*Artigo
de Padre Bernardino Frutuoso,
Missionário Comboniano
‘O Papa Francisco,
com os seus gestos simples, mas extremamente pedagógicos, não deixa de nos
surpreender. Dias atrás, aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro,
ofereceu um «remédio espiritual» : a misericordina plus. Simbolicamente,
foram distribuídas pequenas embalagens, como as dos medicamentos. Dentro, um
terço e uma imagem de Jesus Misericordioso. A caixa foi distribuída por pobres,
refugiados e sem-abrigo.
Um gesto
semelhante ao que fez em 2013, mas que no contexto do Jubileu da Misericórdia
assume novos significados. Em primeiro lugar, é um presente que nos convida à
oração constante e a viver em atitude mística. Mas é, igualmente, um sinal do
compromisso amoroso dos cristãos com a humanidade, chamados a «difundir o amor, o perdão e a fraternidade».
Nesse mesmo
sentido, a Comissão Nacional Justiça e Paz desafia-nos, na mensagem para esta
Quaresma, a uma atitude de conversão de vida e de ação solidária. O mundo
contemporâneo é «profundamente
assimétrico, inaceitavelmente desigual, marcado por níveis intoleráveis de
injustiça e violência». Por conseguinte, é «urgente não ter medo de olhar e de ver, de ser capaz de prescindir e
partilhar, de amar, de ser compassivo, de viver a misericórdia». E sublinha
o organismo da Conferência Episcopal que estamos chamados a «combater a indiferença», a compreender a
necessidade da ação solidária «perante a
necessidade do vizinho, o silêncio do velho, a impotência da criança, a
invisibilidade da diferença, a exclusão do estrangeiro, a injustiça da
desigualdade».
Neste Ano Jubilar,
o Papa Francisco convida-nos, na mensagem para a Quaresma, a «sair da própria alienação existencial,
graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia». Obras de
misericórdia corporais e espirituais, que «nunca
devem ser separadas». Pois se, «por
meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs
necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras
espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de pecadores : aconselhar,
ensinar, perdoar, admoestar, rezar».
É Páscoa.
Proclamamos que a cruz e a morte não detêm a última palavra. Se Jesus não
tivesse ressuscitado, estaria certamente no panteão dos heróis da humanidade,
mas não teria uma comunidade de seguidores que lembram a sua memória. Mas Ele
ressuscitou, está vivo. Por isso, os cristãos não celebramos com saudade o
passado, mas festejamos com alegria a presença viva de uma Pessoa no nosso
devir histórico. Um caminho de seguimento de Jesus Cristo que se vive na fé
celebrada e partilhada. Que se expressa no serviço aos mais pobres e
marginalizados da sociedade.
Na Páscoa semeamos
esperança. Reafirmamos o nosso compromisso pela Vida. Comprometemo-nos a
construir o Reino de Deus, pois reconhecemos que existem à nossa volta muitos
crucificados pela pobreza, abandono, desespero. Anunciamos que somos Igreja em
saída, como expressou o Papa Francisco : «Prefiro
uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas a uma
Igreja enferma pelo fechamento e comodidade de se agarrar às próprias
seguranças.» Cristo ressuscitado, nosso irmão de caminhada, envia-nos como
audaciosos e alegres missionários da misericórdia e da Vida.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
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