quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Ações concretas de misericórdia nas Arábias

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano


‘Ao percorrer os caminhos da vida, percebemos que as pessoas têm diferentes formas de celebrar as alegrias e praticar a misericórdia. O ambiente social e cultural, no qual nossos semelhantes estão envolvidos, determina o tipo de misericórdia a ser praticada.

Migrantes, expatriados, refugiados e marítimos, além de terem seus relacionamentos sociais reduzidos, sua vida afetiva sofre com o distanciamento do grupo familiar que fica dividido entre dois ou mais países.

Quem sai de sua terra, vai montar sua tenda em outro país, lado a lado com pessoas que não conhece. Tudo isso induz que o exercício da misericórdia seja de acordo com a vida das pessoas.

As igrejas e templos, nos Emirados Árabes Unidos, têm o privilégio de ser o local de convergência de muitos povos com suas culturas e línguas. É aqui que a misericórdia se expressa, na acolhida fraterna a gentes diferentes. Assim, nos complexos dos templos e igrejas, as pessoas são acolhidas e encontram uma casa longe de sua casa. Talvez isso explique o motivo por que os cristãos são assíduos, na participação das atividades de suas comunidades de fé.

Existe uma categoria de pessoas invisíveis à sociedade e raramente vistas em lugares de culto. São os marítimos que, trabalhando a bordo de navios, transportam 90% das riquezas entre países e regiões do planeta. Se a entrada de um navio num porto parece romântica para quem o observa da praia, certamente não é sentida assim pelos marítimos a bordo. Trabalham longas horas na solidão do mar, longe de seus familiares, em troca de dinheiro para que suas famílias possam viver dignamente, educar os filhos e cuidar de sua saúde.

 Além de levar uma vida sacrificada, a categoria dos marítimos está sujeita a tragédias. Nas rotas de navegação, ao longo da costa leste da África, partes da Ásia e outros continentes, além do medo e da possibilidade real de serem vítimas de sequestradores, muitos deles sofrem sob a irresponsabilidade de armadores e agentes.

Certamente não existe situação pior para os marítimos do que serem abandonados juntamente com os navios, a oito ou dez milhas náuticas da costa, sem receber salário durante dez meses ou mais, sem água e sem comida e com contratos de trabalhos vencidos há meses. A sensação de impotência e abandono, agravada pela solidão compõem o inferno de diversos grupos de tripulantes. Com a gente abandonada no mar, as igrejas manifestam a misericórdia, tentando encontrar os responsáveis com a finalidade de dialogar, visando soluções. Nos casos mais críticos, tentam encontrar algum meio para levar-lhes alimentos, água e créditos para telefone, possibilitando a comunicação com as famílias ou responsáveis pelos navios.

Dignos de misericórdia são também os expatriados ou expatriadas que tiveram o infortúnio de infringir as leis do país e pagam por isso, na solidão das prisões.  Mesmo com dificuldades, os grupos de Pastoral Carcerária levam-lhes amor e esperança. Pelo fato de não terem família, nos Emirados Árabes Unidos, as visitas são sempre bem-vidas.

Adoecer longe de casa, e muitas vezes, com a possibilidade de não rever os familiares em vida, é uma das preocupações tormentosas. Nessas ocasiões não faltam os bons samaritanos que dão seu tempo para sentar com os doentes nos hospitais, levando-lhes carinho, o conforto da fé e a força da esperança.

Tanto nas visitas aos prisioneiros e doentes, a misericórdia se expressa em se fazer irmão ou irmã de quem sofre, longe da família e em terras estrangeiras.

A partir das Sagradas Escrituras, as pregações versam sobre o exercício da misericórdia, convidando a dar testemunho cristão, na sociedade do país, conscientes de que o exemplo é o único meio eficaz de evangelização, numa nação islâmica. As palavras bonitas são, facilmente colocadas no baú de esquecimento, enquanto as obras de misericórdia são lembradas para sempre.

Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo’ (Papa Francisco).’


Fonte :
* Artigo na íntegra


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