*Artigo
de Padre José Vieira,
Missionário Comboniano
‘Três missionárias
combonianas escolheram ficar nos Montes Nuba, no sul do Sudão, apesar dos
riscos de um ataque maciço iminente das forças do Governo ao condado de Heiban
controlado pelos rebeldes.
A Agência de
Auxílio e Reabilitação do Sudão, o braço humanitário dos rebeldes do SPLM-N que
controlam os Montes Nuba e a área do Nilo Azul, escreveu a todos os
estrangeiros para abandonarem a região até 1 de junho dada a eminência de um
ataque maciço das forças de Cartum.
A força aérea
bombardeou uma escola primária católica em Kauda a 25 de maio. Uma professora
queniana ficou ferida no ataque.
A Troika (Estados
Unidos, Reino Unido e Noruega) condenou o ataque e pediu às partes para pararem
com a violência e permitirem o acesso de agentes humanitários na área.
As três irmãs
combonianas da comunidade de Gidel, cidadãs do Uganda, México e dos Montes
Nuba, decidiram ficar com a população e refugiar-se nas cavernas rochosas das
montanhas juntamente com um médico americano que dirige o hospital católico
local.
A superiora da
comunidade escreveu que o pároco as aconselhou a viajarem para o campo de
refugiados de Yida, no Sudão do Sul.
Depois de um
discernimento comunitário, as missionárias decidiram ficar.
«Temos que deixar as pessoas quando a
situação está assim ou permanecemos com elas durante este tempo doloroso»,
a superiora explicou à provincial numa mensagem eletrônica.
«Não fizemos esta escolha apoiadas na nossa
própria força. Confiamo-nos ao Senhor colocando toda a nossa confiança nele.
Isto não quer dizer que não temos medo. Nós temos e a situação está má»,
revelou.
«Hoje foi muito mau. Permanecemos quase toda
a manhã nas trincheiras. Três jatos MIG falharam o H mas lançaram quatro pedras. Agradecemos a
Deus porque estamos ainda vivas», escreveu em código.
H representa o
Hospital Mãe de Misericórdia e as pedras, bombas.
Contou que no dia
28 as irmãs tinham feito a despedida a uma missionária que a partir deste mês
pertence à província dos Estados Unidos.
Mas ela decidiu
permanecer em Gidel e não viajou para o Sudão do Sul a 1 de junho como estava
previsto.
A provincial
deixou uma nota de esperança na sua mensagem : «Eventualmente os Nuba vão acompanhar as irmãs para as cavernas nas
montanhas onde sobreviveram a outro ataque gigante de Cartum. Estarão seguros
nas cavernas, mas as condições são muito difíceis no que diz respeito à água e
comida.»
Lamentou que
quanto mais rezam pela paz e pela ajuda de Deus, com mais força o Diabo
trabalha.
«Rezemos pelo povo nuba e pelo fim desta
guerra sem sentido com o sofrimento consequente para o povo», terminou.
Nuba Reports
contabilizou 4082 bombas lançadas pelo Governo sobre alvos civis nos Montes
Nuba desde Abril de 2012, altura em que a guerra civil recomeçou na região.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
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