terça-feira, 31 de outubro de 2017
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Na família e na escola
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Dom Walmor Oliveira de Azevedo,
Arcebispo
Metropolitano de Belo Horizonte, MG
‘As dinâmicas que configuram a interioridade de cada pessoa,
fundamentais para a vivência transformadora da fé, dependem de dois âmbitos
muito especiais : a família e a escola, determinantes para a formação humana.
Por isso mesmo, uma sociedade que busca novas configurações e funcionamentos
institucionais deve investir fortemente na família e na escola.
Esse investimento deve considerar uma definição de escola que
não se restrinja ao ensino formal, o que significa contemplar as escolas
formais e as muitas outras ‘escolas da
vida’, lugares onde as pessoas também desenvolvem modos de ser e de agir. É
preciso ainda conceituar família de um modo mais amplo. Obviamente preservar a
família dentro do sentido incontestável do matrimônio, mas também considerar
grupos sociais que se formam a partir de propósitos comuns – desde os que
torcem apaixonadamente por um time de futebol aos que se reúnem em torno de
projetos sociais e culturais, por exemplo.
A família e a escola, pensadas no seu sentido genuíno e
essencial, mas também de forma mais abrangente, merecem atenção especial.
Somente assim podem ser alicerçadas as urgentes mudanças na sociedade
brasileira, fazendo surgir uma nova cultura, de vida e da paz. Essa cultura pressupõe o irrestrito respeito
ao bem comum e à justiça. Por isso mesmo, depende de transformações no interior
de cada pessoa que refletirão em suas escolhas. E nessas mudanças, é preciso
que o amor seja vetor de desenvolvimento. Cultivam-se, assim, sentimentos
humanitários e espirituais, que comprometem consciências e corações com o
respeito ao outro, que é irmão.
Por tudo isso, reconhecendo a importância de transformações nos
funcionamentos governamentais e de diferentes segmentos da sociedade, é
fundamental reconhecer esta urgência : dedicar atenção especial à família e à
escola. Vale, então, considerar analiticamente o que está acontecendo no contexto
atual da sociedade contemporânea - atos de violência como o de um jovem que
atirou contra colegas em uma escola, ou o desatino de atear fogo em si e nos
outros, suicidamente. E ainda o domínio ilegal de territórios e seus habitantes
motivado por propósitos que dizimam vidas. Tão destrutivamente forte quanto
esses males todos são as práticas de corrupção, em pequena e larga escala.
A vitória sobre o que ameaça a vida só será possível se as
famílias e as escolas forem cuidadas, urgentemente, de um modo melhor. Pois nas
famílias e nas escolas é que podem ser barradas as delinquências que geram
graves danos à cultura e a diferentes áreas, prejudicando a humanidade
inclusive no desenvolvimento econômico. O caminho, assim, é investir para que
se aprenda, na família e na escola, o exercício da solidariedade e da bondade.
A família e a escola despertam sentimentos que permitem a
compreensão humanística sobre o que é viver. Edificam, com envergadura, o
caráter de cada pessoa, que fica livre, inclusive, de graves quadros
patológicos, a exemplo da perda do apreço pela própria vida, do hábito de se
guardar e alimentar rancores, ressentimentos, ciúmes e disputas. Sem o adequado
investimento na família e na escola, a sociedade permanecerá a conviver com o
medo e a desconfiança, e ainda com o egoísmo que se manifesta na defesa
mesquinha dos próprios interesses, sempre em prejuízo do bem de comum.
Há muito que modificar, quando se consideram os hábitos e
práticas aprendidos e cultivados na família e na escola. É preciso coragem,
humildade, disponibilidade para ouvir, seriedade e dedicação, na tarefa de
compreender melhor e reconfigurar as práticas cotidianas. Diferentes
complexidades surgem como desafios para o mundo atual, a exemplo do uso das
novas tecnologias, que em algumas situações compromete laços familiares, a
harmonia entre as pessoas. Não menos desafiador é o contexto urbano, tão ferido
com a falta de civilidade e respeito.
Essas realidades e tantas outras que precisam ser mudadas requerem
dinâmicas com força para conduzir a sociedade no caminho do bem e da verdade, e
os passos para trilhar esse trajeto são aprendidos na família e na escola.’
Fonte :
domingo, 29 de outubro de 2017
Agir com amor
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Nos próximos seis meses, em quatro países africanos cerca de 20
milhões de pessoas podem morrer de fome se a comunidade internacional não se
mover. Uma afirmação feita pelo Diretor-geral da Organização das Nações Unidas
para Agricultura e Alimentação, FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, que
chega como um soco no estômago. Os países são Iêmen, Nigéria, Somália e Sudão
do Sul. Uma declaração feita nesta semana aqui na sede da FAO em Roma.
O tema da fome fora já tratado no último dia 16 de outubro pelo
Papa Francisco quando ele visitou a FAO por ocasião do Dia Mundial da
Alimentação. No seu encontro com líderes mundiais recordou que a realidade
atual exige uma maior responsabilidade em todos os níveis, não só para garantir
a produção necessária ou a distribuição equitativa dos frutos da terra, mas,
sobretudo para garantir o direito de todo ser humano de alimentar-se segundo as
próprias necessidades.
