Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
eremita
na Diocese de Amparo, BA
‘Este artigo apresenta,
de modo bastante resumido, a vida de São Romualdo de Ravena e alguns aspectos
da Congregação Camaldolense da Ordem de São Bento nascida a partir do exemplo
desse santo.
Romualdo
– descendente de uma família nobre, de sobrenome Honesti –, nasceu, por volta
do ano 952, em Ravena, no Centro Norte da Itália. De início, a fé pouco lhe
importava, embora a contemplação da natureza já lhe despertasse um latente
desejo das coisas eternas e da solidão para se ocupar só de Deus. Aos vinte
anos, no entanto, Romualdo presenciou – forçado por Sérgio, seu pai –, um duelo
entre este e um parente próximo numa disputa por terras. No combate, Sérgio
matou seu oponente. Ora, isso fez nosso futuro santo se sentir, de algum modo,
culpado e desejar, por isso, expiar sua culpa. Foi, então, passar 40 dias no
mosteiro de Santo Apolinário, em Classe, perto de Ravena. Concluída a fase de
expiação, Romualdo teve uma visão do santo patrono do mosteiro e decidiu
tornar-se monge naquela comunidade.
Dada
a seriedade com que levava a vida monástica, despertou certo desconforto nos
seus irmãos de hábito. Deixou, então, o mosteiro e, com Marino, passou a viver
por algum tempo, uma vida eremítica. A convite dos monges de São Miguel de
Cusan, na França, aí habitou por quatro anos e, graças ao abade Guarino,
adquiriu boa cultura monástica. Por inspiração de Deus, começou a restaurar e a
construir mosteiros em vários regiões e a enviar monges para terras de missão.
O próprio Romualdo, aliás, desejoso de ser mártir, partiu para evangelizar
outros povos, mas, impedido por problemas de saúde, não conseguiu realizar essa
santa aspiração.
Lembremo-nos,
aqui, de que o seu mais famoso mosteiro foi edificado, em 1025, em Arezzo, na
Itália, e chama-se Camáldoli. Daí o nome da Congregação : Camaldolense. Ao
entregar sua alma a Deus, em 19 de junho de 1027, nosso santo vira a conversão
de seu pai, que também se fez monge, e a expansão de seus filhos espirituais
por várias terras (cf. São Pedro Damião. A Vida de São Romualdo.
Camáldoli, 1988).
Sobre
essa perdurável obra de Romualdo, o Bem-aventurado Rodolfo († 1088) escreve : ‘O
eremitério de Camáldoli foi edificado pelo santo pai eremita Romualdo […].
Tendo construído ali cinco celas, o santo estabeleceu nesse lugar cinco de seus
irmãos companheiros […]. Isso feito, encontrou mais abaixo um lugar chamado
Fonte Boa, e construiu uma morada, estabelecendo ali um monge com três irmãos
conversos para a acolhida dos hóspedes’ (VV. AA. Como água da fonte.
São Paulo: Loyola, 2009, p. 25). Em outras palavras, no alto, havia o
eremitério; na planície, a casa de hospedagem que, com o tempo, tornou-se um
mosteiro de vida comum.
Disso
tudo, conclui-se o seguinte: ‘Camáldoli era uma comunidade monástica que vivia
ao mesmo tempo – e quase que no mesmo espaço – a vida cenobítica-comunitária e
a vida eremítica-solitária’ (idem, p. 10). Em suma, é um modo de vida
monástico plural. Sim, ‘a Congregação Camaldolense da Ordem de São Bento é
constituída por eremitérios e mosteiros. O elemento característico da tradição
camaldolense é a unidade da família monástica no triplo bem de
cenóbio-eremitério-evangelização. Três são os bens para aqueles que procuram o
caminho do Senhor : para os noviços que vêm do mundo, o desejável cenóbio; para
os maduros sedentos de Deus, a áurea solidão do eremitério; enfim, para aqueles
que anseiam ‘dissolver-se e estar com Cristo’, o anúncio do Evangelho entre os
pagãos’ (ibidem, p. 11. Cf. São Bruno di Querfurt. Vita dei
Cinque Fratelli. Camáldoli, 1951, p. 41).
Fiel
à tradição já quase milenar, mas aberta aos sinais dos tempos, na obediência à
Igreja, a Congregação Camaldolense da Ordem de São Bento se faz presente em
vários países, inclusive no Brasil. Aqui, depois de uma fundação que não
prosperou, no século XIX, em Caxias do Sul (RS), os camaldolenses retornaram,
em 1985, a convite de Dom Emilio Pignoli, então bispo da diocese de Mogi das
Cruzes (SP), para fundar um mosteiro numa aprazível área rural desse município
e aí estão a serviço de Deus e do próximo.
Para
mais informações : delredo@hotmail.com (Prior).’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2023/03/05/sao-romualdo-e-os-monges-camaldolenses/
Nenhum comentário:
Postar um comentário