sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Jerusalém e o mistério Pascal

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

A Eucaristia é sacrifical, sacramento da morte e da ressurreição, porque ela é o corpo de Cristo.
*Artigo de Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist.,
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


‘O texto base do XVII Congresso Eucarístico Nacional está dividido em cinco capítulos. A divisão foi a seguinte : 1 – Jerusalém e o mistério pascal, 2 – Emaús – eles o reconheceram na fração do Pão, 3 – Eucaristia, fonte de comunhão e partilha na Amazônia missionária, 4 – Nazaré – Ele vai à frente, na Galiléia e 5 – Maria, mulher Eucarística.

Quanto o primeiro capitulo : Jerusalém e o mistério Pascal, este por sua vez faz uma explanação geral sobre o significado e a importância de Jerusalém para o contexto Eucarístico e depois fala sobre os nomes da Eucaristia : memória, sacrifício, comunhão, presença real e Eucaristia e iniciação cristã.

A iniciação cristã encontra seu ápice no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Com efeito, as ações litúrgicas da iniciação vão ordenadas a significar e produzir a união íntima do cristão com Cristo e com a sua missão. A destinação para essa missão, que se recebe no batismo, no qual o batizado fica marcado indelevelmente com o sinal de Cristo, reforça-se na plenitude do Espírito Santo, que nos é dada no sacramento da confirmação. Mas a Eucaristia, ao estabelecer a comunhão entre a pessoa do cristão e o seu Senhor, morto e ressuscitado, coloca-o diretamente no seio da vida divina. A Eucaristia não é só participação na graça, mas na própria fonte da graça.

Comer e beber, atividades naturais do ser humano, conservam e fortalecem a vida e são, ao mesmo tempo, o contato primário com o mundo. A maioria dos povos desenvolveu uma cultura em torno do cear, por meio de comer e beber em conjunto se representa e estabelece comunhão. Também no Antigo Testamento a ceia é um sinal de realizador de comunhão. No atendimento solícito realiza-se a hospitalidade (cf. Gn 18,1-8), tratados de paz e alianças são selados em meio à ceia (cf. Gn 14,18; 26,30; 31,54; Ex 18,12).

Na aliança feita no Sinai o sacrifício está em primeiro plano : Moisés toma a metade do sangue dos bezerros sacrificados e o asperge sobre o altar dos sacrifícios; depois lê o documento da aliança, e o povo concorda com os termos do documento; em seguida, Moisés asperge a outra metade do sangue sobre o povo (cf. Ex 24,8). Desse modo, nessa efetivação da aliança o sacrifício se associa com a ceia. Ambas as coisas unem com Deus : o sangue do sacrifício aspergido sobre o altar e o povo e a ceia dos anciãos, que por essa ocasião puderam ver a Deus.

Toda refeição começa com o louvor no partir do pão e termina com a oração de agradecimento. Isso é associado muitas vezes com a anamnese dos feitos salvíficos de Deus.

A festa do pesah é o memorial central da ação salvífica libertadora de Deus. Ela se desenvolveu a partir de duas festas pré-israelitas : a festa da primavera, os nômades que celebravam a partida para novas pastagens com o abate de um animal pequeno e uma refeição comunitária e, a festa dos pães ázimos, por ocasião da qual eram sacrificadas as primeiras espigas da cevada, seguindo com uma refeição com pão não levedado, cozido com o cereal da nova colheita. Em Israel a festa foi relacionada com o evento do êxodo. Novamente estão interligados ceia, sacrifício e memória.

No Novo Testamento, a comunhão de mesa é o ato simbólico de Jesus, por várias vezes referido nos Evangelhos. Ele é entendido por amigos e inimigos. Para uns é um ato convidativo, para outros é motivo de escândalo e inimizade por causa dos comensais com os quais Jesus se envolve. Com a parábola do pai misericordioso (cf. Lc 15,11-32), Jesus justifica sua comunhão de mesa com os pecadores, e com o convite para o banquete, com a qual termina a parábola, tenta convencer os justos a se alegrarem com o retorno do perdido. No relato da última ceia, por um lado, é ceia de despedida : resumo da vida e, ao mesmo tempo, testamento comprometedor para os discípulos; por outro lado, ela aponta, como todas as comunhões de mesa de Jesus, para o futuro escatológico. A última ceia é, portanto, ceia de despedida em perspectiva escatológica, sinal de esperança em face da ruína.

A Eucaristia é sacrifical, sacramento da morte e da ressurreição, porque ela é o corpo de Cristo, ‘corpo entregue’, ele se torna presente no instante da realização da salvação, corpo entregue e glorificado, a fim de que a Igreja se torne um só corpo com ele na realização da salvação. A Eucaristia é o sacramento da presença de Cristo, e é sacrifical em razão dessa presença. A Eucaristia é o sacramento do sacrifício de Cristo, porque, por ela, Cristo se doa à Igreja em seu único sacrifício, em sua morte e sua ressurreição, nas quais foi eternizado. Ele se doa a ela, a fim de que ela celebre com ele o único sacrifício.

Contudo, a Eucaristia é o corpo de Cristo no ato redentor, dado à Igreja para que se torne aquilo que ela recebe do corpo de Cristo no ato redentor. Assim, salva em Cristo e com ele, ela participa na salvação do mundo.’


Fonte :
* Artigo na íntegra


Nenhum comentário:

Postar um comentário