Segundo Francisco, diante de tal objetivo, o que está em jogo é
a credibilidade de todo o sistema internacional. As mortes por causa da fome e
o abandono da própria terra são hoje notícias comuns, com o perigo da
indiferença. É preciso, portanto, encontrar urgentemente novas maneiras de
transformar as possibilidades que dispomos numa garantia que permita a cada
pessoa encarar o futuro com confiança, e não apenas com alguma ilusão.
Falando de fome e migração o Papa afirmou ainda que a relação
entre os dois, ou seja, entre fome e migração só pode ser enfrentada se formos
à raiz do problema. A este respeito, os estudos realizados pelas Nações Unidas,
como tantos outros realizados por organizações da sociedade civil, concordam
que existem dois obstáculos a serem superados : conflitos e mudanças
climáticas.
‘Como os conflitos podem
ser superados? O direito internacional nos indica os meios para preveni-los ou
resolvê-los rapidamente, evitando que se prolonguem e produzam fome e
destruição do tecido social. Pensemos nas populações martirizadas por guerras
que duram décadas e que poderiam ter sido evitadas, propagando efeitos
desastrosos e cruéis como a insegurança alimentar e o deslocamento forçado de
pessoas.’
Para Francisco, são necessários boa vontade e diálogo para frear
os conflitos. Quanto às mudanças climáticas, vemos suas consequências todos os
dias. Somos chamados a propor uma mudança nos estilos de vida, no uso dos
recursos, nos critérios de produção, mesmo no consumo, que em termos de
alimentos apresenta um aumento de perdas e de desperdício. Não podemos nos
conformar em dizer ‘outro o fará’.
Francisco afirmou que diante desta situação podemos e devemos
mudar o rumo. Frente ao aumento da demanda de alimentos é preciso que os frutos
da terra estejam a disposição de todos.
O Papa fez uma pergunta, a si mesmo e também aos presentes : ‘Seria exagerado introduzir na linguagem da
cooperação internacional a categoria do amor, conjugada como gratuidade,
igualdade de tratamento, solidariedade, cultura do dom, fraternidade e
misericórdia?’ Essas palavras efetivamente expressam o conteúdo prático do
termo ‘humanitário’, tão usado na
atividade internacional.
É necessário que a diplomacia e as instituições multilaterais
alimentem e organizem essa capacidade de amar, porque é o caminho principal que
garante, não só a segurança alimentar, mas também a segurança humana em seu
aspecto global.
Amar significa contribuir para que cada país aumente a produção
e alcance a autossuficiência alimentar.
E o apelo de Francisco : ‘vamos
ouvir o grito de tantos nossos irmãos marginalizados e excluídos : ‘Tenho fome,
sou estrangeiro, estou nu, doente, confinado em um campo de refugiados’. É um
pedido de justiça, não uma súplica ou um chamado de emergência’.
Um discurso corajoso e original de Francisco que falou de amor
como parte integrante das relações internacionais e um pedido para acelerar a
vontade de responder concretamente ao drama da fome. Responder com um agir, um
agir com amor, um agir que dá esperança.’
Fonte :
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
Árabes e hebreus, povos das tendas
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
do Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano
‘Já adultos e formados, temos alguma coisa que nos leva às
origens de nossa existência e nos conhecemos melhor quem somos. Dá a impressão
de que alguns elementos vividos e recebidos constituem um patrimônio pessoal e
comunitário que definem nossa identidade. Sem eles seríamos incompletos.
Assim são os povos. Hebreus e árabes viveram experiências de
beduínos muito parecidas e muitas delas idênticas. Em ambos está presente o
deserto e a tenda. Devido à necessidade de deslocamentos constantes, as tendas
eram portáteis, feitas de pele de cabra e de camelo, resistentes às chuvas e às
tempestades de areia.
A metade da tenda é para as mulheres e as crianças. Nela está a
cozinha e a despensa. A outra metade,
com a abertura, pertence aos homens. Ali ou na frente da tenda, recebem as
visitas.
A tenda do casal de
idosos, Abraão e de sua esposa Sara, por ocasião da visita dos três
caminhantes, tinha praticamente, as mesmas características. Pela narração,
Abraão estava sentado à porta da tenda quando se deparou com três homens à sua
frente. Sem delongas organiza a acolhida. Ele entretém as visitas, na metade da
frente da tenda, enquanto Sara prepara os alimentos na outra. Indagado sobre a
esposa, Abraão informa que ela está na tenda. Apesar de não participar da
conversa com os homens, a idosa Sara, afinou o ouvido e ouviu a afirmação que
ao retornarem no ano seguinte, ela estaria grávida. Um surto de riso surgiu em
Sara e disse : ‘Será que vou dar à luz
agora que sou velha?’.
