* Artigo de José Rebelo,
Missionário Comboniano
‘Aos 77 anos – fez cinquenta anos de
sacerdócio o mês passado –, o padre Bob McCahill, um norte-americano
missionário de Maryknoll, continua a percorrer os caminhos do Bangladesh como o
Bom Samaritano do Evangelho para ajudar as crianças doentes ou deformadas e
testemunhar a compaixão cristã perante muçulmanos, hindus e budistas.
O seu meio de transporte é uma
bicicleta. Chinesa, claro! A bicicleta ajuda-o a testemunhar o seu amor aos
pobres. Todos os dias faz dezenas e dezenas de quilómetros para visitar as
aldeias do distrito onde reside. Quando o fui visitar, há três anos, passei com
ele uma semana. Pediu emprestada uma bicicleta para eu o poder acompanhar nas
saídas diárias que nos levavam a 25/30 quilómetros de distância. Sempre achei
as distâncias maiores do que ele dizia, porque os caminhos não eram os melhores
– muitos deles feitos com os tijolos maciços rejeitados pelas fábricas onde,
com frequência, há trabalho infantil – e, porque não estando há muito
habituado, o meu dorido traseiro já mal podia tocar o selim.
Cada três anos, o padre Bob muda de
distrito. Neste momento, vive em Hobiganj, uma cidade na zona norte-leste do
país, junto à fronteira com a Índia. O ciclo de três anos, segundo ele, é
geralmente caracterizado pela suspeita, no primeiro ano, confiança, no segundo,
e afeição, no terceiro. É então, para ele, a altura adequada para continuar o
seu ministério de cura noutras paragens onde os cristãos não existem ou são
muito poucos.
Ao chegar a uma localidade, arrenda um
pequeno quarto até montar a sua barraquita onde cabe um beliche (para acolher
os seminaristas que anualmente com ele fazem um mês de estágio ou algum
visitante ocasional, como foi o meu caso), a bicicleta, o fogão de querosene
com um bico, a dúzia de livros de que precisa, e pouco mais. Vive com o mínimo
indispensável. Não tem telemóvel, nem electricidade, pelo que não tem
ventoinha, frigorífico ou nada que exija corrente eléctrica. Diz que «quanto mais simples for a vida, mais fácil é
servir». O
pouco dinheiro de que precisa é doação da sua família alargada.
Tem um estilo de vida ascético e uma
alimentação mais simples do que a dos próprios pobres : consiste em arroz e
vegetais. Não come nem carne nem peixe. Sexta-feira à noite parte para a
capital, Dhaka com as crianças que precisam de tratamento e respectivos
acompanhantes. Passa o sábado nos hospitais. Regressa à base no domingo ou na
segunda, depois de várias horas de viagem.
O padre Bob trabalha na Ásia há quase
meio século. Depois de uma dúzia de anos no Sul das Filipinas, ofereceu-se para
trabalhar no Bangladesh, na altura o país mais pobre do mundo. Já vai em trinta
e oito anos e não pensa em aposentar-se. Considera-se um verdadeiro
evangelizador. Acha que «os actos de
bondade são em si evangelização». Está na linha do que o Papa Francisco
escreveu na sua mensagem para o dia das Comunicações Sociais : que missão é «fazer-se próximo» e ir ao encontro de
quem precisa.
Cada vez mais se ouve – por vezes
defensivamente – que todo o lado é local de missão. E é verdade. As periferias
humanas e geográficas são muitas. Mas há lugares onde seguramente há mais
necessidades, como na Ásia e na África.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
de http
://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EupukAVFFumeVRrEmi
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