*Artigo
de Philip Kosloski,
escritor e designer gráfico
‘Filmes e
programas de TV difundiram o estereótipo de que as freiras sempre usam hábitos
pretos e os monges católicos sempre se vestem de marrom. No entanto, basta
frequentar qualquer grande evento eclesial para constatar que a realidade é
muito mais cheia de cores e tons.
Como a variedade e
quantidade de congregações religiosas é, graças a Deus, quase ‘inelencável’,
ofereceremos aqui um ‘guia básico’
sobre os hábitos de quatro das principais e mais conhecidas ordens religiosas
da história da Igreja – e a maioria das comunidades religiosas que usam hábito
estará conectada, ao menos perifericamente, a uma dessas ordens : beneditinos,
carmelitas, franciscanos e dominicanos.
Neste artigo,
veremos as duas primeiras ordens.
Beneditinos
Irmã Andrea
Staderman, OSB / Abadessa Maria-Michael Newe, OSB
Fundada no século
VI por São Bento de Núrsia, a ordem beneditina adota hábitos negros compostos
por uma túnica, uma capa escapular que vai até os pés e um cinto de couro. A
cor preta simboliza a penitência e o morrer para o mundo, além de ser, em
termos práticos, a cor de tecido mais barata disponível no século VI. Os monges
usam capuzes e as freiras véus : aliás, é neste aspecto que as comunidades
religiosas da ordem costumam se diferenciar umas das outras.
Um elemento distintivo
do hábito beneditino é a ausência do rosário pendente, principalmente porque os
beneditinos tradicionais, com seu célebre lema ‘Ora et Labora’ (‘Ora e
Trabalha’), cultivavam o campo e faziam eles próprios as construções nos
seus mosteiros, o que tornava impraticável usar o rosário pendente no
dia-a-dia. Os beneditinos que já professaram os votos religiosos permanentes
usam capuz preto sobre o hábito durante a oração litúrgica e em ocasiões
comunitárias importantes.
Além de São Bento,
incluem-se entre os santos beneditinos mais famosos Santa Hildegarda de Bingen,
Santa Escolástica, o Papa São Gregório Magno, Santa Gertrude e São Beda, o
Venerável. Entre os leigos beneditinos incluem-se São Francisco de Roma, o rei
Santo Henrique II, a serva de Deus Dorothy Day e os escritores Rumer Godden,
Flannery O ‘Connor e Walker Percy.
Carmelitas
Fundada
formalmente no século XII, a ordem monástica dos carmelitas vem de raízes que
remontam a um grupo de eremitas que viviam no Monte Carmelo, na Terra Santa. Seu
hábito é de cor marrom e também apresenta o manto escapular, ou escapulário,
uma espécie de ‘dupla capa’, longa e
retangular, que pende pela frente e por trás e que servia para proteger o
hábito durante os trabalhos pesados, mais ou menos como um avental. Esta peça é
a origem do escapulário que conhecemos hoje como um dos mais importantes
sacramentais oferecidos aos católicos, a partir de uma aparição da Santíssima
Virgem Maria a São Simão Stock. A cor marrom evoca a cruz e a terra, lembrando
aos carmelitas a sua própria cruz e a humildade que devem cultivar – já que a
palavra ‘humildade’ vem de ‘húmus’, terra, e nos recorda que ‘somos pó e ao pó retornaremos’.
Além do
escapulário marrom escuro, a veste carmelita se identifica também por uma capa
de cor mais clara, em tom amarelado, que é sobreposta ao hábito durante a
liturgia. O carmelita usa ainda um cinto de couro e um grande rosário pendente.
Os carmelitas também usam o crucifixo da sua profissão religiosa preso ao
escapulário.
O ramo da ordem
que se tornou conhecido como ‘carmelitas
descalços’ segue o carisma inspirado a Santa Teresa de Ávila (ou Santa
Teresa de Jesus), uma grande reformadora da ordem. Existem também, mundo afora,
comunidades carmelitas de vida apostólica.
Entre os mais
conhecidos santos carmelitas incluem-se o grande místico São João da Cruz,
Santa Teresinha de Lisieux, Santa Isabel da Trindade e Santa Edith Stein,
filósofa judia que se converteu ao catolicismo, entrou no carmelo, adotou o
nome religioso de Teresa da Cruz e foi morta pelos nazistas durante a Segunda
Guerra Mundial. Já entre os leigos carmelitas listam-se personalidades
históricas como Éamon de Valera, presidente da Irlanda, e os reis espanhóis
Fernando e Isabel, conhecidos como ‘os
Reis Católicos’.’
Fonte :
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2017/08/01/por-que-monges-e-freiras-usam-cores-diferentes-parte-1/
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