Outra coisa que chama a atenção é quanto à mudança de lugar das
tendas. Qual é a motivação de tantos deslocamentos dos beduínos hebreus e
árabes? A primeira delas é necessidade de encontrar alimentos e água, numa
região carente dos dois elementos. Contudo, havia as brigas entre os grupos de
beduínos, na disputa da mesma região. Basta lembrar que Abraão e seu irmão Ló
quase se enfrentaram por causa de terras com pastagens. Abraão, para evitar o
conflito, deixou Ló escolher a região que quisesse e ele foi para outro lugar.
Os beduínos, apesar de serem um povo fechado, muito arraigado à
tradição, destacam-se pela hospitalidade. Eles chegam a oferecer aos hóspedes
mais do que as suas posses permitiriam e até contraem dívidas.
Durante as andanças pela península do Sinai, o próprio Deus
tinha sua tenda no acampamento do povo. Veio habitar e caminhar com seus
beduínos hebreus.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Mosteiro de Mar Musa : cristãos e muçulmanos rezam juntos pela conversão de perseguidores
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Este domingo, 22 de outubro, dia em que as Igrejas Orientais
recordam ‘o despertar dos Santos Sete
Jovens Dormentes de Éfeso’, os amigos do Mosteiro sírio de Mar Musa -
cristãos e muçulmanos - encontraram-se pelo segundo ano consecutivo para ‘rezar pela conversão dos perseguidores,
daqueles que usam a violência contra mulheres e homens que têm uma fé ou uma
opinião diferente’.
Uma união fortalecida pelo encorajamento recebido no ano passado
do Papa Francisco, ‘em modo especial à
oração silenciosa que sobe das grutas mais escuras e prisões onde estão ainda
hoje tantos fiéis’.
‘O significado desta festa
- explicaram os organizadores da iniciativa - nos leva a refletir sobre as
perseguições que os fiéis de todas as religiões hoje sofrem no mundo, assim
como a nos unir em oração por eles, muitas vezes silenciosa, como aquela
expressa no ‘sono’ dos companheiros da gruta, capazes de transformar os
corações dos perseguidores, de aliviar os sofrimentos dos ‘aprisionados’,
afastando o ódio e o desejo de vingança, de converter o mundo à paz, à
reconciliação e ao diálogo’.
A memória dos Santos Sete Jovens Dormentes de Éfeso recorre no
martirológio romano em 27 de julho e em muitas coleções de hagiografias
ortodoxas em 4 de agosto.
A comemoração é cara também aos muçulmanos, tanto que a sura 18
do Alcorão (9-27) - intitulada ‘da gruta’
- narra precisamente a história destes jovens dormentes.
Segundo a tradição, na metade do século III, para fugir das
perseguições, sete jovens cristãos se refugiaram em uma caverna no Monte Okhlonos,
nas proximidades de Éfeso, onde se dizia estar o túmulo de Maria Madalena, para
pedir a sua proteção.
Ao serem descobertos, o Imperador Décio (249-251) deu ordens
para que fosse lacrada a entrada da caverna com pedras, para que os jovens
morressem de fome e de sede.
Dois séculos mais tarde, eles despertaram milagrosamente do sono
com seus corpos intactos, testemunhando assim a ressurreição final que os fiéis
terão.
O culto a eles propagou-se em muitas regiões ao redor do
Mediterrâneo, quer cristãs como muçulmanas.
Hoje existem peregrinações inter-religiosas a lugares santos
compartilhados, por meio das quais - dizem os amigos do mosteiro sírio - ‘se pode iniciar a construir uma linguagem
comum para encontrar-se e compreender-se reciprocamente’, rezando ‘pelas vítimas de perseguições, os ‘dormentes
de hoje’, em qualquer gruta, por causa de sua fé’.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://br.radiovaticana.va/news/2017/10/23/crist%C3%A3os_e_mu%C3%A7ulmanos_rezam_pela_convers%C3%A3o_de_perseguidores/1344571
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
A intensa vida de um sacerdote missionário no país mais pobre do mundo
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Bárbara Bustamante
‘‘Ser cristão na
África Central é ser testemunha do perdão e da misericórdia de Deus’, afirmou o Padre
Yovane Cox, sacerdote e missionário há 12 anos no país mais pobre do mundo, de
acordo com a ONU.
Crianças soldados, guerras, perseguições e massacres fazem parte
do flagelo que atualmente sofrem os 30 mil habitantes de Bema, na Diocese de
Bangassou (África Central), onde o Padre Cox é pároco.
Em um contexto de extrema pobreza, o missionário chileno da
Associação ‘Misión Gran Río’
conseguiu construir uma escola para 300 crianças e sonha com a construção de
outra escola para 400 alunos.
Os últimos três anos foram especialmente difíceis para ele, pois
os cristãos e outras minorias estão sendo vítimas dos ataques de muçulmanos
fundamentalistas, provocando sangrentos massacres e sequestros.
