. Com o nosso carro, levávamo-los para a nossa casa».
Contudo,
isto não foi fácil, pois eram convidados por pessoas para eles desconhecidas.
«Era preciso conquistar a sua confiança. Era preciso romper as barreiras, gerar
a confiança neles pois nem todos queriam ir dormir num lugar desconhecido.
Estavam preocupados em saber o que teria acontecido depois, longe da estação,
porque queriam estar perto da fronteira», recorda a irmã Ewa.
O
primeiro auxílio
A
irmã Ewa Mehal descreveu o primeiro socorro aos refugiados assustados e
famintos provenientes da Ucrânia : «a primeira coisa era uma refeição quente,
começava-se por isto. Depois um banho para se lavar e a dormida.
Contemporaneamente realizamos um armazém para ter ao alcance as coisas mais
necessárias, pois havia muitos benfeitores da Polonia e do exterior.
Perguntávamos a estas pessoas o que lhes era mais necessário para prosseguir a
viagem. Chegavam pessoas muito cansadas que nos diziam que não se lavavam há
dias. Às vezes chegavam diretamente dos refúgios».
Mães
com crianças pequenas
«As
mães com filhos pequenos estavam na situação mais difícil. A criança mais nova
tinha três semanas. Foi necessário criar condições especiais para estas mães e
os bebês precisavam de cuidados especiais. Fizemos um parque infantil no pátio.
Por vezes, as famílias vinham ter conosco a altas horas da noite e as crianças
nem sequer queriam entrar em casa, mas começavam imediatamente a brincar no
pátio», relata a irmã Ewa Mehal.
A
religiosa recorda também as saídas à noite : «Por vezes, quando alguém
precisava de ajuda, íamos à estação à meia-noite. Nestes casos, tratava-se
muitas vezes de crianças pequenas. Os voluntários telefonavam da estação a
dizer que havia uma família ou uma mãe com vários filhos que não tinham onde
dormir. Nós levávamo-las para casa. Depois, voltávamos a acompanhá-las ao
comboio com o qual queriam continuar a viagem».
O
mutirão envolvido no apoio a refugiados
«Devido
ao grande número de refugiados que chegavam continuamente à Casa de Przemyśl
(cerca de 40 pessoas por dia), fomos apoiadas pelas nossas irmãs das outras
casas da Congregação. Chegaram a Przemyśl para ajudar os refugiados três irmãs
que trabalham na Ucrânia e quando a guerra começou estavam na Polonia : a irmã
Krystyna, a irmã Łucja e a irmã Irina. O seu conhecimento da língua ucraniana
ajudou na comunicação com os refugiados», disse a irmã Ewa Mehal.
A
organização de uma ajuda tão rápida e eficaz foi possível graças ao
envolvimento de muitas pessoas. A irmã Ewa Mehal sublinhou : «Todas as irmãs —
tanto na Polonia como no estrangeiro, incluindo a Ucrânia — participaram na
ajuda aos refugiados através da oração e do serviço, fazendo donativos em
dinheiro e bens materiais, organizando recolhas e participando em iniciativas.
Prepararam também transportes de alimentos, vestuário, medicamentos, material
para medicação e produtos de higiene».
A
gratidão
As
pessoas que experimentaram esta ajuda estão muito gratas. Eis um dos e-mails
que enviaram às irmãs na Ucrânia que ofereceram os primeiros socorros nas suas
casas :
«Gostaríamos
de agradecer de coração às Irmãs pelo carro que nos ofereceram para a nossa viagem
rumo à nova casa na Inglaterra. A possibilidade de viver convosco multiplicou
em nós a fé no ser humano; apesar dos momentos difíceis que vivemos no
presente, pudemos ver uma mão estendida. Estamos muito gratos a vós, a toda a
família, pela vossa ajuda. Foi também para nós a experiência do amor de Deus e
da sua presença na nossa vida. Ele não nos deixa sozinhos, mas, especialmente
nos momentos difíceis, enviou-nos os Seus anjos que tomaram conta de nós.
Taras». Chegaram muitos agradecimentos como este.
A
ajuda das irmãs na Polônia
Desde
o início do conflito, mais de 1000 casas de religiosas na Polonia participam de
diferentes formas na ajuda aos refugiados da Ucrânia. Além das atividades na
Polonia, na Ucrânia atualmente desempenham o seu ministério 154 religiosas
polacas, ou seja, um total de 40% das religiosas. De acordo com os dados mais
recentes da Consulta das Congregações religiosas femininas, atualmente os
ucranianos estão presentes em 213 casas e centros religiosos. As pessoas que
desejarem apoiar as irmãs na ajuda aos ucranianos podem contactar a Consulta das Congregações
religiosas femininas.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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