Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Frei Raniero Cantalamessa, OFMCap,
pregador oficial da Casa Pontifícia (Vaticano)
Tradução
: P. Ricardo Farias, OFMCap
‘Entre vocês existe um que você não conhece!’ É o grito triste de
João Batista ouvido no Evangelho do Terceiro Domingo do Advento que gostaríamos
de receber neste último encontro antes do Natal.
Na memorável mensagem ‘Urbi et orbi’ de 27 de março passado na
Praça São Pedro, após ter lido o evangelho da tempestade acalmada, o Santo
Padre se perguntava em que consistia a ‘pouca fé’ que Jesus censurava
nos discípulos, e explicava :
Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O
invocam : ‘Mestre, não te importas que pereçamos?’ (Mc 4,38). Não
te importas : pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide
deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos
dizer : ‘Não te importas de mim’. É uma frase que fere e desencadeia
turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se
importe mais de nós do que Ele.
Podemos perceber também uma outra nuance na reprovação de Jesus. Eles não
tinham entendido quem era que estava com eles no barco; não tinham entendido
que, com ele dentro, o barco não podia afundar porque Deus não pode perecer.
Nós, discípulos de hoje, cometeremos o mesmo erro dos apóstolos e mereceremos a
mesma reprovação de Jesus se, na violenta tempestade que se abateu sobre o
mundo com a pandemia, nós nos esquecêssemos que não estamos sós no barco e à
deriva nas ondas.
A festa do Natal nos permite alargar o horizonte : do mar da Galileia ao
mundo inteiro, dos apóstolos a nós : ‘E a Palavra se fez carne e veio morar
entre nós’ (Jo 1,14). O verbo grego no aoristo, eskenosen (literalmente,
‘fincou a tenda’), expressa a ideia de uma ação cumprida e irreversível.
O Filho de Deus desceu sobre esta terra e Deus não pode perecer. O cristão pode
proclamar com razão mais forte do que a do salmista :
Deus é nosso refúgio e fortaleza,
socorro sempre encontrado nos perigos.
Por isso, não temeremos,
e se a terra tremer, e se as montanhas
afundarem no mar (...).
Deus está em seu meio, ela não se
abalará (Sl 46,2-4).
‘Deus está conosco’, isto é, está do lado do homem, é seu amigo e
aliado contra as forças do mal. Devemos reencontrar o significado primordial e
simples da encarnação do Verbo, para além de todas as explicações teológicas e
dos dogmas construídos sobre ela. Deus veio habitar em nosso meio! Quis fazer
deste evento o seu nome próprio : Emanuel, Deus-conosco. O que Isaías
profetizara, ‘A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o
nome de Emanuel’ (Is 7,14), tornou-se fato realizado.
Devemos, eu dizia, remetermo-nos para antes de todas as controvérsias
cristológicas do V século – para antes dos concílios de Éfeso e Calcedônia –
para reencontrar o paradoxo e o escândalo encerrados na afirmação : ‘A
Palavra se fez carne’. É interessante voltar a escutar a reação de um pagão
culto do II século, que veio a tomar conhecimento daquela afirmação dos cristãos.
‘Filho de Deus – exclamava o filósofo Celso, horrorizado – um homem vivido
há poucos anos?’ Logos eterno, alguém ‘de ontem ou anteontem?’, um
homem ‘nascido em um lugarejo da Judeia, de uma pobre fiandeira?’ [1].
Não admira. A união perfeita da divindade e da humanidade na pessoa de Cristo
era a maior de todas as novidades possíveis, ‘a única coisa nova debaixo do
sol’, como o define São João Damasceno [2].
A primeira grande batalha que a fé em Cristo teve que encarar não foi
aquela acerca de sua divindade, mas sobre sua humanidade e a verdade da
encarnação. À origem desta recusa, estava o dogma de Platão, segundo o qual ‘nenhum
Deus se mistura ao homem’ [3]. Santo Agostinho descobriu, por
experiência própria, a raiz última da dificuldade em crer na encarnação, ou
seja, a falta de humildade. ‘Não sendo humilde – escreve nas Confissões –
eu não compreendia a humildade de Deus’ [4].