Em um diálogo com o Grupo ACI, Padre Cox assinalou que, em tal
situação, é urgente ‘transmitir
misericórdia’ e ‘estar disposto a
perdoar, a ajudar as pessoas a superar coisas hediondas como a morte de um ente
querido ou a destruição do seu povo’.
O sacerdote relatou a sua própria experiência de perseguição e
violência, em junho deste ano, quando teve que fugir com seus fiéis ao Congo
para buscar refúgio.
‘Permaneci durante horas
deitado no chão da igreja, esperando que os combates terminassem. Em seguida, saí
e encontrei algumas pessoas muito violentas, então me perguntei : Como posso
dar testemunho de Cristo em meio disso, tão terrível?’.
‘Como todo pároco, fui o
último a sair da aldeia na ‘piroga’ (um barco de madeira típico na África)’,
recordou Padre Cox. ‘E ao chegar do outro
lado, ao Congo, fui recebido por todas as pessoas, inclusive pelas pessoas que
eram indiferentes comigo na aldeia’.
‘Todos me abraçavam e
diziam ‘padre, nós te esperávamos’. Quando nos dizem muitas vezes a palavra
‘padre’, podemos perder um pouco o significado da palavra, mas lá eu a vivi. Eu
disse : ‘eles são meus filhos, eles me esperavam como um pai’, expressou o
missionário’.
Em relação à perseguição sofrida pelos cristãos, o sacerdote
afirmou que os responsáveis são um grupo majoritariamente muçulmano ‘que está sendo manipulado politicamente’.
‘Há um interesse político
escondido, ninguém quer dizer, mas é verdade. Causa muito dano e está dividindo
o país. Somente na capital, Bangui, graças à presença do Papa Francisco em 2015,
conseguiram reconciliar a população muçulmana com o resto dos cidadãos’.
Além disso, o sacerdote afirmou que o solo do país ‘é extremamente fértil’, graças ao
petróleo, ao cimento e ao diamante. Também conta com uma imensa reserva
natural, mas ‘está sujeito à extrema
pobreza e, curiosamente, nenhuma organização ou nação internacional se importa
com esta situação’.
‘As Nações Unidas estão
presentes, mas não estão fazendo um bom trabalho e não conseguiram desarmar
esse conflito nem dar passo para a reconciliação. Apenas a Igreja está
presente. A situação na África é de uma
indiferença terrível’, lamentou.
Diante dessa situação, Padre Cox encorajou os católicos a
viverem três atitudes de solidariedade para com os irmãos perseguidos na
África. Primeiramente, acabar com a indiferença.
‘Se nós não resolvemos os
problemas da África, como impediremos a imigração? Frente a essa indiferença, a
única solução é abrir o coração e reconhecer que somos todos seres humanos e
temos a mesma dignidade diante de Deus’, destacou.
Em segundo lugar, ações concretas. ‘Muitas pessoas colaboram através da ACN (Ajuda à Igreja que Sofre) e
com isso ajudam em nossos projetos. Mas também podem fazer pessoalmente, por
exemplo, há um grupo de 60 chilenos que me pagam o colégio para uma criança
durante um ano inteiro’.
‘Se somos generosos, se
somos capazes de entregar do nosso coração, abriremos o horizonte do nosso
próprio coração e se tornará mais universal, e universal significa católico. De
certo modo, tornamo-nos ‘católicos’ se somos generosos’’, afirmou o
missionário.
Finalmente, mas não menos importante, a oração. ‘Se não tivéssemos a oração da Igreja, acho
que a Igreja na África Central teria fracassado no seu trabalho missionário’.
‘Nós teríamos desanimado e
abandonado as pessoas, mas há algo forte no coração de todos os missionários e
sabemos que temos o apoio de muitas pessoas que estão por trás’, sublinhou Padre
Cox.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.acidigital.com/noticias/a-intensa-vida-de-um-sacerdote-missionario-no-pais-mais-pobre-do-mundo-74326/
domingo, 22 de outubro de 2017
Cultura tribal dos hebreus e árabes
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
do Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano
‘Para conhecer as culturas e as religiões faz-se necessário o
estudo de suas origens, geografia, costumes e relações com outros povos, na
época em que elas se desenvolveram.
Ainda hoje, podemos encontrar elementos culturais e religiosos que
sobreviveram ao passar do tempo e ainda estão presentes em muitos povos. O
exemplo mais visível é o vestuário.
Quem lê a Bíblia ou a história do Oriente Médio não demora em
perceber que a vida nos seres humanos, se desenvolvia em clãs familiares,
também conhecidos como tribos. Os desertos áridos, falta de água e alimentos
estão na base para os deslocamentos constantes dos grupos humanos à procura de
lugares favoráveis à sobrevivência. Habilidade para viver em terras inóspitas e
força para guerrear, afastando as tribos invasoras ou expulsar outras, em
regiões privilegiadas, eram comuns.
Diante desse ambiente adverso e disputas territoriais, a
aglutinação em tribos era vital para sobrevivência e se proteger dos invasores.
