quarta-feira, 22 de junho de 2016

Coreia do Norte : Cristãos perseguidos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo de Jorge Ferreira e Félix Lungu, 
Jornalistas


A Coreia do Norte lidera, há 14 anos consecutivos, a lista dos 50 países onde seguir a Cristo pode custar a vida. Professar o Cristianismo pode ter como consequências a discriminação, a prisão, o desaparecimento, a tortura e a execução pública.


‘O Cristianismo chegou à Coreia em finais do século XVII, mas só no começo do século XX houve um crescimento significativo, a ponto de a capital, Pionguiangue, passar a ser conhecida como a Jerusalém do Oriente.

A derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial significou o fim de 35 anos de domínio nipônico na península coreana (1910-1945). Kim Il-Sung, líder guerrilheiro que os Japoneses temiam e que se tornou popular entre os seus concidadãos, chegou ao poder e impôs um regime de ideologia comunista, apoiado pela ex-União Soviética.

De 1950 a 1953, a Guerra da Coreia foi uma tentativa da Coreia do Norte de invadir e dominar a Coreia do Sul. Neste período, muitos cristãos tiveram de fugir. Se antes da guerra o país contava com 500 mil discípulos de Jesus Cristo, dez anos mais tarde, a presença da Igreja era pouco visível, pois milhares tinham sido mortos, presos ou levados para áreas remotas. Desde então, a Igreja tem vivido na clandestinidade.


Perseguição religiosa

Na Coreia do Norte, atualmente liderada por Kim Jong-un, filho de Kim Il-Sung, a pressão sobre os cristãos acontece num nível muito elevado em todas as esferas da vida. O Governo não tolera qualquer atividade religiosa que seja considerada ‘ameaçadora’ à supremacia do Estado, nem quaisquer missionários. Por isso, neste país asiático é necessário manter a fé cristã como um segredo bem guardado, não só das autoridades, mas também de amigos, vizinhos e até mesmo da família. As razões para essa atitude são muito evidentes : quem for descoberto corre o risco de ser torturado e levado para a prisão ou campo de trabalho forçado, separado ou juntamente com a família. Muitos pais, pelo medo de serem descobertos, temem dizer até mesmo aos seus filhos que são cristãos.

Estima-se que haja mais de cinquenta mil cristãos presos em campos de trabalhos forçados na Coreia do Norte. Muitos outros milhares procuraram refúgio em países vizinhos, Coreia do Sul, China, Mongólia e Rússia.

Há quatro Igrejas controladas pelo Governo em Pionguiangue – duas protestantes, uma católica e outra ortodoxa. São usadas pelo regime para mostrar que há liberdade de religião, mas elas não funcionam como comunidades cristãs. Por não terem liberdade alguma, são proibidas de produzir ou importar materiais cristãos, por exemplo, ou de realizar qualquer atividade com jovens ou líderes. As Igrejas não registadas não podem, simplesmente, existir no país.


Igreja clandestina

O regime da Coreia do Norte é controlador. É a nação mais fechada do mundo, encabeçando, há 14 anos, a lista da Classificação da Perseguição Religiosa, elaborada anualmente pela organização cristã internacional Open Doors (Portas Abertas).

Em inquéritos realizados junto de refugiados que conseguiram escapar do país, há indícios de que, na região fronteiriça com a China, há uma Igreja clandestina. O culto acontece por meio de encontros ‘casuais’ de dois ou três cristãos em algum lugar público. Ali, oram discretamente e trocam palavras de encorajamento.

O povo coreano não abandona as suas raízes cristãs, apesar da tenebrosa perseguição de que é alvo. Um relatório recente do Governo dos EUA dá conta da existência de «inúmeros casos de membros de Igrejas clandestinas presos, maltratados, torturados ou mortos devido às suas crenças religiosas».

Desconhece-se quantos cristãos estão presos na Coreia do Norte. Considerados ‘inimigos’ do Estado, eles não podem, em momento algum, revelar qualquer prática religiosa, sob risco de poderem ser presos de imediato. A descoberta de um simples exemplar da Bíblia em casa é suficiente para que toda a família seja deportada para um campo de concentração.

Sabe-se da prisão do missionário sul-coreano Kim Jeong-wook, condenado em Outubro de 2013 a trabalhos forçados quando procurava dar abrigo e alimentos a norte-coreanos que tentavam abandonar o país pela fronteira com a China. Nos últimos meses foram detidos mais cristãos : Kim Dong Chul, um norte-americano, e pelo menos dois cidadãos sul-coreanos, presos sob a acusação de espionagem. Um deles, Kim Kuk-gi, de 60 anos, foi detido por «espalhar propaganda religiosa em igreja clandestina».


O preso 036

Natural do Canadá, Hyeon Soo Lim foi preso na Coreia do Norte quando desenvolvia trabalho humanitário. Acusado de conspirar contra o regime, foi condenado a prisão perpétua com trabalhos forçados. Isolado de todos, nem a Bíblia pode ler.

No início de 2015, a família perdeu o contato com ele, depois de Soo Lim ter iniciado mais uma viagem até à Coreia do Norte, onde desenvolvia regularmente trabalho humanitário em nome da Igreja Presbiteriana da Coreia. Hyeon estava detido. Mas porquê? Este cristão, de 60 anos, nascido na Coreia do Sul mas com cidadania canadense, ia com alguma frequência ao mais hermético país do mundo onde a sua Igreja era responsável pela construção de um orfanato e de lares para idosos. Acusado de ‘atos contra o Estado’, foi condenado a prisão perpétua com trabalhos forçados.

Agora, sabe-se, o preso 036 é obrigado a abrir buracos nos terrenos do campo de concentração onde se encontra, durante oito horas por dia.

No entanto, ele não tem dúvidas de que no mundo inteiro há milhares de pessoas a rezar por ele. E pelos norte-coreanos que arriscam a vida só por se manterem fiéis a Cristo.’


Fonte :
* Artigo na íntegra

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