*Artigo
de Jorge Ferreira e Félix Lungu,
Jornalistas
A Coreia do Norte lidera, há 14 anos
consecutivos, a lista dos 50 países onde seguir a Cristo pode custar a vida.
Professar o Cristianismo pode ter como consequências a discriminação, a prisão,
o desaparecimento, a tortura e a execução pública.
‘O Cristianismo
chegou à Coreia em finais do século XVII, mas só no começo do século XX houve
um crescimento significativo, a ponto de a capital, Pionguiangue, passar a ser
conhecida como a Jerusalém do Oriente.
A derrota do Japão
na Segunda Guerra Mundial significou o fim de 35 anos de domínio nipônico na
península coreana (1910-1945). Kim Il-Sung, líder guerrilheiro que os Japoneses
temiam e que se tornou popular entre os seus concidadãos, chegou ao poder e
impôs um regime de ideologia comunista, apoiado pela ex-União Soviética.
De 1950 a 1953, a
Guerra da Coreia foi uma tentativa da Coreia do Norte de invadir e dominar a
Coreia do Sul. Neste período, muitos cristãos tiveram de fugir. Se antes da
guerra o país contava com 500 mil discípulos de Jesus Cristo, dez anos mais
tarde, a presença da Igreja era pouco visível, pois milhares tinham sido
mortos, presos ou levados para áreas remotas. Desde então, a Igreja tem vivido
na clandestinidade.
Perseguição religiosa
Na Coreia do
Norte, atualmente liderada por Kim Jong-un, filho de Kim Il-Sung, a pressão
sobre os cristãos acontece num nível muito elevado em todas as esferas da vida.
O Governo não tolera qualquer atividade religiosa que seja considerada ‘ameaçadora’ à supremacia do Estado, nem
quaisquer missionários. Por isso, neste país asiático é necessário manter a fé
cristã como um segredo bem guardado, não só das autoridades, mas também de
amigos, vizinhos e até mesmo da família. As razões para essa atitude são muito
evidentes : quem for descoberto corre o risco de ser torturado e levado para a
prisão ou campo de trabalho forçado, separado ou juntamente com a família.
Muitos pais, pelo medo de serem descobertos, temem dizer até mesmo aos seus
filhos que são cristãos.
Estima-se que haja
mais de cinquenta mil cristãos presos em campos de trabalhos forçados na Coreia
do Norte. Muitos outros milhares procuraram refúgio em países vizinhos, Coreia
do Sul, China, Mongólia e Rússia.
Há quatro Igrejas
controladas pelo Governo em Pionguiangue – duas protestantes, uma católica e
outra ortodoxa. São usadas pelo regime para mostrar que há liberdade de
religião, mas elas não funcionam como comunidades cristãs. Por não terem
liberdade alguma, são proibidas de produzir ou importar materiais cristãos, por
exemplo, ou de realizar qualquer atividade com jovens ou líderes. As Igrejas
não registadas não podem, simplesmente, existir no país.
Igreja clandestina
O regime da Coreia
do Norte é controlador. É a nação mais fechada do mundo, encabeçando, há 14
anos, a lista da Classificação da Perseguição Religiosa, elaborada anualmente
pela organização cristã internacional Open Doors (Portas Abertas).
Em inquéritos realizados
junto de refugiados que conseguiram escapar do país, há indícios de que, na
região fronteiriça com a China, há uma Igreja clandestina. O culto acontece por
meio de encontros ‘casuais’ de dois
ou três cristãos em algum lugar público. Ali, oram discretamente e trocam
palavras de encorajamento.
O povo coreano não abandona as suas raízes cristãs, apesar da
tenebrosa perseguição de que é alvo. Um relatório recente do
Governo dos EUA dá conta da existência de «inúmeros
casos de membros de Igrejas clandestinas presos, maltratados, torturados ou
mortos devido às suas crenças religiosas».
Desconhece-se
quantos cristãos estão presos na Coreia do Norte. Considerados ‘inimigos’ do Estado, eles não podem, em
momento algum, revelar qualquer prática religiosa, sob risco de poderem ser
presos de imediato. A descoberta de um
simples exemplar da Bíblia em casa é suficiente para que toda a família seja
deportada para um campo de concentração.
Sabe-se da prisão
do missionário sul-coreano Kim Jeong-wook, condenado em Outubro de 2013 a
trabalhos forçados quando procurava dar abrigo e alimentos a norte-coreanos que
tentavam abandonar o país pela fronteira com a China. Nos últimos meses foram
detidos mais cristãos : Kim Dong Chul, um norte-americano, e pelo menos dois
cidadãos sul-coreanos, presos sob a acusação de espionagem. Um deles, Kim
Kuk-gi, de 60 anos, foi detido por «espalhar
propaganda religiosa em igreja clandestina».
O preso 036
Natural do Canadá,
Hyeon Soo Lim foi preso na Coreia do Norte quando desenvolvia trabalho
humanitário. Acusado de conspirar contra o regime, foi condenado a prisão
perpétua com trabalhos forçados. Isolado de todos, nem a Bíblia pode ler.
No início de 2015,
a família perdeu o contato com ele, depois de Soo Lim ter iniciado mais uma viagem
até à Coreia do Norte, onde desenvolvia regularmente trabalho humanitário em
nome da Igreja Presbiteriana da Coreia. Hyeon estava detido. Mas porquê? Este
cristão, de 60 anos, nascido na Coreia do Sul mas com cidadania canadense, ia
com alguma frequência ao mais hermético país do mundo onde a sua Igreja era
responsável pela construção de um orfanato e de lares para idosos. Acusado de ‘atos contra o Estado’, foi condenado a
prisão perpétua com trabalhos forçados.
Agora, sabe-se, o
preso 036 é obrigado a abrir buracos nos terrenos do campo de concentração onde
se encontra, durante oito horas por dia.
No entanto, ele
não tem dúvidas de que no mundo inteiro há milhares de pessoas a rezar por ele.
E pelos norte-coreanos que arriscam a vida só por se manterem fiéis a Cristo.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
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