O chefe de um clã forte aglutinava outros menores. Daí pode-se explicar o clã de Jacó do qual
surgiram as 12 tribos de Israel que, unidas sob a liderança de Moisés e Aarão,
ocuparam a terra prometida, expulsando dela as tribos que lá viviam. Uma vez
estabelecidas na terra de Canaã, fez-se necessário criar a unidade nacional,
mas isso jamais foi conseguido plenamente. Embora as tribos dos hebreus
tivessem Abraão como pai comum e o mesmo Deus, lutas e divisões eram
frequentes.
Paralelamente às tribos dos hebreus, surgiram as doze tribos dos
descendentes de Ismael, filho de Abraão e sua escrava Hagar. Segundo o Islã, os
árabes descendem de Ismael que está fora da árvore genealógica de Cristo. A
história dos hebreus, narrada na Bíblia, relata inúmeros enfrentamentos entres
os clãs descendentes de dois dos filhos de Abraão, Ismael e Jacó, evidenciando
que as diferenças entre os dois grupos de clãs é bem antiga.
Embora os tempos sejam outros, o mesmo sistema tribal ainda é a
espinha dorsal dos governos de quase todos os países do Oriente Médio. A
população de cada um é formada por diversos clãs e etnias governadas por um
líder forte. Por isso, a tentativa de introduzir uma democracia de estilo
ocidental não traz resultados positivos para a paz na região.
É bom lembrar as palavras de Glugiermo Ferrero : ‘A cultura ajuda um povo a lutar com as
palavras, em vez de fazê-lo com as armas’.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://br.radiovaticana.va/news/2017/10/21/cultura_tribal_dos_hebreus_e_%C3%A1rabes/1329519
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Teresa D'Ávila : oração e contemplação
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
do Padre Geovane Saraiva,
Pároco
de Santo Afonso de Fortaleza, CE,
e
vice-presidente da Previdência Sacerdotal
‘No dia 15 de outubro recorda-se na Igreja uma mulher totalmente
voltada à contemplação e ao absoluto de Deus que, como Maria, escolheu a melhor
parte e não lhe será tirada. Trata-se de Santa Teresa de Jesus, religiosa
carmelita espanhola (1515-1582), que marcou uma época, sobretudo por sua
talentosa sabedoria e inteligência, identificada e configurada com Jesus de
Nazaré, levando uma vida de oração, oferecendo um dadivoso e restaurador banho
de fé à humanidade, legado espiritual de graças e bênçãos para a nossa
civilização cristã. Igualmente, consciente de que a oração é o bem maior e a
porta de entrada para a perfeição, exatamente quando o mundo se alargava
através das grandes navegações, conquistas e descobertas humanas, é que surge
Santa Teresa como dádiva, dom e graça de Deus.
Teresa D’Ávila, uma criatura humana exemplar, descomunal e
atemporal, bem que pode ressoar, hoje, na vida dos cristãos como um verdadeiro
milagre do inefável mistério de amor. Não tenho dúvida alguma de tratar-se de
uma mulher fortemente movida pelo Espírito de Deus. É assim que percebo o
interior de nossa Irmã D’Ávila, nas suas surpreendentes aventuras pelo
misterioso caminho do mundo interior, tendo por base o Livro Sagrado : ‘Como a corça que suspira pelas águas da
torrente, assim minha alma suspira por vós, Senhor. Minha alma tem sede do Deus
vivo’. Ela é considerada fundadora dos Carmelitas Descalços, juntamente com
São João da Cruz, aquele da célebre frase, a saber : ‘No entardecer desta vida, sereis julgados segundo o amor’.
Teresa D’Ávila, com seus escritos ‘Castelo Interior’ e ‘Caminho
de Perfeição’, ofertou ao mundo sua própria experiência de vida
contemplativa e, pela literatura, seu lado místico imorredouro. Como soube ela
colocar diante dos olhos, na mente e no coração o Deus grande, glorioso e esplêndido,
sendo a razão do seu viver, indicando-nos o caminho da transcendência e da
benevolência divina. A seu exemplo, fixemos nosso olhar no mistério a envolver,
no sentido mais profundo, a suma felicidade : ‘Nada te
perturbe. Nada te amedronte. Tudo passa, só Deus não muda. A paciência tudo
alcança. A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta!’. Assim seja!’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://domtotal.com/noticia/1200039/2017/10/teresa-davila-oracao-e-contemplacao/
terça-feira, 17 de outubro de 2017
Comovida, comunidade egípcia condena assassinato de sacerdote copta
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘O assassino de Sam'an Shehata, sacerdote copta ortodoxo
egípcio, esfaqueado até a morte em 12 de outubro, é ‘um criminoso conhecido das forças de ordem’, chamado Mohamed
Sonbaty.
É o que afirma em uma nota o Bispo de Beba, Abba Estiganous, ao
comentar que por trás do ‘martírio’ do sacerdote poderiam existir
elementos de matriz confessional.
No Egito ainda é forte a comoção pelo bárbaro assassinato do
sacerdote copta-ortodoxo, ocorrido em uma área periférica da capital. Nas redes
sociais circulou um vídeo que mostra o suspeito seguindo o sacerdote e depois
desferindo golpes em seu rosto e pelo corpo.
