*Artigo
de Dom Rodolfo Luís Weber,
Arcebispo de Passo Fundo, RS
‘A celebração do
nascimento de São João tem a marca da alegria. A liturgia da Igreja recorda que
João é um dom gratuito de Deus. O nome João significa ‘Deus se mostrou misericordioso’. Isto se mostra de diversas
maneiras : a idade avançada de seus pais, ninguém na família tinha este nome e
seu pai volta a falar quando dá o nome ao filho. Mais tarde, São João irá
preparar e anunciar a presença de Jesus Cristo no meio de nós, uma presença que
marca a história da humanidade. Além da festa religiosa, temos muitas festas
juninas inspiradas em São João, cuja tônica é a simplicidade, a alegria e o
humor.
A festa de São
João provoca uma reflexão sobre o modo como se olha e se avalia a vida e o
mundo. Cotidianamente, ocupa-se muito tempo para comentar as notícias de
violência, corrupção, injustiças, polêmicas. Isto está presente na boca das
pessoas e nos meios de comunicação. Isto é notícia e desperta interesse. Numa
análise mais profunda da realidade e da vida percebe-se que esta é uma parte da
verdade. Ver, julgar, criticar o que está errado é necessário. O profetismo de
São João foi marcado por denúncias e um forte apelo à conversão. Foi um profeta
incômodo e por isso foi martirizado.
Mas também foi o
profeta que apontou em meio às realidades que denunciava uma luz ainda
desconhecida, uma boa notícia, Jesus Cristo. Aquele que se preocupa com os
pobres, que traz liberdade aos oprimidos, anuncia a graça, vive na verdade,
prega a justiça, o amor e a paz. Convoca as pessoas a viverem fraternalmente e
se amarem.
É só olhar ao
nosso redor e perceberemos uma quantidade de gestos de amor, de atenção, de
carinho. Nem é preciso fazer muito esforço. Uma infinidade de gestos
individuais e institucionais de cuidado com a vida das pessoas, do meio
ambiente, dos animais, acontecem permanentemente. Estas ações não requerem, nem
necessitam de publicidade. Olhando na perspectiva cristã, vale a recomendação
de Cristo, que a tua mão esquerda não saiba o bem que fez a mão direita.
Ver o bem
existente é uma questão de justiça para com as pessoas e as instituições. O
reconhecimento gera gratidão, gera emoção por saber que uma pessoa fez uma boa
ação, um auxílio, um favor a alguém. Gratidão é uma espécie de dívida, é querer
agradecer a outra pessoa por ter feito algo muito benéfico para alguém.
Ver e reconhecer o
bem gera otimismo que é necessário para vivermos com as imperfeições nossas,
dos outros e das instituições. O otimismo estimula à ação. É um remédio contra
o azedume que contamina as relações humanas e pinta o mundo com cores falsas.
Se as notícias do
mal são replicadas e amplificadas, com muito mais razão as notícias do bem
devem ser comunicadas, repetidas e amplificadas.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
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