*Artigo
de Felipe Magalhães Francisco,
Mestre
em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia.
Coordena
a Comissão Arquidiocesana de Publicações,
da
Arquidiocese de Belo Horizonte.
Como tudo o que é edificado na
história, as religiões podem se desvirtuar.
‘Religare. O princípio de toda religião é
reestabelecer a relação entre os seres humanos e seu/s deus/s. Reestabelecer
porque todo ser humano carrega, em si, a abertura radical ao outro. Esse outro
tanto como a um igual a si, mesmo na diferença, e a deus. A religião é, então,
a institucionalização da mediação entre o ser humano e deus. Ela faz a mediação
entre o que é profano e o que é sagrado, tendo em vistas que essas são duas
realidades heterogêneas, ainda que nada impeça que, em meio ao profano, haja irrupções
do sagrado.
Como tudo o que é
edificado na história, as religiões podem se desvirtuar. A respeito disso,
propomos o artigo Violência em nome de Deus : a negação da negação, do padre
Rodrigo Ferreira da Costa, Sacramentino de Nossa Senhora, que nos ajuda a
refletir sobre a realidade da violência religiosa, oferecendo-nos uma
verdadeira genealogia dessa violência, bem como a importância do resgate da
cultura da paz, que tem em Jesus uma figura importante.
Partindo da
abertura radical à transcendência de todo ser humano, o artigo Guarda tua
espada na bainha, da mestra em teologia Tânia da Silva Mayer, aponta para o
específico da religião cristã, que tem por novidade a ideia de um Deus que se
revela. Em Jesus, essa revelação ganha sua máxima expressão e é condição de
possibilidade de nossa relação com o Deus revelado, de modo pleno. Da vida
mesma de Jesus, o pleno revelador de Deus, vem-nos o imperativo do amor, que se
desdobra na justiça e na paz do Reino.
Mesmo que o
específico do cristianismo seja o amor a todos quantos estão no mundo, como
verdadeira prática oriunda da assimilação profunda da mensagem de Jesus, a
religião cristã ainda dá sinais de ambiguidade, e transparece seu rosto
terrível, o da violência. Uma das formas de violência, que tem ganhado cada vez
mais expressão em nossa sociedade, é a da intolerância. Refletindo nesse
trágico horizonte, propomos o artigo A intolerância como violência, no qual
relacionamos o crescimento do conservadorismo com a ampla manifestação da
intolerância, tão própria de nosso tempo.
Este é apenas o
começo da conversa. Há muito o que se dizer a respeito dessa face terrível das
religiões, para que, refletindo e tomando consciência, rompamos com essa
ambiguidade que mata, que tira do outro a dignidade e a liberdade, e que
desvirtua o específico das religiões. Que nossa conversa prossiga!’
Fonte :
* Artigo na íntegra
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