A Igreja Copta Ortodoxa no Egito já definiu Sam'an Shehata como ‘mártir’, morto ‘por ódio à fé’, ao mesmo tempo que lançou um apelo às autoridades
de governo para que transformem ‘a
cultura de uma nação, envenenada pelo extremismo’.
Os funerais foram realizados no dia 13 de outubro, um dia após o
assassinato, em Beni Suef, a cerca de 115 km al sul do Cairo. Personalidades da
comunidade local, sacerdotes e numerosos fiéis participaram das exéquias.
Também a Igreja Católica egípcia participou do luto que se
abateu mais uma vez sobre a minoria copta.
Em nota enviada à Agência Asianews, o porta-voz Padre Rafic
Greiche expressa ‘dor’ e ‘proximidade’ pela morte ‘do mártir’, assegurando ‘a oração’ de toda a comunidade católica
pela sua família ‘e pela paz’ no país.
Mohamed Sonbaty está sob custódia. As autoridades estão
verificando eventuais ligações com grupos fundamentalistas ativos no Egito. No
passado ele já havia agredido os próprios familiares e incendiado a casa onde
moravam. Segundo declaração de alguns vizinhos - sob anonimato, por medo de
represálias - ele seria um ‘conhecido
radical’ islâmico.
Também o Grão Mufti do Egito, Xeique Shawki Allam, condenou o
atentado, definindo-o como ‘terrorismo
brutal’, que não faz distinção ‘entre
militares, civis, ou entre um muçulmano e um cristão copta’.
Ele lança um apelo ao país, para que a população esteja unida
diante da ameaça de ‘grupos que querem
desestabilizar’.
Outro líder muçulmano, o pregador Xeique Samir Hashish,
classifica os responsáveis por este e outros ataques como ‘não-muçulmanos’ e ‘infiéis’,
que devem ser punidos ‘com severidade’.
Nos últimos meses a comunidade cristã egípcia foi alvo de uma
série de ataques, como aquele contra um ônibus de peregrinos coptas em maio,
que provocou a morte de dezenas de pessoas.
Desde dezembro de 2016, já chega quase a cem os membros da
minoria religiosa copta, mortos em ataques terroristas.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://br.radiovaticana.va/news/2017/10/17/comunidade_eg%C3%ADpcia_condena_assassinato_de_sacerdote_copta/1343415
domingo, 15 de outubro de 2017
Sinais de vida
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
da Irmã Joana Sofia Carneiro,
Missionária Comboniana
‘Aqui em Amã (Jordânia), além das minhas aulas de árabe, ajudo alguns
refugiados na prática do seu inglês. Graças a Deus existem espaços de diálogo
ecumênico e inter-religioso onde realizamos atividades, como, por exemplo, a
biblioteca organizada pelas irmãs seculares da associação espanhola Poveda.
Testemunhas de Jesus
A maioria dos refugiados que se encontram neste lugar vem do
Iraque e da Síria. Eles tiveram de fugir da guerra, de maneira que a Jordânia é
para eles um lugar de passagem até que consigam ter a oportunidade de partir
para outro lugar onde possam viver em paz. O processo de espera pela
autorização de um país que os recebe é muito lento, motivo pelo qual muitos
deles permanecem aqui por vários anos. Na Jordânia os refugiados não estão
autorizados a trabalhar e várias gerações ficam paradas. Os jovens não estudam
por falta de meios econômicos, as propinas da universidade são muito elevadas.
Não obstante todas estas situações difíceis, eles não desesperam, antes pelo
contrário, são um verdadeiro testemunho de esperança em Jesus e sabem ser
conhecidos, amados e protegidos pelo Bom Pastor que toma conta deles. Eles são
os verdadeiros crentes. Isto é maravilhoso! É só ver a grande comunidade dos
iraquianos cristãos a celebrar a Eucaristia aqui em Amã, todos os domingos à
tarde. Eles cantam, rezam, estão em paz porque sabem que aqui não cairá nenhuma
bomba que lhes pode destruir a casa.
Famílias de refugiados
Além das horas que fico na biblioteca vou visitar algumas
famílias com a irmã Pierina.
A maioria das famílias são provenientes do Iraque, da Síria e
também do Sudão. Lamentavelmente, as famílias provenientes da África são as
mais pobres. Elas não têm direito ao estatuto de refugiados porque,
oficialmente, no Sudão não há guerra, embora todo o mundo saiba que a situação
do Sudão é uma das mais terríveis. A nossa memória é curta quando não vivemos
estas situações na nossa própria carne. Há dias, fomos visitar uma família
sudanesa, um casal jovem, com três gêmeos. O meu primeiro pensamento, confesso,
foi de fria lógica humana. «Se não
conseguem alimentar-se a eles próprios, que farão com três crianças?» Mas,
depois, rezando, consegui perceber toda a força do nosso Deus que sempre tem
respostas de vida em abundância para todos, apesar da guerra e da violência que
são os frutos do nosso egoísmo
Esta maneira de agir do nosso Deus vejo-a encarnada na Irmã
Pierina. As visitas que fazemos juntas parecem insignificantes e pequenas, a
nossa ajuda simplesmente inútil, segundo os critérios humanos. Mas, são estes
gestos, repletos de compaixão e de esperança, que fazem toda a diferença.
