*Artigo de Dom Paulo Mendes Peixoto,
Arcebispo de Uberaba, MG
‘Primeiro, temos
que entender que tipo de riqueza queremos abordar. Pode ser material,
espiritual, as virtudes naturais, as adquiridas, as da natureza, e muitas
outras. Penso no ‘ser rico para Deus’.
O Evangelho fala que ‘onde está teu
tesouro, aí estará teu coração’, mas é uma riqueza que passa e não
proporciona total felicidade, pois a riqueza deve ser duradoura e para sempre.
A verdadeira
riqueza é aquela que dá sentido pleno para a vida. Para muitos, a saúde é uma
grande riqueza, muito mais do que ter muitos bens materiais. Para outros, é
rico quem tem a presença do amor de Deus, tem fé e confia na providência
divina. As riquezas do mundo não conseguem satisfazer plenamente todos os
vazios do coração humano, porque não têm a plenitude sobrenatural.
É fundamental ser
rico aos olhos de Deus, porque isso significa ter verdadeira vida, que não
depende do poder aquisitivo material. Um pobre, em relação ao ter, pode ser
mais feliz do que um farto de bens materiais, porque quanto mais tem, mais quer
ter e nunca se satisfaz com o que tem. Perdendo a dimensão espiritual do ter, a
vida fica vazia de sentido e o coração nunca satisfeito.
Ganhar grande soma
na loteria não significa felicidade. Pode ser até motivo de tristeza e de perda
da liberdade. Isso pode não constituir valor do Reino, podendo até ‘desgraçar’ a vida da pessoa, tornando-se
um rico ‘insensato com as coisas do alto’.
Pode impedir o acúmulo de bens duradouros, porque um coração obscurecido pelo
dinheiro impede construir tesouros de vida eterna.
Olhando por outra
ótica, a riqueza não constitui um mal em si mesmo. Apenas, quando mal
administrada, pode desviar a atenção da pessoa de valores mais pontuais na
dinâmica da vida. Uma pessoa rica pode fazer um bem muito grande,
principalmente quando coloca sua riqueza a serviço do bem social, partilha
criando bancos de emprego para tirar outras pessoas de situações desumanas.
A nossa verdadeira
riqueza é Jesus Cristo, escondido na intimidade das pessoas e na prática de
seus atos. Ela supera interesses próprios e usa critérios de compreensão da
precariedade dos ‘tesouros’ do mundo.
O amor é mais forte do que todos os bens materiais, porque é capaz de criar
relacionamentos e construir convivência sadia e fraterna entre as pessoas.’
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