A sua experiência nos ajuda a entender a raiz última do ateísmo moderno e
nos indica o único modo possível para superá-lo. A partir de Hermann Samuel
Reimarus no século XVIII, tudo foi um assalto à verdade histórica do Evangelho
e à divindade de Cristo. Jesus disse : ‘Eu sou o caminho, a verdade e a
vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim’ (Jo 14,6). Uma vez declarada
intransitável esta única via de acesso a Deus, foi fácil passar primeiro ao
deísmo e, em seguida, ao ateísmo.
A experiência de Agostinho – eu dizia – indica também a via para superar o
obstáculo : depor o orgulho e aceitar a humildade de Deus. ‘Eu te louvo,
Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e
entendidos e as revelaste aos pequeninos’ (Mt 11,25) : toda a história da
incredulidade humana é explicada por estas palavras de Cristo. A humildade
fornece a chave para entender a encarnação. É preciso pouca força para
expor-se; é preciso muita, ao contrário, para colocar-se de lado e se apagar.
Deus é esta força ilimitada de ocultação de si mesmo : ‘Mas esvaziou-se,
assumindo a forma de servo... Humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte’
(Fl 2,7-8).
Deus é amor, por isso é humildade! O amor cria dependência da pessoa
amada, uma dependência que não humilha, mas torna felizes. As duas frases ‘Deus
é amor’ e ‘Deus é humildade’, são como dois lados da mesma moeda.
Mas o que significa a palavra humildade aplicada a Deus e em que sentido Jesus
pode dizer : ‘Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração’
(Mt 11,29)? A explicação é que a humildade essencial não consiste no ser pequeno
(pode-se ser pequeno sem, de fato, ser humilde); não consiste no considerar-se pequeno
(isso pode depender de uma má ideia de si mesmo); não consiste em proclamar-se pequeno
(pode-se dizê-lo sem crê-lo); consiste em fazer-se pequeno e
fazer-se pequeno por amor, para elevar os demais. Neste sentido, realmente
humilde é somente Deus.
Quem é como o Senhor, o nosso Deus, que
reina em seu trono nas alturas,
mas se inclina para contemplar o que
acontece nos céus e na terra?
Ele levanta do pó o necessitado e ergue
do lixo o pobre (Sal 113, 5-7).
Tinha-o compreendido, sem muitos estudos, Francisco de Assis, que, em seus
‘Louvores a Deus Altíssimo’, em um certo ponto, voltado para Deus, diz :
‘Vós sois humildade!’, e em sua ‘Carta a toda a Ordem’, exclama :
‘Vede, irmãos, a humildade de Deus’ [5]. Eis que se humilha –
escreve em uma de suas Admoestações – diariamente, como quando veio do trono
real ao útero da Virgem’ [6].
O Natal é a festa da humildade de Deus. Para celebrá-la em espírito e
verdade, devemos nos fazer pequenos, como devemos nos abaixar para entrar pela
porta estreita que dá acesso à Basílica da Natividade em Belém.
‘No meio de vós está quem não
conheceis!’
Mas voltemos ao coração do mistério : ‘E a Palavra se fez carne e veio
morar entre nós’. Deus está conosco, irrevogavelmente. Isto é, de agora em
diante, o objeto central da profecia cristã. Zacarias saúda o Precursor
chamando-o ‘profeta do Altíssimo’ (Lc 1,76) e Jesus diz que ele é ‘muito
mais que profeta’ (Mt 11,9). Mas em que sentido João Batista é um profeta?
Onde está a profecia, em seu caso? Os profetas bíblicos anunciavam uma salvação
futura; João Batista não anuncia uma salvação futura; aponta, ao contrário,
para alguém que está presente ali, diante dele. Os profetas antigos ajudavam o
povo a ultrapassar a barreira do tempo; João Batista ajuda o povo a ultrapassar
a barreira, ainda mais espessa, das aparências contrárias. O Messias tão
esperado – aguardado pelos patriarcas, anunciado pelos profetas, cantado pelos
salmos – seria, portanto, aquele homem de aspecto e origens tão humildes e
ordinárias, do qual tudo se sabe, inclusive o vilarejo de origem?
