domingo, 22 de outubro de 2017

Cultura tribal dos hebreus e árabes

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano


‘Para conhecer as culturas e as religiões faz-se necessário o estudo de suas origens, geografia, costumes e relações com outros povos, na época em que elas se desenvolveram.  Ainda hoje, podemos encontrar elementos culturais e religiosos que sobreviveram ao passar do tempo e ainda estão presentes em muitos povos. O exemplo mais visível é o vestuário.
Quem lê a Bíblia ou a história do Oriente Médio não demora em perceber que a vida nos seres humanos, se desenvolvia em clãs familiares, também conhecidos como tribos. Os desertos áridos, falta de água e alimentos estão na base para os deslocamentos constantes dos grupos humanos à procura de lugares favoráveis à sobrevivência. Habilidade para viver em terras inóspitas e força para guerrear, afastando as tribos invasoras ou expulsar outras, em regiões privilegiadas, eram comuns.
Diante desse ambiente adverso e disputas territoriais, a aglutinação em tribos era vital para sobrevivência e se proteger dos invasores.
O chefe de um clã forte aglutinava outros menores.  Daí pode-se explicar o clã de Jacó do qual surgiram as 12 tribos de Israel que, unidas sob a liderança de Moisés e Aarão, ocuparam a terra prometida, expulsando dela as tribos que lá viviam. Uma vez estabelecidas na terra de Canaã, fez-se necessário criar a unidade nacional, mas isso jamais foi conseguido plenamente. Embora as tribos dos hebreus tivessem Abraão como pai comum e o mesmo Deus, lutas e divisões eram frequentes.
Paralelamente às tribos dos hebreus, surgiram as doze tribos dos descendentes de Ismael, filho de Abraão e sua escrava Hagar. Segundo o Islã, os árabes descendem de Ismael que está fora da árvore genealógica de Cristo. A história dos hebreus, narrada na Bíblia, relata inúmeros enfrentamentos entres os clãs descendentes de dois dos filhos de Abraão, Ismael e Jacó, evidenciando que as diferenças entre os dois grupos de clãs é bem antiga.
Embora os tempos sejam outros, o mesmo sistema tribal ainda é a espinha dorsal dos governos de quase todos os países do Oriente Médio. A população de cada um é formada por diversos clãs e etnias governadas por um líder forte. Por isso, a tentativa de introduzir uma democracia de estilo ocidental não traz resultados positivos para a paz na região.
É bom lembrar as palavras de Glugiermo Ferrero : ‘A cultura ajuda um povo a lutar com as palavras, em vez de fazê-lo com as armas’.’

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