Através da nossa
insignificância, Deus cuida destes irmãos vulneráveis. Acredito que só através
da nossa intimidade com o Senhor seremos sinais de luz e de vida.
Por favor, continuem a rezar por nós e, sobretudo, por todos os
que, neste mundo, mais precisam da luz de Jesus. E, por favor, se virem alguém
chegar do estrangeiro, não lhe virem as costas! O nosso planeta está a passar
por um momento muito difícil, milhões de pessoas são obrigadas a abandonar tudo
por razões que as ultrapassam...Somos instrumentos de paz, de acolhimento e de
reconciliação! Os pequenos gestos concretos de cada pessoa a favor de outros
têm uma grande repercussão na escala mundial.’
Fonte :
terça-feira, 10 de outubro de 2017
O poder que um momento incômodo de silêncio pode ter nos negócios e na vida
Por Eliana
Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Lennox Morrison,
jornalista (BBC Capital)
‘Da próxima vez que você encontrar alguém, pause a conversa e
tente contar quanto tempo o silêncio dura.
Provavelmente, não vai passar de um ou dois segundos.
Até entre aqueles que usam a linguagem dos sinais, estudos
mostram que, normalmente, não aguardamos nem uma fração de segundo para
começarmos a nos comunicar novamente.
Mas, embora essa tendência talvez seja universal, nossas
percepções de silêncio diferem substancialmente dependendo de nossa cultura -
um detalhe crucial se você tiver de fazer negócios fora do seu país de origem.
Quem vem de um país de língua inglesa tende a demonstrar grande
desconforto com longas pausas em uma discussão. Mesmo assim, saber a hora de se
calar pode ser uma vantagem - desde fechar uma venda até negociar uma promoção,
passando por apresentações e gestão de equipe.
Normas culturais
O que para uns pode ser considerado um silêncio constrangedor,
outros veem como um momento valioso de reflexão e um sinal de respeito em
relação ao que a última pessoa falou.
Pesquisas realizadas na Universidade de Groningen, na Holanda,
em holandês e também em inglês, revelaram que quando a conversa é pausada por
mais de quatro segundos, as pessoas começam a ficar desconfortáveis.
Em contrapartida, outro estudo feito com executivos constatou
que os japoneses não se importavam em deixar de falar por até 8,2 segundos -
quase o dobro do limite dos falantes de inglês.
No Japão, o poder do
silêncio é reconhecido pelo conceito de haregei, pelo qual a melhor forma de se
comunicar é ficar calado.
‘A cultura japonesa entende que,
se você precisa das palavras, é porque você fracassou em entender o outro. Ou
seja, você está usando as palavras como forma de solucionar um problema de
comunicação’, diz Debora Tannen, professora de linguística da Universidade
Georgetown, nos Estados Unidos.
Na mesma linha, os finlandeses, que prezam sua privacidade,
introversão e a arte da escuta, também não se incomodam com o silêncio, diz
Donal Carbaugh, professor de Comunicação da Universidade de Massachusetts
Amhers.
‘Ninguém diz nada, mas
todo mundo está pensando. Eles estão prestando atenção na conversa. A reflexão
sobre o silêncio naquele ponto pode ser muito positiva’, explica.
Sendo assim, por que temos tanta dificuldade em lidar com longas
pausas?
Nos Estados Unidos, a explicação pode vir do caldeirão de
culturas que formou o país, diz Carbaugh. ‘Quando
há pessoas de culturas tão diferentes vivendo no mesmo local, é difícil
estabelecer um entendimento mútuo a menos que você fale. Existe,
justificadamente, uma ansiedade que só é aliviada a partir do momento em que as
pessoas interagem verbalmente para estabelecer um elo comum.’
Em contrapartida, afirma ele, ‘quando há mais homogeneidade, talvez seja mais fácil ficar em silêncio.
Por exemplo, entre seus amigos mais próximos e sua família, é mais fácil ficar
em silêncio do que entre pessoas que você não conhece’.
Saber administrar silêncio pode se tornar uma ferramenta
poderosa
Táticas
O fato de que temos dificuldade em lidar com o silêncio explica
por que saber administrá-lo pode se tornar uma ferramenta poderosa.
O consultor de vendas Gavin Presman costuma fazer pausas logo
depois de propor um negócio.
Ele diz ter aprendido a técnica quando soube que os médicos
aguardavam cinco segundos antes de falar após seus pacientes terminarem seus
relatos.
‘No mundo dos negócios,
cinco segundos pode ser muito tempo, então eu me silencio por três segundos e o
que acontece é impressionante’, conta Presman, diretor da Inspire, empresa
britânica especializada em treinamento e desenvolvimento de pessoas.
