*Artigo
do Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano
‘Para conhecer as culturas e as religiões faz-se necessário o
estudo de suas origens, geografia, costumes e relações com outros povos, na
época em que elas se desenvolveram.
Ainda hoje, podemos encontrar elementos culturais e religiosos que
sobreviveram ao passar do tempo e ainda estão presentes em muitos povos. O
exemplo mais visível é o vestuário.
Quem lê a Bíblia ou a história do Oriente Médio não demora em
perceber que a vida nos seres humanos, se desenvolvia em clãs familiares,
também conhecidos como tribos. Os desertos áridos, falta de água e alimentos
estão na base para os deslocamentos constantes dos grupos humanos à procura de
lugares favoráveis à sobrevivência. Habilidade para viver em terras inóspitas e
força para guerrear, afastando as tribos invasoras ou expulsar outras, em
regiões privilegiadas, eram comuns.
Diante desse ambiente adverso e disputas territoriais, a
aglutinação em tribos era vital para sobrevivência e se proteger dos invasores.
O chefe de um clã forte aglutinava outros menores. Daí pode-se explicar o clã de Jacó do qual
surgiram as 12 tribos de Israel que, unidas sob a liderança de Moisés e Aarão,
ocuparam a terra prometida, expulsando dela as tribos que lá viviam. Uma vez
estabelecidas na terra de Canaã, fez-se necessário criar a unidade nacional,
mas isso jamais foi conseguido plenamente. Embora as tribos dos hebreus
tivessem Abraão como pai comum e o mesmo Deus, lutas e divisões eram
frequentes.
Paralelamente às tribos dos hebreus, surgiram as doze tribos dos
descendentes de Ismael, filho de Abraão e sua escrava Hagar. Segundo o Islã, os
árabes descendem de Ismael que está fora da árvore genealógica de Cristo. A
história dos hebreus, narrada na Bíblia, relata inúmeros enfrentamentos entres
os clãs descendentes de dois dos filhos de Abraão, Ismael e Jacó, evidenciando
que as diferenças entre os dois grupos de clãs é bem antiga.
Embora os tempos sejam outros, o mesmo sistema tribal ainda é a
espinha dorsal dos governos de quase todos os países do Oriente Médio. A
população de cada um é formada por diversos clãs e etnias governadas por um
líder forte. Por isso, a tentativa de introduzir uma democracia de estilo
ocidental não traz resultados positivos para a paz na região.
É bom lembrar as palavras de Glugiermo Ferrero : ‘A cultura ajuda um povo a lutar com as
palavras, em vez de fazê-lo com as armas’.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://br.radiovaticana.va/news/2017/10/21/cultura_tribal_dos_hebreus_e_%C3%A1rabes/1329519
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