*Artigo
de Jean Elizabeth Seah
Poema da Cruz / A
morte de Cristo
功成十架血成溪,百丈恩流分自西。
身列四衙半夜路,徒方三背两番鸣。
五千鞭挞寸肤裂,六尺悬垂二盗齐。
惨动八垓惊九品,七言一毕万灵啼。
Uma vez se completou o trabalho na Cruz,
o sangue formou um riacho de sangue
e, do oeste, circulou mil metros.
Pisou o caminho da meia-noite para submeter-se a quatro juízos.
Antes que o galo cantasse duas vezes, três vezes foi traído.
Quinhentos açoites rasgaram-lhe cada centímetro da pele.
Dois ladrões o acompanharam na cruz de seis pés de altura.
A tristeza era de magnitude nunca antes conhecida.
Sete palavras, uma tarefa cumprida, dez mil almas que choram.
Este poema
católico, no original em chinês, contém todos os números de 1 a 10, bem como o
100, o 500, o 1.000 e o 10.000 (na tradução, alguns números não aparecem, pois
as expressões originais não teriam sentido se fossem vertidas literalmente). A
propósito : é interessante observar que o ideograma chinês que representa o 10
tem a forma de uma cruz : 十.
Seu autor é o
erudito imperador Kangxi (康熙帝), que viveu de 1654 a 1722.
Ele, que ascendeu ao trono aos 7 anos de idade, esteve à frente do reinado mais
longo da China e um dos mais longos do mundo : 61 anos.
Os primeiros
imperadores da dinastia Qing eram receptivos ao cristianismo. O pai de Kangxi,
o imperador Shunzhi, visitava com alguma frequência a igreja católica mais
antiga da China, a Catedral da Imaculada Conceição, ou a Igreja do Sul, para
receber conselho do missionário jesuíta Johann Adam Schall von Bel.
Essa catedral
recebeu por cortesia de Shunzhi uma lápide com a inscrição ‘Construída pela Ordem Imperial’. Durante
o reinado de Kangxi, o templo foi ampliado. Os jesuítas, além da pastoral,
também exerceram funções como astrônomos e meteorologistas imperiais nas cortes
das dinastias Ming e Qing, o que favoreceu a introdução da ciência e da
matemática ocidental no Império do Meio. Nesse período foram erguidos
hospitais, museus, universidades e laboratórios públicos em cidades-chave como
Xangai.
Kangxi ofereceu
aos jesuítas uma casa dentro da Cidade Proibida, complexo destinado
exclusivamente à família imperial e ao seu séquito, assim como um terreno para
levantar uma igreja. Uma vez finalizadas as obras da igreja, o imperador
redigiu em seu ingresso uma inscrição de próprio punho :
Ao verdadeiro Líder de todas as coisas. Ele é infinitamente bom
e justo. Ele ilumina, apoia e rege todas as coisas com autoridade suprema e
justiça soberana. Não tem princípio nem fim. É Ele quem governa e é Ele o
verdadeiro mestre.
No final do
reinado de Kangxi, havia aproximadamente 300.000 católicos e 300 igrejas na
China, inclusive após a querela dos ritos que obrigou o imperador a restringir
o catolicismo por sentir a sua autoridade ameaçada. Essa proibição não foi
absoluta : missionários com visto puderam permanecer. Eis outro poema de
Kangxi :
Sobre a Verdade
Tudo o que a vista alcança é criação d’Ele.
Ele, que no tem princípio nem fim, é três pessoas em uma.
As portas do céu se fecharam pelo pecado do primeiro homem e
voltam a se abrir por meio do Filho.
Uma vez libertos de todas as falsas religiões, devemos
converter-nos em discípulos por todos admirados.
Fonte :
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2017/08/17/o-imperador-da-china-que-escrevia-poemas-catolicos/
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