Recentemente, um cliente em potencial disse a ele que achava
tudo ‘muito caro e que não estava certo
de que poderia pagar pelos seus serviços’.
Presman consentiu e, então, esperou. Dez segundos depois o
cliente disse que via o valor do treinamento oferecido e que gostaria de fechar
o negócio.
‘Às vezes, pensamos que o
silêncio significa não dizer nada’, diz o especialista. ‘Mas, na verdade, permite às pessoas se
aquietarem e refletirem um pouco mais profundamente’.
Katie Donovan defende a ideia de que ‘quem fala primeiro, perde’. No começo de sua carreira, ela foi
entrevistada para um emprego na área de vendas e recebeu a proposta de trabalho
de imediato. Quando o empregador falou sobre o salário, Donovan disse que
entraria em contato com ele na semana seguinte e ficou em silêncio. A proposta
foi aumentada. Ela, então, repetiu a tática. Finalmente, o empregador ofereceu
uma terceira oferta, 20% maior do que a primeira. Ela aceitou.
‘Mais do que o
conhecimento sobre o produto ou qualquer outra coisa, o silêncio é a técnica
mais difícil para aprender’, assinala Donovan. ‘É contra os nossos instintos. Queremos, a todo momento, preencher os
espaços vazios de uma conversa’, acrescenta.
Antes de esperar por uma negociação mais difícil, ela recomenda
praticar com amigos e colegas. ‘Faça uma
pergunta simples, como ‘O que você fez no fim de semana?’ E então cale a boca’.
‘Aprender a ficar em
silêncio acaba se tornando uma ferramenta muito útil ao longo de sua vida,
desde sair com os amigos até comprar uma casa’, destaca.
Quando falar
Mas existem momentos em que é necessário falar. O silêncio pode,
algumas vezes, ser mal interpretado, diz Tannen.
Pesquisadores que analisaram uma série de julgamentos
descobriram que os advogados aconselhavam seus clientes a pensarem antes de
responderem e não falarem qualquer coisa que viesse à cabeça. Mas também
perceberam que os jurados suspeitavam de quem fazia pausas longas e
consideravam que o silêncio poderia ser uma forma de mentira, diz ela.
‘A intenção e o efeito do
silêncio são diferentes’.
No ambiente de trabalho, pode acontecer de um chefe anunciar uma
decisão e supor que, se estiverem insatisfeitos, os funcionários vão reclamar,
explica ela.
Os funcionários, no entanto, podem achar que não vale a pena
dizer nada, pois consideram que o chefe já formou sua opinião.
‘Essa é uma diferença
muito perigosa’, diz ela.
Aprender a lidar com o silêncio é uma habilidade importante, diz
Matthew MacLachlan, da empresa britânica Learnlight, que fornece treinamento em
competências sociais e em linguagem, especialmente em ambientes multiculturais.
‘Os negociadores chineses entendem
que os americanos não lidam bem com o silêncio e são treinados para ficarem
quietos porque isso vai fazer com que os americanos se sintam desconfortáveis e
possivelmente façam concessões sem que os chineses tenham de fazer
absolutamente nada’, diz ele.
Então, qual é a melhor resposta? ‘Cale-se e espere. Não faça uma concessão ou ofereça um meio-termo só
porque eles não estão falando. Se você tiver de falar alguma coisa, faça uma
pergunta direta, como ‘Como você reagiria a essa oferta?’’.
Quando o silêncio perdurar por 45 segundos, você pode dizer : ‘Vamos voltar a esse assunto em um minuto.
Enquanto isso, vamos prosseguir com a negociação’, aconselha.
Em apresentações, o silêncio pode ser mais efetivo do que um
rompante dramático, acrescenta ele.
‘Antes de começar, olhe
para a plateia e fique em silêncio por um momento porque isso mostra que você
está em controle, que você sabe o que está fazendo e que você está confiante’.
Um exemplo clássico disse aconteceu quando o cofundador da Apple
Steve Jobs lançou o primeiro iPhone, diz MacLachlan.
‘Ele fez pausas para que
você não perdesse os pontos-chave. Como o silêncio nos deixa nervoso, nossa
reação instintiva é de que devemos prestar mais atenção’.
Ao mesmo tempo, quando damos feedbacks para nossos funcionários,
a pausa é importante - especialmente quando se trata dos negativos.
‘Se você não parar de
falar, você não está estimulando seus funcionários a refletir sobre o que deu
errado. Dê a essas pessoas um momento de silêncio para ir além da reação
emocional e começar a pensar cognitivamente, processando a informação’, diz
MacLachlan.
Para Carbaugh, o silêncio é, acima de tudo, um convite à
autorreflexão.
‘O silêncio pode ser uma
ferramenta poderosa para nos entendermos, entendermos os outros, aprimorar um
entendimento mútuo e alcançarmos resultados mais produtivos que se apliquem a
todas as esferas do nosso cotidiano’, conclui.’
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