terça-feira, 8 de novembro de 2016

Vidas ameaçadas

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Paulo Aido,
Jornalista, contribui com a Fundação AIS


Em muitos lugares da Nigéria, os cristãos são uma comunidade ameaçada. Além do terrorismo islamita do Boko Haram, que tem trazido a morte e a destruição ao Norte do país, há ainda muito ódio e intolerância à solta.


‘Tudo aconteceu no dia 22 de Agosto. Foram raras as notícias que correram mundo sobre este episódio de invulgar violência. Porém, ali em Talata Mafara, no Estado de Zamfara, na Nigéria Setentrional, ninguém consegue esconder o horror dos gritos daquelas oito pessoas, todas da mesma família, queimadas vivas em sua casa por causa de uma falsa acusação de blasfêmia. Horas antes, um rapaz, jovem estudante do ensino politécnico, foi acusado por um colega, muçulmano, de ter injuriado o profeta Maomé numa discussão. Bastou isso para que tudo se precipitasse de forma dramática. A discussão entre os dois degenerou num tumulto que envolveu quase toda a escola.


Fugir para a morte

Pressentindo o perigo, o jovem estudante fugiu, correndo para sua casa. Julgando estar a salvo, não imaginou, nem por um instante, que estava, isso sim, a condenar à morte toda a sua família. Num instante, a multidão deixou a escola e correu para junto da casa do estudante universitário, deitando fogo à habitação. Os que presenciaram o ataque não conseguem esconder o horror dos gritos dos que estavam a ser queimados vivos. As autoridades, como acontece tantas vezes na Nigéria, chegaram tarde demais. A Igreja depressa condenou mais este episódio de extrema violência contra a comunidade cristã, acusando as forças da ordem de serem «incapazes de perseguir e prender quem ataca os cristãos».


Medo entre os cristãos

Como se não bastasse a violência terrorista da responsabilidade do Boko Haram no Norte da Nigéria, onde este grupo islamita pretende instaurar um califado, os cristãos nigerianos têm também de conviver com a complacência criminosa das autoridades, que não garantem a ordem e segurança das populações. O ataque criminoso que vitimou oito pessoas da mesma família em Talata Mafara demonstra bem como é pouco valiosa a vida dos cristãos em certas regiões da Nigéria. Recentemente, D. Charles Hammawa, bispo na Diocese de Jalingo, reconheceu, em declarações à Fundação AIS, que há «definitivamente, muito medo de perseguição entre os cristãos, o que faz com que alguns comprometam ou escondam a sua fé». Por isso mesmo, acrescenta este prelado, todos «aqueles que permanecem inabaláveis merecem o nosso apoio incondicional». Imagine-se, agora, a coragem que é preciso ter para os cristãos que vivem em Talata Mafara continuarem a assumir publicamente a sua fé depois do público assassínio de uma família, queimada viva em sua casa.’
  

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