terça-feira, 24 de outubro de 2017

Mosteiro de Mar Musa : cristãos e muçulmanos rezam juntos pela conversão de perseguidores

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


‘Este domingo, 22 de outubro, dia em que as Igrejas Orientais recordam ‘o despertar dos Santos Sete Jovens Dormentes de Éfeso’, os amigos do Mosteiro sírio de Mar Musa - cristãos e muçulmanos - encontraram-se pelo segundo ano consecutivo para ‘rezar pela conversão dos perseguidores, daqueles que usam a violência contra mulheres e homens que têm uma fé ou uma opinião diferente’.
Uma união fortalecida pelo encorajamento recebido no ano passado do Papa Francisco, ‘em modo especial à oração silenciosa que sobe das grutas mais escuras e prisões onde estão ainda hoje tantos fiéis’.
O significado desta festa - explicaram os organizadores da iniciativa - nos leva a refletir sobre as perseguições que os fiéis de todas as religiões hoje sofrem no mundo, assim como a nos unir em oração por eles, muitas vezes silenciosa, como aquela expressa no ‘sono’ dos companheiros da gruta, capazes de transformar os corações dos perseguidores, de aliviar os sofrimentos dos ‘aprisionados’, afastando o ódio e o desejo de vingança, de converter o mundo à paz, à reconciliação e ao diálogo’.
A memória dos Santos Sete Jovens Dormentes de Éfeso recorre no martirológio romano em 27 de julho e em muitas coleções de hagiografias ortodoxas em 4 de agosto.
A comemoração é cara também aos muçulmanos, tanto que a sura 18 do Alcorão (9-27) - intitulada ‘da gruta’ - narra precisamente a história destes jovens dormentes.
Segundo a tradição, na metade do século III, para fugir das perseguições, sete jovens cristãos se refugiaram em uma caverna no Monte Okhlonos, nas proximidades de Éfeso, onde se dizia estar o túmulo de Maria Madalena, para pedir a sua proteção.
Ao serem descobertos, o Imperador Décio (249-251) deu ordens para que fosse lacrada a entrada da caverna com pedras, para que os jovens morressem de fome e de sede.
Dois séculos mais tarde, eles despertaram milagrosamente do sono com seus corpos intactos, testemunhando assim a ressurreição final que os fiéis terão.
O culto a eles propagou-se em muitas regiões ao redor do Mediterrâneo, quer cristãs como muçulmanas.
Hoje existem peregrinações inter-religiosas a lugares santos compartilhados, por meio das quais - dizem os amigos do mosteiro sírio - ‘se pode iniciar a construir uma linguagem comum para encontrar-se e compreender-se reciprocamente’, rezando ‘pelas vítimas de perseguições, os ‘dormentes de hoje’, em qualquer gruta, por causa de sua fé’.’

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