Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
teólogo protestante
‘Toda
virada de ano é motivo de grande alegria para a maioria das pessoas. Afinal,
acaba um novo ciclo e, como todo início de alguma coisa nova, tem-se a sensação
de que o novo ano que se inicia será diferente, mais empolgante, mais cheio de
realizações, etc.. É até mesmo comum recebermos mensagens, muitas vezes
repetidas, desejando as mesmas boas coisas para todo mundo (ainda que durante o
ano nada tenha sido feito para que tais coisas se realizassem na vida daqueles
e daquelas para quem as mensagens são enviadas).
Este
ano, porém, devido à pandemia que assola todo o mundo e, mais ainda em nosso
país, no qual a contaminação e as mortes chegam a números exorbitantes - graças
a um desgoverno que não prioriza sua população e nega a ciência - vemos
desenrolar um cenário bastante diferente do qual estávamos acostumados quando
da virada do ano.
Em
lugar de grandes encontros que reúnem toda a família, amigos e familiares, é
demandada de nós a responsabilidade para que a celebração seja somente com o
grupo familiar que mora junto conosco, de modo a evitar a propagação do vírus
por meio de aglomerações.
Infelizmente,
porém, o que se vê são diversas pessoas não se atentando a tais recomendações,
contaminando várias outras de uma vez só em festas, shows e encontros de
amigos, o que mostra que ainda permanece em nossa sociedade uma postura
egoísta. Nesse cenário, é difícil imaginar que os bons desejos se realizarão no
próximo ano, parecendo mais uma questão demagógica enviar essas mensagens para
amigos e familiares.
Diante
do caos que vemos sobre nosso país em diversas áreas como educação, economia,
saúde; diante da ausência de políticas públicas que visem diminuir a propagação
do vírus e do aumento dos números de ocupação dos leitos em diversas cidades;
diante de uma justiça que comumente é conivente com crimes de responsabilidade
por parte dos governantes, não é difícil que tenhamos a sensação de que não há
mais saída, de que não adiantam as denúncias e as lutas, enfim, de que o país
sucumbirá a tudo isso e, consequentemente, seremos também aniquilados por esse
tsunami que tem vindo sobre nós.
No
entanto, partindo da fé cristã, é importante, novamente, recuperarmos a
mensagem da esperança tão presente no texto bíblico. Nele, percebemos um Deus
que sempre caminha com o seu povo, tomando consigo a causa dos injustiçados,
perseguidos, enfermos, que não possuem parte na terra, desesperançados,
daqueles e daquelas que, com coração contrito, clamam por socorro.
Essa
esperança bíblica nos mostra que Ele não nos deixa só, mas nos garante força e
consolo não somente para suportarmos o mal que nos sobrevém, mas também para,
baseado na esperança, levantarmo-nos e lutarmos contras as forças de morte que
insistem em se fazer presente em nossa sociedade.
O
texto bíblico nos mostra que a esperança cristã não é passiva, mas, na força do
Espírito de Deus, é voz profética que denuncia e inspira coragem ao povo.
Diante disso, nesse novo ano que se inicia, é importante não nos esquecermos de
que Deus caminha conosco.
Por
causa da esperança que temos de que o mundo que habitamos não é da forma como
Deus deseja que ele seja, também é necessário que cooperemos e lutemos para que
a justiça, a igualdade e o amor possam se fazer presentes em nossa sociedade.
Em outras palavras, viver de maneira que possamos apresentar as nuances do Reino
de Deus que, em esperança, aguardamos.
Feliz Ano Novo!’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1490802/2020/12/afirmar-a-esperanca-um-desafio-para-o-novo-ano/
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