É relativamente fácil acreditar em algo de grandioso e divino, quando se
projeta em um futuro indefinido : ‘naqueles dias’, ‘nos últimos
tempos’, em uma paisagem cósmica, com os céus que orvalham doçura e a terra
que se abre para germinar o Salvador (cf. Is 45,8). É mais difícil quando se
deve dizer : ‘Ei-lo! É ele!’. O homem é tentado a logo dizer : Só isso? ‘De
Nazaré pode sair algo de bom?’ (Jo 1,46); ‘Este, porém, nós sabemos de
onde é’ (Jo 7,27).
Este era um dever profético sobre-humano, e se entende porque o Precursor
é definido ‘muito mais que profeta’. Ele é o homem que aponta para uma
pessoa e pronuncia um peremptório ‘Eis, Ei-lo! Eis o Cordeiro de Deus!’
(Jo 1,29). Que calafrio deve ter experimentado o corpo daqueles que receberam
por primeiro tal revelação. Uma poderosa ação do Espírito Santo acompanhava as
palavras do Precursor e revelava tal verdade aos corações bem dispostos.
Passado e futuro, espera e cumprimento se encontravam. O arco voltaico da
história da salvação se fechava.
Creio que João Batista nos deixou o seu mesmo dever profético : continuar
a gritar : ‘No meio de vós está quem não conheceis!’ (Jo 1,26). Ele
inaugurou a nova profecia que não consiste – eu dizia – em anunciar uma
salvação futura, mas em revelar a presença de Cristo na história : ‘Eis que
estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos’ (Mt 28,20). Cristo não
está presente na história somente porque se escrive e se fala continuamente
dele, mas porque ressuscitou e vive segundo o Espírito. Não só
intencionalmente, mas realmente. A evangelização começa a partir daí.
No tempo do Batista, o que criava dificuldade era o corpo físico de Jesus,
a sua carne tão semelhante à nossa, exceto o pecado. Hoje, é sobretudo o seu
corpo místico, a Igreja, a criar dificuldade e a escandalizar. Tão semelhante
ao resto da humanidade, não excluído nem mesmo o pecado! Como o Precursor fez
reconhecer Cristo sob a humildade da carne aos seus contemporâneos, assim é
necessário fazê-lo reconhecer hoje na pobreza e na miséria da sua Igreja, e na
pobreza e miséria da nossa própria vida.
O que Paulo acrescenta a João
Mas devemos acrescentar algo ao que foi dito até aqui. Não importa,
de fato, apenas saber que Deus se fez homem; importa saber
também que tipo de homem Deus se fez. É significativo o modo
diverso e complementar em que João e Paulo descrevem, cada qual, o evento da
encarnação. Para João, ela consiste no fato de que a Palavra era Deus e se fez
carne (cf. Jo 1,1-14); para Paulo, no fato de que ‘Cristo, existindo em forma
divina, assumiu a forma de servo’ (cf. Fl 2,5ss.). Para João, a Palavra,
sendo Deus, fez-se homem; para Paulo, ‘Cristo, de rico que era, tornou-se
pobre’ (cf. 2Cor 8,9).
A distinção entre o fato da encarnação e o modo dela,
entre a sua dimensão ontológica e aquela existencial, interessa-nos porque
lança uma luz singular sobre o problema atual da pobreza e da postura dos
cristãos em relação a ela. É de ajuda dar um fundamento bíblico e teológico à
opção preferencial pelos pobres, proclamada no Concílio Vaticano II. ‘Os
Padres conciliares – escreveu Jean Guitton, observador leigo no Vaticano II –
reencontraram o sacramento da pobreza, isto é, a presença de Cristo sob as
espécies daqueles que sofrem’ [7].
O ‘sacramento’ da pobreza! São palavras fortes, mas fundamentadas.
