Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
jornalista, colunista e pároco
de Santo Afonso de Fortaleza, CE
‘Somos
abastecidos pelos estigmas da confiança e da esperança de um Deus que quer,
através de nós, suas criaturas, dizer algo ao mundo, como nas palavras de dom
Helder : ‘Que sementes desejo espalhar pela Terra? Sementes de paz, de amor,
de compreensão e de esperança’.
Que,
no mistério do pão descido do céu ‘verdadeiro alimento que preenche nossos
anseios e nos sacia neste mundo’, possamos compreender que há, no nosso
mundo, marcas nefastas e sombrias da pandemia, com tanto desespero, além de
desengano, decepção, frustração e desesperança, que de nossa parte urge uma
única palavra de ordem : plantarmos uma boa semente ‘a semente da esperança’,
persuadidos de que seja soberana a vontade de Deus.
Deus,
no brilho de sua luz eterna, não abandona aqueles que nele confiam, ao
contrário : Ele oferece a garantia de que cada pessoa carrega consigo, numa
dádiva a nós e ao mundo, o segredo de sua vida como mistério, revelando-nos as
razões de nossa existência.
Ele,
manso e humilde de coração, quer se fazer morada em nós com seu Espírito, ao
mesmo tempo em que possamos acolher a paz, a qual Ele quer nos dar,
compreendida no mistério da vida. Volto-me novamente a dom Helder, nesta
assertiva : ‘Ah se eu pudesse, afugentaria da terra a desconfiança que
embaça os olhares mais claros e torna turvos os horizontes mais límpidos!’.
Para
as pessoas de fé, a Covid-19 quer consistir, numa metáfora, em viver na
turbulência das ondas, na instabilidade do barco da vida, em águas turvas,
muitas vezes à beira do naufrágio. Ao mesmo tempo, é dom e graça de Deus, obra
e milagre de sua ação salvífica, relacionando-se à pérola preciosa deste trecho
do Evangelho : Mt 11, 25-30, no qual vemos a amizade recíproca, do Pai que
conhece o Filho e do Filho que conhece o Pai. Consente-nos assim, a arremessar
ou projetar um olhar muito especial sobre a misteriosa pessoa de Jesus de
Nazaré. Em suas estreitas e íntimas conexões com o Pai, Jesus nos impacta ou
mesmo nos comove com sua revelação, quão profundamente elevada e sublime,
reservada aos simples, aos humildes e aos desprezados pelos gênios e letrados
do mundo; estes são, inquestionavelmente, preteridos e riscados do projeto
divino.
Dai-nos sempre mais esperança, ó Sol da justiça e da paz! Dai-nos a graça de reconhecer as evidências de sua presença, nos acontecimentos do dia a dia neste tempo de pandemia! Que estas palavras do padre Eduardo Moesch sejam um convite à esperança de dias melhores : ‘Há uma grande diferença entre o Sol e a fé : o Sol se põe, às vezes com extrema beleza, enquanto a fé jamais se põe. Mesmo quando é noite, a fé recebe o brilho d’Aquele que é infinitamente maior do que o Sol. Portanto, nesta pandemia-quarentena, lembremo-nos de quem recebemos nosso brilho e de todo poder do Seu amor’. Assim seja!’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1458551/2020/07/o-sol-que-nao-se-poe/
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