*Artigo
do Padre Geovane Saraiva,
Pároco
de Santo Afonso de Fortaleza, CE,
e
vice-presidente da Previdência Sacerdotal
‘A Igreja sempre
contou com a imagem do pelicano, pássaro que na Europa Medieval era considerado
animal singularmente zeloso. Ele alimentava os filhotes com o alimento tirado
da sua própria bolsa e, se chegasse a faltar alimento, esse pássaro, numa
maneira inaudita e divina de proceder, os alimentava com o próprio sangue.
Vemos, na personificação do expressivo quadro do pelicano, o abraço e a
configuração : Pelicano e Eucaristia. Diante disso, temos o belíssimo
comentário de São Jerônimo, sobre o Salmo 102, na seguinte assertiva : ‘Sou como um pelicano do deserto, aquele
pássaro bom que fustiga o peito e alimenta com o próprio sangue os seus filhos’.
Ele é o símbolo da obediência da entrega do Filho de Deus, o qual nos convida,
com Ele, a nos configurarmos.
O pelicano quer
representar todos os que abraçam o mistério da salvação, numa atitude
totalmente solidária, deixando-se conduzir pelo espírito de Deus, a caminho da
glória. Quão enorme é a simbologia do pelicano, isto é, da Paixão de Cristo, na
Eucaristia e na autoimolação – o Cordeiro pascal. Esse tipo de ave costumava
sofrer de uma doença que o deixava com uma marca vermelha no peito. Outra
versão é a de que esse tipo de animal tinha o hábito de matar os seus filhotes
e, depois, ressuscitá-los com seu sangue, o que seria análogo ao sacrifício
redentor de Jesus, no Seu memorial de morte e ressurreição.
Na nossa
disposição sempre renovada de mergulhar em Deus, voltemo-nos para Santo Tomás
de Aquino, ao asseverar : ‘O pelicano bom
a nos inundar com vosso sangue, sangue no qual, através de uma só gota, quis
salvar o mundo inteiro’. Que o pássaro bom, Nosso Senhor Jesus Cristo,
indique-nos o caminho da Páscoa eterna, ensine-nos a amar mais a Eucaristia,
sacramento no qual Jesus se acha presente, com seu corpo, sangue, alma e
divindade, como banquete sagrado!
Que a nossa fé na
Eucaristia, pão que sacia a vida dos seres humanos, empolgue-nos e fascine-nos
não só em momentos circunstanciais da vida, mas que nos leve a um forte e
consequente desejo de aprender sempre e cada vez mais a vivermos animados e com
a marca da esperança, voltando-nos para Jesus, o bom pelicano de todos os
tempos.’
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