Se, de fato, pelo fato da encarnação, a Palavra, em certo
sentido, assumiu cada homem (assim pensavam alguns Padres gregos), pelo modo em
que ela se realizou, ele assumiu, em um título todo particular, o pobre, o
humilde, o sofredor. ‘Instituiu’ este sinal, como instituiu a
Eucaristia. Assim, aquele que pronunciou sobre o pão as palavras : ‘Isto é o
meu corpo’, pronunciou as mesmas palavras também sobre os pobres. Ele o fez
quando, falando do que se fez – ou se deixou de fazer – pelo faminto, pelo
sedento, pelo prisioneiro, pelo nu e pelo exilado, declarou solenemente : ‘Foi
a mim que o fizestes’ e ‘Foi a mim que o deixastes de fazer’ (Mt 25,31ss).
Tiremos a consequência que deriva de tudo isso no plano da eclesiologia.
São João XXIII, por ocasião do Concílio, cunhou a expressão ‘Igreja dos
pobres’ [8]. Ela se reveste de um significado que vai além daquele
que comumente se entende. A Igreja dos pobres não é constituída apenas pelos
pobres da Igreja! Em certo sentido, todos os pobres do mundo – sejam eles
batizados ou não – pertencem a ela. ‘Mas – contesta-se – não tiveram a fé,
nem receberam o batismo!’. É verdade, mas nem mesmo os Santos Inocentes,
que festejamos depois do Natal, tinham-no recebido. Sua pobreza e sofrimento,
se isentos de culpa, aos olhos de Deus, são seu batismo de sangue. Deus tem
muitas maneiras de salvar, mais do que possamos imaginar, ainda que estas
maneiras – sem exceção – ‘por um modo só por Deus conhecido’ [9],
passam por meio de Cristo.
Os pobres são ‘de Cristo’, não porque se declaram pertencentes a
ele, mas porque ele os declarou pertencentes a si, declarou-os seu corpo. Isto
não quer dizer que basta ser pobre e faminto neste mundo para entrar
automaticamente no reino final de Deus. As palavras : ‘Vinde, benditos de
meu Pai’ são dirigidas àqueles que cuidaram dos pobres, não necessariamente
aos próprios pobres, pelo simples fato de terem sido materialmente pobres em
vida.
A Igreja de Cristo é, portanto, imensamente mais vasta do que dizem os
números e as estatísticas. Não por simples modo de dizer, ou por triunfalismo –
especialmente hoje – fora de lugar. Ninguém, além de Jesus, proclamou : ‘Todas
as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim
que o fizestes’ (Mt 25,40), onde o ‘irmão mínimo’ não indica apenas
o fiel em Cristo, mas todo homem.
Daí deriva que o Papa – e com ele os demais pastores da Igreja – seja
realmente o ‘pai dos pobres’. É uma alegria e um estímulo para todos nós
ver o quanto este papel foi assumido pelos últimos Sumos Pontífices e, de
maneira toda particular, pelo pastor que hoje senta na cátedra de Pedro. Ele é
a voz mais fidedigna que se levanta em defesa deles, em um mundo que conhece
apenas a seleção e o descarte. Ele, com certeza, não ‘se esqueceu dos pobres’!
A Escritura contém uma bênção especial para quem assume o cuidado com o pobre :
Feliz, quem pensa no indigente...
O Senhor o guardará e lhe preservará a
vida,
há de fazê-lo feliz na terra,
e não o entregará à fúria dos seus
inimigos (Sl 41,2-3).
Sobre Maria e José, lê-se no evangelho que ‘não havia lugar para eles
na hospedaria’ (Lc 2,7). Também hoje não há lugar para os pobres na
hospedaria do mundo, mas a história mostrou de que lado estava Deus e de que
lado deve estar a Igreja. Ir aos pobres é imitar a humildade de Deus, é
fazer-se pequeno por amor, para elevar os que estão abaixo.
Mas não nos iludamos : isso é algo que pode ser mais fácil dizer do que
fazer. Um antigo Pai do deserto, Isaac de Nínive, deu este conselho àqueles que
são forçados pelo dever a falar de coisas espirituais que ele ainda não
alcançou com vida : ‘Fale dele como alguém que pertence à classe dos
discípulos e não com autoridade, depois tendo humilhado a sua alma e feito
menor do que qualquer um de seus ouvintes’ [10]. E foi assim que
falei sobre isso.
