Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Fabrício Veliq,
teólogo protestante
‘Ninguém
compreende o amor de Deus. Essa máxima parece ser comum entre todas as pessoas
que se dizem cristãs. Na verdade, desde a mais tenra idade já se ouve o
ensinamento de que Deus é amor e que tem por sua criação um amor tamanho, a
ponto de dar seu Filho Unigênito em prol de seus filhos e filhas, sendo João
3,16 um dos primeiros versículos a ser decorado nas escolas dominicais.
Embora
não seja compreensível tal amor, muitas vezes ele também não é aceito. E aqui
não falo somente de pessoas que, uma vez ouvindo sobre o dom gracioso de Deus e
da reconciliação com o mundo que Ele propõe por meio de Jesus, decidem por não
seguirem tal proposta ou não aceitarem tal anúncio. Na verdade, falo mais para
outro tipo de não aceitação que ocorre entre aqueles e aquelas que já são
cristãs de longa data.
Essa
não aceitação do amor de Deus, porém, não se manifesta no rejeitar da letra da
mensagem cristã. Todas as pessoas que pertencem ao cristianismo aceitam que ‘Deus
amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que toda aquele
que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna’. A não aceitação do amor
de Deus se manifesta em não aceitar que esse amor abarca a todos e todas
indiscriminadamente. Em outras palavras, não se aceita o fato de que tal amor
não faz acepção de pessoas e de que esse mesmo amor não possua filhos e filhas
favoritas.
Numa
tentativa de fazer com que o juízo divino se assemelhe ao nosso conceito de
justiça, são muitas as pessoas que consideram um absurdo que aos olhos de Deus
ladrões, estupradores, prostitutas, estelionatários, agiotas, mentirosos,
cafajestes e toda e qualquer outra categoria de seres humanos considerados maus
que se queira listar estejam no mesmo nível que os pastores, padres, freiras,
devotas, médicos, líderes sindicais, animadoras de catequese, ou qualquer outra
categoria de pessoas consideradas boas e ‘tementes’ a Deus.
Assim,
veem como uma afronta quando tal verdade do Evangelho é levada às suas últimas
consequências e são incapazes de aceitar um Deus que seja assim. Afinal, em
suas visões de Deus, é necessário que ele puna os que fazem o mal e recompense
os que fazem o bem para que haja, de alguma maneira, uma justiça no mundo mau
em que vivemos. Um Deus que ama indiscriminadamente, que não trata com
diferença os bons e maus, os santos e não santos pode parecer desnecessário e,
até mesmo, fraco e não verdadeiro.
Não
é fácil aceitar um Deus assim e não é de se espantar que muito do discurso de
várias pessoas que se dizem cristãs tenta a todo modo fazer uma pré-seleção daqueles
e daquelas que podem ou não podem ser dignas do amor de Deus. Nesse discurso, ‘cidadãos
de bem e defensores da família’ são beneficiários certos desse amor,
enquanto homossexuais, prostitutas, presos, sem-terra, sem-teto, os que lutam
por condições dignas na sociedade não são dignos, sendo considerados como
afastados de Deus e dignos da condenação por não aceitarem o status quo.
Essas
pessoas comprometidas com essa pré-seleção para o amor de Deus são as que não
aceitam o Deus anunciado nos evangelhos. No lugar, desejam um Deus exclusivo,
que ama somente aos que se adequam aos padrões de certo e errado estabelecidos
por eles. Nesse sentido, tais pessoas não compreenderam em nada a mensagem de
Jesus e, embora anunciem João 3,16, nunca compreenderam a radicalidade do
ensinamento de Jesus.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1487223/2020/12/ha-cristaos-que-nao-aceitam-o-amor-de-deus/
Nenhum comentário:
Postar um comentário