‘Nele faremos a nossa morada’
‘E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós’. Antes de
concluir, devemos passar do plural ao singular. Não veio genericamente ao
mundo, mas pessoalmente, em cada alma que crê. Jesus disse : ‘Se alguém me
ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele
faremos a nossa morada’ (Jo 14,23). Portanto, Cristo não está presente
apenas na barca do mundo ou da Igreja; está presente no pequeno barco da minha
vida. Que pensamento, se conseguíssemos crer realmente! Santa Isabel da
Trindade aí encontrou o segredo da própria santidade. ‘Parece-me – escrevia
a uma amiga – ter encontrado o meu céu aqui na terra, pois o céu é Deus, Deus
está em minha alma. No dia que entendi isso, tudo se iluminou’ [11].
Com as restrições que põe ao culto público e à frequência às igrejas, a
pandemia poderia ser a ocasião para muitos para descobrir que não encontramos
Deus apenas indo à Igreja; que podemos adorar Deus ‘em espírito e verdade’
e conversar com Jesus também estando fechado em casa, ou em nosso quarto. O
cristão jamais poderá se abster da Eucaristia e da comunidade, mas, quando isto
for impedido por força maior, não deve pensar que sua vida cristã se
interrompeu. Se jamais encontrou Cristo no próprio coração, jamais o encontrará
fora, no sentido forte do termo.
Há uma afirmação ousada sobre o Natal, que é repetida época após época,
pela boca de grandes doutores e mestres espirituais da Igreja: Orígenes, Santo
Agostinho, São Bernardo, Angelus Silesius, e vários outros. Substancialmente,
assim reza : ‘De que me adianta que Cristo tenha nascido uma vez em Belém,
de Maria, se ele não não nasce pela fé também em meu coração?’ [12].
‘Onde é que Cristo nasce, no sentido mais profundo, senão em teu coração e
em tua alma?’, escreve Santo Ambrósio [13]. ‘O Verbo de Deus,
afirma São Máximo Confessor, quer repetir em todos os homens o mistério da sua
encarnação’ [14]. Uma verdade, como se vê, realmente ecumênica.
Ecoando esta mesma tradição, São João XXIII, na mensagem de Natal de 1962,
elevava esta ardente oração : ‘Ó Verbo eterno do Pai, Filho de Deus e de
Maria, renovai também hoje, no segredo das almas, o admirável prodígio do vosso
nascimento’. Façamos nossa esta oração, mas, na situação dramática em que nos
encontramos, acrescentemos também a ardente súplica da liturgia natalícia : ‘Ó
Rei das nações. Desejado dos povos; Ó Pedra angular, que os opostos unis : Oh,
vinde e salvai este homem tão frágil, que um dia criastes do barro da terra!’
[15]. Vinde e reerguei a humanidade extenuada pela longa prova desta
pandemia.
Fonte :
*Artigo na íntegra
------------------------
[1]
Cf.
Orígenes, Contra Celso, I,26.28; VI,10.
[2] De
fide orthodoxa, 45.
[3] Cf.
Platão, Simposio, 203º; cf. Apuleio, De deo Socratis, 4
: ‘Nullus deus miscetur ho minibus’.
[4] Confissões, VII,
18.24).
[5]
Carta
a toda a Ordem, 28.
[6]
Admoestações
1,16.
[7]
Cf.
J. Guitton, citado por R. Gil, Presencia de los pobres en el concilio,
in ‘Proyección’ 48, 1966, p. 30.
[8]
In AAS 54, 1962, p. 682.
[9] Gaudium
et spes, 22.
[10]
Isaac
de Nínive, Discursos ascéticos, 4.
[11]
Cf.
Carta 107 à Condessa De Sourdon (1902).
[12]
Cf.
Orígenes, Commento al vangelo di Luca 22,3 (SCh 87,p. 302);
Angelo Silesio, Il Pellegrino cherubico, I, 6 1 : ‘Wird Christus
tausendmal zu Bethlehem geborn / und nicht in dir : du bleibst noch ewiglich
verlorn’.
[13]
Cf.
Santo Ambrósio, In Lucam, 11,38.
[14]
Cf.
São Máximo Confessor, Ambigua (PG 91,1084).
[15]
Antífona
das Vésperas de 22 de dezembro.
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